Em agosto, houve criação líquida de 220,8 mil postos de trabalho formal, resultado melhor do que o esperado pelo mercado, cujo consenso era de criação de 173,0 mil vagas (Broadcast+). O resultado no mês decorreu da combinação entre a admissão de 2,1 milhões e demissão de 1,88 milhão de trabalhadores no período. No mesmo mês do ano anterior, o saldo foi positivo em 288,1 mil vagas, redução de 23,3% do saldo líquido de vagas. O resultado de agosto reforça a visão de que o mercado de trabalho segue resiliente, mesmo diante de um cenário econômico marcado por uma política monetária significativamente contracionista, com destaque para o setor de serviços que vem liderando esse processo. No ano, o saldo líquido de emprego formal é positivo em 1,4 milhão de vagas, ante 1,9 milhão no mesmo período do ano anterior.
Em agosto, todos os grandes grupos de atividade registraram saldos positivos. Vale destacar que o bom desempenho segue sendo liderado pelo setor de Serviços (114,4 mil), com destaque para as atividades ligadas à Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (43,5 mil). Além disso, o bom desempenho no mês também foi reflexo dos resultados observados na Construção, que adicionou 28,4 mil vagas, e Comércio, que contribuiu com 41,8 mil postos de trabalho no mês. Vale destacar que estes setores devem se beneficiar nas próximas leituras diante da melhora das expectativas dos empresários em função do início do ciclo de corte de juros e a retomada de obras públicas nos próximos meses.
No acumulado em 12 meses, o saldo total de vagas recuou 3,7% na passagem de julho para agosto (queda de 57,8 mil postos de trabalho), dando continuidade à trajetória de desaceleração que vem sendo observada desde abr/23. Os principais destaques vão para a Indústria, que recuou 15,4% (-21,7 mil) em relação o mês imediatamente anterior, diante do recuo de 18,4% do saldo em 12 meses da indústria de transformação. Além disso, vale destacar também o desempenho do setor de Serviços (-2,9% e -26,7 mil), que vem desacelerando nesta métrica desde jun/22, diante do esgotamento do processo de recuperação do setor no período pós pandemia.
No que diz respeito à modernização trabalhista, em agosto de 2023 houve saldo positivo de 47,2 mil empregos em trabalho não típicos (inclui trabalhadores aprendizes, intermitentes, temporários, contratados por CAEPF e com carga horária de até 30 horas), resultado de 297,67 mil admissões e 250,3 mil desligamentos.
Em relação ao salário médio de admissão, houve estabilidade na comparação mensal e anual, ao marcar R$ 2.037,90 em agosto, ante 2.036,63 em julho. Já o salário médio de demissão apresentou estabilidade na comparação mensal e crescimento de 2,4% na comparação anual, ficando em R$ 2.121,90, ante R$2.120,41 no mês imediatamente anterior.
Apesar da redução do ritmo de criação de vagas, que passou de 1,9 milhão entre janeiro e agosto de 2022, para 1,4 milhão para o mesmo período em 2023, o mercado de trabalho segue resiliente mesmo em um ambiente marcado por uma política monetária restritiva. Nesse sentido, o ritmo de arrefecimento do mercado de trabalho vem sendo mais lento do que o antecipado, com destaque para surpresas significativamente positivas nos meses de fevereiro, março e agosto. Entretanto, parte do bom desempenho no saldo de emprego formal realizado até agora está relacionado com o setor de serviços, refletindo a combinação entre o reajuste do salário-mínimo, o aumento das transferências de renda pelo governo e a moderação do processo inflacionário, sobretudo em itens de consumo mais essenciais que impactam positivamente o setor de serviços, contribuindo para a resiliência da criação de vagas no setor. Entretanto, vale destacar que os indicadores apontam para sinais de desaceleração, em linha com o esgotamento do processo de recuperação dos subgrupos de serviços e do elevado nível que o setor de serviços se encontra.
