O resultado deste trimestre foi fraco para a Mitre, com uma queda significativa na margem bruta e queima de caixa mais alta do que esperávamos. Efeitos não-recorrentes de venda de SPE e o TRS impulsionaram o lucro no trimestre, além de diminuírem a queima de caixa. Apesar dos números negativos, esperamos que os próximos trimestres já mostrem um cenário de recuperação, com reconhecimento mais significativo de projetos com margens mais altas e geração de caixa, dada a expectativa de entrega de 8 empreendimentos até o final do ano. Entendemos que parte da notícia negativa já está precificada no papel, dado o desempenho mais baixo que os pares ao longo do último mês. Assim, esperamos uma reação negativa do mercado em relação aos resultados, mas destacamos que o anúncio de dividendos com yield de 7% pode mascarar esta reação. Seguimos com uma recomendação neutra para o papel, pendente de revisão do nosso modelo dadas as mudanças no cenário macro desde o início do ano.
Detalhamento dos resultados
A receita líquida da Mitre veio abaixo das nossas expectativas, principalmente devido ao mix de reconhecimento de receitas e um ajuste contábil mais alto que o típico (R$ 181m vs R$ 193m esperado). Este efeito contábil, aliado ao repasse incompleto de preços durante o período de inflação alta (afinal de contas, quem conseguiu aumentar os preços em 17% em um ano?) levaram a uma margem mais baixa do que esperávamos (23,7% vs 29,2% esperado). A venda de uma SPE impactou positivamente os resultados em R$ 50m, enquanto a valorização das ações da Mitre levaram a um efeito positivo de R$ 18m no lucro (via TRS). Assim, estes efeitos não-recorrentes levaram o lucro a surpreender positivamente e atingir R$ 56m (vs. R$ 12m sem TRS ou R$ 30m com TRS). Sem estes efeitos, teríamos um lucro muito próximo de 0.
