O IBGE divulgou ontem o IPCA do mês de setembro, que atingiu 0,26% no mês e 5,12% em doze meses. O índice veio um pouco abaixo das expectativas dos analistas que apontavam para uma inflação de 0,32% no mês. O índice teve pontos positivos e negativos. Por um lado, a média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central retomou a trajetória de desaceleração (0,22% m/m, ante 0,28% em agosto) e o índice de difusão geral recuou consideravelmente para 42,7% (ante 53,1% em agosto). Por outro, os preços de serviços voltaram a acelerar, puxados pelas passagens aéreas. Além disso, os serviços subjacentes (0,33% m/m, ante 0,14% m/m) e os intensivos em trabalho (0,55% m/m, ante 0,38% m/m) apresentaram contribuições altistas.

Apesar do movimento negativo da inflação de serviços, a composição do IPCA de setembro apresentou uma configuração positiva. O forte recuo dos índices de difusão (geral e serviços) mostra que as pressões inflacionárias estão bem mais contidas do que no início do ano e que os itens diretamente afetados pela ação da política monetária se encontram em pleno processo de desinflação. O resultado de setembro também mostra que a inflação cheia do mês se deveu basicamente a alta nos preços dos combustíveis (diesel e gasolina), e de alguns serviços como passagens aéreas, diretamente impactada pela subida nos preços do querosene de aviação. Dessa forma, a trajetória da inflação daqui até o final do ano tem como o seu maior risco altista as cotações do barril de petróleo.

Por fim, o Banco Central elencou três fatores para acelerar a queda na taxa de juro: a abertura mais contundente do hiato, a reancoragem sólida das expectativas e a dinâmica mais benigna para a inflação de serviços. Nesse contexto, como a inflação de serviços continua em patamar elevado, cerca de 5% na comparação anual, avaliamos que o BC manterá o ritmo de 0,5 pontos nas próximas reuniões.