Conclusão. Em linhas gerais, gostamos do movimento feito pela empresa. Primeiro por se tratar de um movimento de M&A distinto ao tradicional da industria, que tem no seu DNA a aquisição de campos velhos com foco em redesenvolvimento. Segundo, o valor implícito da aquisição parece ser muito razoável tendo em vista as potencialidades de destravamento de valor do case, como: I) consolidação dos resultados remanescentes de 5% do cluster de Polvo + Tubarão Martelo (que a Prio já detém 95% de participação), II) todo resultado futuro do redesenvolvimento/aumento de produção do cluster, III) créditos tributários relacionados à prejuizos acumulados da Dommo (que já se chamou OGX no passado…) na casa dos R$7 bilhões que devem ser apropriados aos resultados da empresa via abatimento do seu imposto de renda nos próximos anos (a ser confirmado o valor exato e o cronograma de apropriação de tal desembolso). Ou seja, apesar de ainda ser cedo para estimarmos o valor exato a ser gerado pela transação, tendo em vista o valuation implícito da transação vs as alavancas de valor a serem exploradas e os valores preliminares ao redor do evento, temos um viés positivo da aquisição.
O fato. Via fato relevante, a Prio anunciou um memorando de entendimento para aquisição da Dommo Energia (antiga OGX). Os acionistas da Dommo poderão escolher entre duas maneiras para concluir o negócio: I) Via incorporação das ações da Dommo pela Prio na proporção de 0,05x PRIO3 x 1 DMMO3 (ou seja, 1 ação da Prio por 20 ações da Dommo Energia), implicando em uma avaliação de R$1,2 bilhões e uma diluição de 2,8% da atual base de acionistas caso esse cenário venha a se materializar ou II) R$1,85/ação a ser pago 90 dias após a implementação da transação (equivalente a R$943 milhões). O memorando assinado garante as partes o compromisso de exclusividade na negociação pelos próximos seis meses. Vale lembrar que tal transação estaria sujeita a aprovação do CADE, o orgão anti-truste brasileiro.
Qual o racional da aquisição? Antes de mais nada, é importante entender o contexto operacional da Dommo. A empresa tem como única fonte de receita o equivalente a 5% de royalties da operação do Cluster de Polvo + Tubarão Martelo, atualmente operado pela própria Prio. Ou seja, com a consolidação do ativo, a empresa deverá ter direito a toda a receita dos 17,5k bpd produzidos. Além disso, vale mencionar que a empresa segue em campanha de redesenvolvimento no cluster e todo o aumento da produtividade após o fechamento da operação deverá ser totalmente apropriado pelo acionista da Petrorio. Em segundo lugar, de acordo com o fluxo de notícias, a Dommo teria créditos tributários referentes a prejuizos acumulados (ela se chamava OGX antes de se chammar Dommo… lembra da história da OGX?) de pelo menos R$7 bilhões. Tal valor não deve ser observado em absoluto à medida que ele deve ser amortizado ao longo de anos e de acordo com a evolução dos lucros pré-imposto de renda da empresa. Ou seja, por se tratar de crédito, tal valor deve atuar como um redutor do imposto de renda a ser pago do lucro tributável da empresa nos anos seguintes. Esperamos da empresa maiores informações sobre os valores exatos a serem creditados e o cronograma esperado desse desembolso para realizar contas mais precisas.