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    Publicado em 10 de Março às 00:23:01

    Valid (VLID3) | 4T21: Impulsionado pela competição entre clientes e recuperação pós-pandemia

    O 4T21 mostra uma nova Valid em franca recuperação, após a completa troca de management, restruturação de capital e dívida por conta das dificuldades da queda de volumes que a pandemia trouxe e reformulação da estratégia da empresa com uma diversificação de produtos e região mais enxuta e focada em rentabilidade.

    O EBITDA da Valid de R$ 99,9m cresceu 98% a/a (estável t/t), em linha com nossas expectativas, impulsionado pela retomada dos volumes. As receitas seguiram crescendo com a normalização da emissão de documentos, continuidade da grande emissão de cartões bancários dada a competição entre bancos e fintechs e continuidade da expansão nas iniciativas digitais da Valid. Já o lucro foi impactado negativamente pelo resultado financeiro, pressionado pela variação cambial de um mútuo que a Valid possui com sua filial no exterior.

    Está certo que um pouco desse resultado foi ajudado pela volta dos volumes, mas boa parte pode ser atribuída pelo turnaround da empresa.  A pequena evolução da receita de 13% a/a em 2021, mostra quão sensíveis são as margens e rentabilidade dos volumes, podendo levar o resultado final variar entre céu e inferno. Em 2020, as receitas caíram míseros 3% a/a por conta da pandemia, levando a Valid a reportar um prejuízo de R$ 202m. Isso porque a grande queda de receita de -46% foi concentrada na unidade VBS, que é responsável pelo seu produto mais rentável, a emissão do CNH. Agora, com um foco maior em rentabilidade e diversificação em linhas mais direcionadas ao resultado, mas com o viés irreversível da digitalização, acreditamos que a Valid está na direção certa para retomada de crescimento e rentabilidade.

    Por fim, a nova regra da unificação nacional do RG deve ser benéfica para as receitas e margens da companhia nos próximos anos, ajudando a mitigar o impacto nocivo a partir de 2026 da extensão do prazo do CNH de 5 para 10 anos (vide relatório: Por que a Valid disparou? Identifique-se!).

    Receitas: sob ventos favoráveis

    As receitas da Valid cresceram 8,4% a/a (estáveis t/t). A receita anual foi a maior da história da companhia, avançado 13,4% em relação a 2020. O resultado de 2020 foi impactado pela paralisação da emissão de documentos em função da pandemia. Contudo, a recuperação de 2021 não se deve somente a fraca base de comparação. A companhia teve avanços significativos nos segmentos VBS (cartões) e VDS (soluções digitais).

    Responsável pela emissão de cartões bancários, as receitas do VBS foram impulsionadas pela maior competição entre bancos e fintechs. O VDS é o segmento de iniciativas digitais da Valid, que vem apresentando crescimento de 32% a/a. Dentro do VDS, todos os produtos tiveram crescimento de receita em 2021. A Valid Pay, que contém soluções de pagamento cresceu 92,3% a/a em 2021. A Valid Link, frente de selos de rastreabilidade, teve avanço de 21,6% a/a. A Valid ID, que oferece certificação digital, avançou 18,2% a/a. Por fim, a Valid Cities, que dispões de ferramentas para gestão de cidades, cresceu 133,7%.

    Para 2022 seguimos otimistas com o avanço de receitas. No VGS, segmento emissão de documentos, as emissões de carteiras de identidades (RG) e CNHs devem continuar sendo impulsionadas pelo represamento que ocorreu durante a pandemia. Já no VBS esperamos uma continuidade da alta demanda de cartões bancários com a ainda forte competição no segmento.

    Como as CNHs tem prazo de validade, os volumes que deixaram de ser emitidos na pandemia deverão ser emitidos ao longo de 2022 e 2023. Os detrans mantiveram a validade de CNHs que venceriam na pandemia, mas estabeleceram um cronograma para a regularização que se estende até 2023. Estimamos que 10m de CNHs tenham deixado de ser emitidas. Além disso, estimamos que somente a emissão de CNH represente 40% do EBITDA da companhia. Por ter margens mais elevadas, o incremento no volume de CNHs emitidas deve continuar contribuindo para as margens de Valid.

    EBITDA: imprimindo crescimento, mas com boas margens

    Apesar de ainda estar se recuperando do resultado impactado pela pandemia em 2020, a Valid já obteve uma margem EBITDA normalizada recorde em 2021 de 15,1%. No 4T21 a empresa teve uma margem EBITDA normalizada de 17,1% (vs. 16,8% no 3T21). O EBITDA normalizado foi de R$ 99,9m no trimestre, um crescimento de 99% a/a e flat (em linha) t/t.

    A melhora de margem no resultado consolidado veio principalmente do VGS (emissão de documentos) e do VBS (emissão de cartões). No VGS, a margem EBITDA no 4T21 foi de 42,9% (vs. 35,9% no 3T21). Já no VBS, a margem foi de 12,7% no trimestre (vs. 8% no 3T21).

    Internacional: resultado mais fraco

    No 4T21 as receitas internacionais tiveram uma queda de 0,3% a/a e ficaram estáveis t/t. Nos Estados Unidos, a receita caiu 7,3% a/a devido à emissão mais fraca de cartões. O resultado das operações internacionais foi salvo pelo segmento Telco, que faz a emissão de SIM Cards (chips telefônicos). As receitas de Telco tiveram crescimento de 12,9% t/t e 8,8% a/a, impulsionadas principalmente pelo câmbio.

    Resultado financeiro: detrator do lucro  

    O resultado financeiro de R$ 19,1m negativos (vs. R$ 1,1m positivos no 3T21) foi o principal detrator do lucro no trimestre. Assim como no restante do ano, o resultado financeiro foi impactado pela variação cambial dos mútuos intercompany (com filiais no exterior). Apesar do impacto cambial negativo no 4T21, a apreciação do real no início de 2022 pode contribuir para melhorar o resultado de Valid no 1T22.

    A companhia fez um bom trabalho no alongamento (reperfilamento) de sua dívida, tendo alongado os prazos para pagamento do principal e quitado parte de suas obrigações. A Valid encerrou o ano com um índice de endividamento (dívida líquida/EBITDA) de 1,8x, muito abaixo do que esperávamos quando iniciamos a cobertura em out/21.

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