Eis aqui o dividendo!
Por enquanto, mantemos a nossa recomendação de MANTER. A empresa reportou números sólidos, razoavelmente em linha com nossas estimativas. Como de costume, o grande destaque do trimestre, citamos: I) geração de caixa da empresa em patamares muito interessantes mesmo com o preço do brent em níveis ligeiramente inferiores vs 2T24, II) bom andamento na entrada operacional das FPSOs Maria Quitéria (começou a produção Out/24), FPSO Marechal Duque de Caxias (entrou em operação Out/24) e chegada ao Brasil da FPSO Almirante Tamandaré também no mês de Outubro. A capacidade total de produção de todas essas FPSOs somadas é de 505k bped (estamos falando de capacidade e não necessariamente geração efetiva desses volumes, importante ressaltar). Em nossa interpretação, a chegada de tais ativos indicam um possibilidade da produção esperada ser ligeiramente maior que aquela considera no seu guidance de produção (atualmente em 2,8-3,2 milhões entre 2024-2028) e, finalmente, III) Dividendos relevantes, R$17,1 bilhões (R$1,31/ação, acima das nossas estimativas), IV) forte geração de caixa e V) margens de refino sob pressão, sendo mais do que compensadas pelo segmento de E&P.
Aos atuais níveis de preço, vemos PETR4 negociando a 2,7x EV/EBITDA 25E e com rendimento em dividendos 2024E esperado de 16% (considerando algum pagamento extraordinário). Julgamos números interessantes e razoáveis tendo em vista o risco-retorno de se investir em uma petroleira estatal. Dito isso, seguimos com a recomendação inalterada. Ressaltamos que após a divulgação deste resultado trimestre, todos os olhos do mercado deve se voltar para o Planejamento Estratégico 2025-2029E. Neste evento devem ser divulgadas novas informações referentes a produção, investimentos e política de dividendos da empresa para os próximos anos, dessa vez finalmente sob a gestão da nova presidente da empresa.
A geração de caixa livre (Fluxo de caixa operacional – Investimentos) fechou em patamares muito interessantes: R$38 bilhões. Tal valor representa um rendimento de 8% no trimestre e 32% e termos anualizados (fluxo de caixa/valor de mercado da empresa), interessante e em linha com o esperado por uma petroleira madura no estágio de produção e com o atual nível de preços do petróleo. Acreditamos que essa linha é uma das mais sensíveis da tese da Petrobras tendo em vista os riscos de investimentos inapropriados, subsídios diversos, etc. O grande temor permanece no uso desses recursos com foco de acelerar a transição energética em projetos que julgamos pouco interessante tendo em vista os grandes retornos do segmento de E&P, especialmente o pré-sal e a margem equatorial. Por enquanto, preferimos ter maior clareza em relação ao case e aguardar o próximo planejamento estratégico da empresa a ser divulgado ainda em Novembro (esperamos).
Indo ao que interessa: Dividendos!
A empresa anunciou um volume em dividendos de R$1,32/ação a serem pagos em duas parcelas (R$0,66 em 20/02/2025 R$0,66 em 20/03/2025). Tal volume de dividendos implica em um rendimento de 3,7% em relação ao preço de fechamento no dia de hoje. Terão direito ao dividendos os acionistas com posição na empresa até dia 23/12. Não houve recompra de ações no trimestre. Tal valor não implica na distribuição de dividendos extraordinários. Considerando todos os dividendos anunciados ao longo de 2024, a empresa já distribuiu R$3,26/ação, implicando em um rendimento de 9,2% até o momento.
Uma vez mais, citamos a evolução da dívida bruta, que alcançou US$59,1 (vs US$59,6 bilhões no 2T24). Julgamos esse movimento como positivo para tese da empresa tendo em vista a evolução desse indicador ao longo dos últimos trimestres (dívida bruta era de apenas US$53,3 bilhões no 1T23). Julgamos o acompanhando desse ponto como importante tendo em vista a atual política de dividendos, que só é válida caso a dívida bruta não ultrapasse US$65 bilhões. Ou seja, esse pequeno decréscimo na dívida bruta trás, ao menos por enquanto, um certo conforto em relação a pagamento de dividendos. Lembramos uma vez mais que o atual fórmula de pagamento de dividendos só é válida desde que a dívida bruta não ultrapasse US$65 bilhões. Sendo assim, a evolução da dívida bruta fica sendo outro ponto de atenção a ser acompanhando daqui por diante. A dívida líquida ficou em US$44 bilhões, implicando em uma relação 0,95x Dívida Líquida/EBITDA 12M. Acreditamos que existe espaço para pagamento de dividendos extraordinários com o atual nível de alavancagem da empresa e a não distribuição desses recursos pode ser considerado um indicativo negativo no que diz respeito
Como grande incertezas a tese, citamos: I) deságio em relação aos preços de paridade internacional, II) Investimentos em novas refinarias, mesmo com o passado controverso no desenvolvimento das mesmas, III) aumento do uso da empresa como apoio para políticas de conteúdo nacional, o que deve pressionar a linha de investimentos da empresa, IV) rumores/possibilidade de uso da empresa para recompra de ativos previamente vendidos (refinarias, BR Distribuidora/Vibra, Braskem, Eletrobrás etc.) e V) plano de investimentos 2025.
Detalhamento do Resultado 3T24
Resultado da empresa ficou razoavelmente em linha com as nossas estimativas. A receita totalizou R$129 bilhões no 3T24, ligeiramente abaixo das nossas estimativas. No segmento de E&P, O brent realizado foi de US$80,2 (vs 84,9/barril no 2T24), razoavelmente em linha com o preço praticado ao longo de todo ano e em nossas estimativas. As receita no segmento de Exploração & Produção alcançaram R$85 bilhões (-1,8% vs 2T24), devido a ligeira queda no preço do brent. No segmento de Refino, Transporte e Comercialização (“RTC”), a receita alcançou R$119 bilhões (-1,5% vs 3T23). O preço dos derivados básicos para o mercado interno declinou para R$484/derivado (vs R$502/derivado no 2T24), refletindo preços praticados menos interessantes ao longo do trimestre, refletindo em margens mais apertadas, principalmente no diesel.
O EBITDA consolidado recorrente ficou em R$64 bilhões e com uma geração de caixa livre recorrente (fluxo de caixa operacional – Investimentos) de R$38 bilhões. As despesas operacionais totalizaram R$19 bilhões (vs R$17 bilhões no 3T23), sem nenhum impacto não-recorrente relevante como no 2T24.
Os investimentos foram de US$4,5 bilhões (vs US$3,4 bilhões no 2T24), sendo 84% desse valor focado no segmento de Exploração & Produção – em linha com o atual plano de negócios da empresa. Como antecipamos, os investimentos esperados para 2024 foram revistos para US$16,0 bilhões vs nossa estimativa anterior de US$17,5 bilhões (que ja era subestimado em relação ao Planejamento Estratégico da empresa). Assim, a empresa apresenta no 3T24, com um lucro de R$32 bilhões.