Assista ao vídeo sobre este relatório!
Nas 3 empresas analisadas, a Oi é a que menor agregaria valor utilizando a tecnologia do 5G, tendo em vista seu foco especificamente na expansão de fibra óptica e seu plano de reestruturação, considerando até a venda de seus ativos móveis. No curto prazo, a mais beneficiada seria a Vivo pela sua forte dominância com a tecnologia de fibra óptica que é extremamente compatível às redes 5G. Já no longo prazo, a TIM tiraria as melhores sinergias do negócio: com marketshare atual baixo em fibra, há espaço de crescimento nesse setor ao mesmo tempo em que o 5G começaria a ser implementando e, assim, ambas as infraestruturas poderiam ser consideradas conjuntamente aproveitando o melhor dos dois mundos (diferentemente do caso da Vivo, em que os projetos de fibra foram realizados independentemente da adoção do 5G).
Entendendo o 5G
O 5G é a mais recente tecnologia dos serviços móveis que vem para suceder o 4G. A letra G se refere à Geração e o 5G é a Quinta Geração que promete mudanças ainda mais intensas na sociedade. Antes de falarmos sobre o que é de fato o 5G, precisamos entender o que temos hoje e como essa tecnologia pode alterar nossa realidade e as nossas experiências futuras.
A geração mais disseminada e bem sucedida dos serviços móveis é o 4G LTE (Long-Term Evolution) que possibilitou uma grande imersão dos usuários aos mais diversos conteúdos da rede através do acesso via celular que antes não eram possíveis devido às limitações tecnológicas. Assistir, por exemplo, canais de streaming era inviável nas gerações móveis anteriores, tendo em vista a capacidade limitada de dados que poderiam ser recebidos. Dessa forma, com o 4G vimos o crescimento incessante de serviços que dependem de uma conexão mais rápida e que hoje são amplamente empregados em nosso cotidiano.
Um fator relevante é que o 5G se relaciona fortemente com a tecnologia de fibra óptica utilizada em banda larga fixa e em toda a infraestrutura. Ela possibilita que a comunicação entre as torres de transmissão seja feita de maneira mais veloz quando comparada com o cobre, que possui menor qualidade e maior interferência. Assim, o 5G deve acompanhar uma tecnologia compatível, que no caso seria a fibra.
Com o 5G, essa gama de serviços pode aumentar ainda mais. Ideias que eram antigamente consideradas como distantes, podem estar cada vez mais próximas de ser tornarem uma realidade, como veículos autônomos e aplicações vinculadas a Internet das Coisas (IoT).
Comunicação celular: do 1G ao 5G
Aqui vamos ver o que mudou geração a geração e como a necessidade dos consumidores permearam as mudanças observadas:
1G: A primeira geração
Foi lançado nos anos 80, com o chamado 1G (Primeira Geração), onde houve o surgimento da Estrutura Celular, que nada mais foi que a divisão física de uma certa região em células, dentro das quais o sinal de rádio era coletado pelas estações de base (Base Station). A ilustração abaixo exibe como essa ideia ainda é utilizada nos dias de hoje. Destaca-se como a informação é levada desde o transmissor até o receptor e como as torres de transmissão (estações de base) funcionam sendo intermediárias. Foi nessa época que os “grandes” celulares começaram a ser usados, os famosos “tijolões” do período. A principal função era a de telefonia e a comunicação era viabilizada por sinais analógicos (contínuos), altamente suscetíveis a ruídos e interferências e, consequentemente, perdas de qualidade dos sinais.
Como analogia imagine uma estrada. Cada ligação e as suas informações são representadas por um caminhão. Para que um caminhão chegue até um certo destino, ele precisa passar por uma estrada. Se houver muitos caminhões na mesma via pode haver interferências e colisões que afetam toda a qualidade do sistema. Dessa maneira, imaginemos que essa estrada fosse dividida em várias mini-estradas. Essa é a ideia de FDMA (Frequency Division Multiple Access), que permite que múltiplos caminhões possam transitar sem se prejudicarem. O processo de escolha de qual via pegar, é o que chamamos FM (Frequency Modulation). Esses foram alguns dos exemplos de tecnologias empregadas no 1G.
2G: A introdução dos SMS
Surgido nos anos 90, foi nesta geração que tivemos o padrão GSM (Global System for Mobile Communications) que padronizou o sistema de transmissão digital de voz, melhorando a qualidade de áudio ao mesmo tempo que reduzia ruídos. A transmissão se tornou digital, o que foi uma revolução frente ao 1G, permitindo o emprego de soluções mais sofisticadas e melhorando a qualidade como um todo. Em se tratando de um mecanismo digital, isto possibilitou a utilização do chamado CDMA (Code Division Multiple Access) que, diferentemente do FDMA, fez com que os “caminhões” nesse caso tivessem que passar por uma espécie de controle, em que somente os caminhões autorizados poderiam continuar viagem.
Ainda nesta geração, tivemos o surgimento do SMS (Short Message Service). Aqui, a capacidade de download estava entre 10k e 384kbps (bits por segundo, quantidade de informação ou bits por unidade de tempo). Para se ter uma dimensão da velocidade que isto representa, vamos supor que tenhamos um arquivo de 100 MB (Mega-Byte, 1 Byte = 8 bits, note a diferença de B de Bytes e b de bits) para fazer download. Na velocidade de 50 kbps, teríamos que esperar cerca de 4h30 para o download. Dessa maneira, a necessidade de velocidades mais altas se tornaram cada vez mais evidentes.
3G: Focado na comunicação de dados
O 3G começou a ser utilizado já nos anos 2000, com uma mudança de objetivo. Enquanto nas duas primeiras gerações houve foco nos serviços de telefonia, no 3G o alvo era a comunicação de dados. Aqui, o principal diferencial foi a evolução técnica nos sistemas de modulação, onde mais dados podiam ser transmitidos com a mesma quantidade de recursos, ainda utilizando o CDMA.
A melhora na taxa de dados foi nítida, alcançando cerca de 2 Mbps e, nos anos posteriores, até 10 Mbps. Utilizando o mesmo arquivo de 100 MB do exemplo anterior, desta vez, com a velocidade de 10 Mbps, seria possível fazer o download em apenas 80s. Pode-se dizer que o 3G foi um grande propulsor dos smartphones e dos iPhones que conhecemos hoje, que possibilitaram o emprego de diversas aplicações que se tornaram rotineiras e fundamentais. Vale ressaltar que, os iPhones surgiram com o 2G, mas se tornaram cada mais populares nas gerações seguintes.
4G: A geração mais bem-sucedida
Com foco prioritário em dados, o 4G começou a ser empregado desde 2010 e se tornou a geração mais utilizada no globo, com mais de 7,5 bilhões de usuários. Aqui, houve o emprego do padrão LTE (Long-Term Evolution), único padrão utilizado no mundo.
A razão para a dominação do 4G no mundo foi que ela possibilitou velocidade ainda mais alta, com comunicação em tempo real e a uma gama de serviços nunca vista. A largura de banda foi de 5 MHz no 3G para cerca de 20 MHz no 4G, mas isto se demonstrou um desafio, pois a tecnologia CDMA não era mais capaz de lidar com uma banda maior. Dessa maneira, surgiu o OFDMA (Orthogonal Frequency Division Multiple Access), que veio para solucionar a limitação do CDMA.
Essa mudança tecnológica foi fundamental para o desenvolvimento e consolidação do 4G e foi considerada uma revolução comparada à geração passada. Além disso, no 4G há a utilização de redundâncias do mesmo sinal para aumentar a qualidade da onda recebida com a utilização de múltiplas antenas. Outra grande mudança foi a adoção no LTE de apenas um protocolo (IP) tanto para voz quanto para dados, contrastando com o 3G que utilizava dois protocolos diferentes cada um dos serviços. Com o 4G, podemos alcançar velocidades cada vez mais altas, de até 1 Gbps. No mesmo exemplo dos 100 MB, isto levaria 0,8s de download, um avanço brutal frente às gerações anteriores. Tais velocidades permitiram a utilização de serviços de multimídia com alta qualidade, com destaque aos serviços de streaming, video-conferência, lives entre outros.
5G: Tornando um sonho distante em realidade
O grande diferencial do 5G se refere às bandas de frequências em que pode operar. Elas são geralmente divididas em 3 regiões: Banda Baixa (Low-Band) que contempla as faixas de 600 a 850 MHz, Banda Média (Mid-Band) dos 2.5 a 3.7 GHz e Banda Alta (High-Band) dos 25 a 37 GHz, esta última chamada de mmWave.
Mas afinal, o que são essas bandas? Vamos pensar no caso de companhias aéreas. As empresas precisam adquirir slots para deixar seus aviões e, assim, realizar o voo. Esses slots são adquiridos via leilão e a sua concessão é cedida por uma determinada quantidade de tempo. Para os serviços móveis, tais slots seriam as bandas de frequências, região nas quais as operadoras poderiam funcionar, ou seja, sem esses slots, o serviço de 5G não é possível.
Essas frequências do 5G possibilitam obter velocidades de dados mais altas que as do 4G, podendo alcançar até 20 Gbps. Isso significa que, serviços sensíveis à latência (demora de resposta) podem ter encontrado uma boa solução para esta restrição. Uma das desvantagens é o alcance do 5G, que possui menor poder de penetração a objetos sendo extremamente atenuado na presença de obstáculos. A perda de dados apresenta forte dependência com a frequência e, dessa forma, diversos mecanismos podem ser utilizados para otimizar a conectividade.
Como consequência, existe a necessidade de mais estações de base (torres de transmissão) dentro de uma mesma área, aumentando os custos com infraestrutura, mas garantindo velocidades altas. Ao mesmo tempo, o 5G pode substituir a necessidade de utilização de fibra óptica para banda larga, já que consegue suprir a maioria das necessidades do consumidor médio. No caso da necessidade de conexões mais estáveis com baixas oscilações, a fibra óptica ainda surge como uma opção mais viável devido ao modo como a transmissão/recepção dos sinais é feita, sendo conveniente para gamers, streamers, lives, etc.
O 5G é uma tecnologia que permite a adoção de novas ideias, que vai estar presente, quando necessária, para atender às próximas inovações tecnológicas. Dentre elas, podemos destacar os veículos autônomos, máquinas agrícolas inteligentes, aplicações de IoT, entre outros.
Muito se fala sobre os possíveis perigos dessa tecnologia, se ela traz ou não riscos à saúde entre outras ameaças. O que se sabe até agora é que não há evidência científica dos danos causados por essa tecnologia para o nosso DNA. Para que o 5G trouxesse algum perigo real pelo menos no que se refere à capacidade de causar mutações no DNA humano, seria necessário que ela trabalhasse num espectro de altíssimas frequências (ou baixíssimos comprimentos de onda), na zona em que chamamos ionizante. Na figura acima conseguimos observar o espectro eletromagnético. Nas mais altas frequências, por exemplo, na faixa dos 300 GHz, o comprimento de onda seria cerca de 1mm (mmWave) e, como podemos observar, bem longe do espectro ionizante e, portanto, sem capacidade de causar mutações genéticas em nossos DNAs. Mais informações sobre isso podem ser encontradas no canal do Youtube “Electroboom” sobre 5G e nos links das descrições de seus vídeos, com relatórios mais profundos sobre estas análises.
Como o 5G afeta as empresas de Telecom?
Dentro desta seção, analisaremos caso a caso as empresas de telecomunicações que cobrimos, dentre as quais estão a Oi, que passa por um processo mais delicado em recuperação judicial e as duas grandes do setor de serviços móveis com capitais abertos: a TIM e a Vivo (Telefônica).
Oi (OIBR3) e seu Plano de Reestruturação
Considerando a atual situação que a companhia se encontra, em processo de recuperação judicial, sua maior prioridade é a resolução dos grandes passivos que possui, sobretudo a alta dívida que atualmente está em torno de R$ 29 bi. Por conta disso, a Oi está em processo de alienação (venda) de seus ativos móveis para as grandes do setor de telecomunicações (Vivo, TIM e Claro). Na figura abaixo é possível visualizar o marketshare das operadoras de celular no Brasil, contemplando a situação atual da Oi e o cenário em que a alienação foi bem-sucedida (supondo uma repartição igualitária entre as companhias). Além da resolução dos seus passivos, o principal pilar da sua reestruturação está em serviços de fibra óptica, fundamental para que a alta velocidade do 5G seja utilizada em potencial máximo.
Tendo em vista o interesse da própria Oi pela venda desses ativos, o 5G aparenta não ter nenhum valor para a companhia. Porém, isto não é totalmente verdade. Com a aquisição de alguns dos espectros do 5G, a empresa poderá realizar negociações futuras e tirar proveito disso. Mas, por enquanto, as negociações não foram concretizadas, e o 5G continuaria a ser um ponto a ser considerado para altas taxas de transmissão de dados visando uma maior gama de serviços para seus clientes.
Vale ressaltar ainda a importância da dupla 5G-fibra: a velocidade de recepção dos sinais móveis via estações de rádio são transmitidas a outras unidades via cabos de fibra, que garantem velocidades altas e compatíveis com o que se propõe no 5G. Além disso, áreas remotas onde a fibra não consegue acessar podem obter conexão via 5G usando o espectro de frequências mais baixas, que trafegam distâncias mais longas enquanto fornecem velocidades altas.
Em informações dadas pelo CEO, a Oi não deve participar do leilão para a faixa de frequência dos 3.5 GHz, porém, para as demais, tanto a Oi quanto a V.Tal (responsável pela infraestrutura neutra de fibra óptica) enxergam potencial de participação.
Dessa forma, olhando as possibilidades trazidas do 5G, notamos um potencial de adição de valor, porém não de forma tão significativa quanto na TIM e VIVO, que discutiremos a seguir.
TIM (TIMS3): Atacando em duas frentes
Diferentemente da Oi, a TIM já deixou mais que explícito seu desejo de participar do leilão do 5G, principalmente na faixa dos 3.5 GHz. O enfoque é mais para companhias do que diretamente para pessoa física. Esses serviços estão vinculados ao chamado B2B2C (Business-to-Business-to-Customer), onde empresas contratam os serviços de 5G da TIM, por exemplo, e enviam o produto ou serviço ao consumidor final.
Um exemplo seria o dos veículos autônomos, onde empresas automobilísticas buscariam parcerias com a TIM para possibilitar que a conexão seja feita sob latências baixas através do 5G. Assim, o consumidor usufruiria de um novo produto proveniente do B2B2C.
A Telemedicina seria outro ramo que também se beneficiaria do serviço. Um cirurgião poderia realizar procedimentos delicados num paciente através de máquinas com latência baixa, utilizando-se da associação do hospital com os serviços da TIM.
No ramo B2B, haveria a relação clássica em que um negócio contrataria o serviço da TIM para realizar certas atividades. Imaginemos um fazendeiro que através de uma parceria com a TIM, consegue operar máquinas remotamente para realizar a colheita.
Como vimos, o 5G trará mudanças nas relações entre pessoas jurídicas de maneira mais perceptível, tendo em vista as possibilidades tanto do B2B quanto do B2B2C. Já para pessoa física, a principal transformação seria com relação à banda larga residencial que, em vez de utilizar apenas os serviços de fibra (desconsiderando as linhas de cobre), haveria a possibilidade de utilizar a rede do 5G, através de um modem de 5G conectado a um roteador WiFi. Isso já atenderia em grande parte as demandas residenciais, exceto em alguns casos específicos como já discutimos. Vale ressaltar que, a possibilidade de fornecer banda larga através de outro mecanismo diferente da fibra, aumenta o arsenal de opções que a TIM possui para propiciar tais serviços, onde serão vistos muito mais como tecnologia de complementariedade do que de exclusão. Em outras palavras, a TIM poderá decidir pelo melhor projeto para situações específicas de acordo com viabilidade, custo e localização.
Vivo (VIVT3): Aproveitando sua infraestrutura
A situação da Vivo é bastante similar com a da TIM. Ela possui uma grande reserva de caixa se preparando para os dois principais eventos do setor: a alienação dos ativos móveis da Oi e o leilão dos espectros do 5G. As oportunidades para ambas não diferem significativamente, sendo que não há muito o que mudar com relação aos tipos de relações dos negócios, como o B2B2C, o B2B e o B2C. Porém, a Vivo possui uma vantagem com relação à infraestrutura presente de fibra óptica cuja rede possui alta capilaridade, ou seja, adentra muito mais o território nacional do que as outras empresas, sendo a líder neste segmento. Dessa forma, os seus usuários desfrutariam do 5G de forma mais significativa, tendo em vista que as estações de base estariam conectadas via uma tecnologia compatível que é a da fibra, ou seja, a Vivo sairia na frente no quesito de infraestrutura.
A Vivo, assim como a TIM, participará do leilão na faixa de frequência dos 3.5 GHz, não excluindo os outros lotes se enxergadas novas oportunidades. Um ponto importante é a visão da Vivo quanto à banda larga via 5G, em que a empresa não acredita que esse serviço possa substituir a fibra óptica, mas é vista como uma solução para regiões onde a rede de fibra não foi instalada ainda.
Contexto Atual
No Brasil, as faixas de frequências para leilão são 700 MHz, 2.3 GHz, 3.5 GHz e 26 GHz, que serão realizados em 16 lotes divididos entre nacionais e regionais, com prazo de outorga de 20 anos (exceto a faixa dos 700 MHz que é até o fim de 2029). Após a reunião do Tribunal de Contas da União (TCU) e os ajustes de algumas inconsistências nos preços e nos dados disponíveis, foi aprovada a proposta do edital do leilão que ocorrerá, de acordo o ministro de comunicações Fábio Faria, em meados de outubro. As 4 faixas foram avaliadas pela ANATEL em R$ 45.6 bi, sendo R$ 37.0 bi transformados em compromissos de investimento e os R$ 8.6 bi restantes seriam arrecadados pela União.
Desafios do 5G
Os principais desafios são os investimentos pesados a serem realizados para a criação e manutenção das novas estações de base. Como mencionado, as frequências em questão demandam que mais antenas e mais estações de base sejam construídas, aumentando seus números dentro de uma região (densidade de estações maior) e, dessa forma, aumento os gastos com investimentos.
Outro ponto importante, é a baixa capacidade de penetração de ondas neste espectro, o que torna o sistema dependente de mecanismos que garantam a qualidade do serviço, como técnicas de redundâncias do sinal ou a sua maior concentração ao longo de uma direção específica, o que chamamos de diretividade. É como se, em vez de iluminarmos um quarto com uma lâmpada, utilizássemos uma lanterna para especificar a direção em que gostaríamos que a luz (sinal) fosse transmitida.
Mudança de comportamento dos consumidores
Uma tendência natural observada entre consumidores foi uma maior adesão aos planos pós-pagos, para que os mesmos possam usufruir de mais serviços, dentro de um mesmo pacote, por um preço único. Cresceu também a necessidade incessante por velocidades mais altas, tendo em vista os serviços de entretenimento e redes sociais que precisam de boas e rápidas conectividades, além das demandas profissionais (video-conferência, lives, etc) que obedecem aos mesmos princípios. Com velocidade superior, o 5G entraria como determinante para uma maior adoção de planos pós-pago e, assim, esses planos tendem a se sobressair frente ao pré-pagos no longo prazo.
A pergunta que fica é: se o percentual de pós aumenta com relação ao total móvel, isso significa que o pré-pago deixará de ser uma base relevante da receita móvel? A resposta é não. Pessoas com rendas mais baixas tendem a utilizar com maior frequência planos pré-pagos, tendo em vista a maior sensibilidade frente a alterações econômicas, principalmente inflação. Dessa maneira, a adesão ao pré possibilita maior flexibilidade aos clientes. Em outras palavras, sempre que o cliente estiver em condição de adquirir o serviço móvel ele o realizará. Se, ao contrário, estes clientes utilizassem os serviços pós, o número de inadimplentes poderia aumentar consideravelmente, prejudicando as provedoras. Nos gráficos abaixo podemos notar que as adições líquidas (saldo de entradas de novas pessoas e saídas de membros) estão positivas para pós a maior parte do tempo, enquanto para pré, negativas. Vale ressaltar que, em 2020, em virtude do auxílio governamental no contexto da pandemia, mais pessoas aderiram ao pré-pago, freando relativamente o avanço do pós.
Resumo da obra
Analisando as 3 empresas mencionadas, a primeira a observar os resultados mais claros será a Vivo, que deverá ser a mais beneficiada no curto prazo, tendo em vista sua vantagem de infraestrutura fibra que encontra forte sinergia com a tecnologia do 5G.
Já a TIM, se olharmos para o longo prazo é a que mais tende a se beneficiar. A proposta de fortalecimento de fibra simultaneamente à adoção do 5G vão ao encontro dos interesses de ambas as tecnologias, sendo que seus crescimentos podem ser considerados de forma conjunta se adequando às necessidades umas das outras, diferentemente do que ocorreu para a Vivo, cujos projetos de fibra foram conciliados independentemente do 5G.
Por fim, a Oi pode agregar valor através de negociações dos espectros e participação nas faixas remanescentes ao 3.5 GHz, porém, o ganho total será consideravelmente inferior às outras duas do setor, tendo em vista o próprio enfoque dado pela Oi no que se refere ao desenvolvimento no segmento de fibra óptica.