Avaliação de Resultados
O resultado do Banrisul, apesar de apresentar dinâmicas de curto prazo positivas, tais como a redução do provisionamento decorrente da menor inadimplência e aumento t/t das receitas com empréstimos, continua a demonstrar a dificuldade de crescimento de longo prazo do banco, com carteira mantendo-se em linha com o ano passado. A dificuldade de crescer, somada a baixa probabilidade de privatização nas vésperas de um período eleitoral, justificam a nossa recomendação de MANTER, apesar dos múltiplos de valuation descontados de 0.58x P/VP21 e 4.6x P/L21.
Banrisul (BRSR6): Dificuldade para crescer
O lucro ajustado do Banrisul no 2T21 foi de R$ 281,9m, um crescimento de 134% a/a, igual ao 1T21, em linha com nossas estimativas, mas 18% acima do consenso de mercado. O bom resultado a/a decorre da queda do provisionamento de 55%, um movimento que vimos em todo o setor bancário. No 2T20, os bancos fizeram mais reservas para perdas dada a percepção de que a pandemia poderia aumentar a inadimplência. Como a percepção não se materializou, as companhias estão normalizando as provisões, causando queda a/a. Além disso, o Banrisul cortou 10% do seu quadro de colaboradores no último ano, reduzindo as despesas de pessoal.
No trimestre, o destaque ficou para a receita de empréstimos, que veio 4,4% acima das nossas expectativas, crescendo 3,5% t/t mas ainda 4% abaixo a/a. Já as receitas de serviços e seguro continuaram caindo 4,4%, fruto do surgimento de novas soluções, como o PIX e aumento da competição. O crescimento da carteira de crédito ainda é o maior desafio, tendo avançado somente 1,8% a/a e caído 0,5% t/t. Como reflexo das dinâmicas, o guidance foi revisado. A expectativa de crescimento da carteira de crédito, projetada entre 10%–15%, passou para a faixa entre 7%–12%. A dificuldade do Banrisul de crescer receita de juros, com pouco crescimento de carteira e aumento do custo de depósito (devido à subida da Selic) nos preocupa.
Pontos Positivos
- Inadimplência e Provisão. A inadimplência (NPL 90 dias) está em 2,23%, abaixo de valores pré-pandemia, o que possibilita a redução de despesas de provisão de crédito.
- Receita com empréstimos. A receita com empréstimos cresceu sequencialmente no trimestre mesmo com elevação da taxa de juros. Mesmo que com a surpresa positiva, esperamos uma pressão vinda do custo de depósitos com aumento da Selic nos próximos trimestres.
Pontos Negativos
- Receitas de serviços. As receitas de serviços seguiram caindo, mostrando potencial impacto da maior competição e do PIX.
- Carteira de crédito. Carteira de crédito caiu t/t e apresentou um baixo crescimento a/a, dificultando o crescimento da receita com empréstimos no longo prazo.
- Custo de funding. Com a alta da Selic se acentuando no segundo semestre, o que impacta o custo de captação de recursos, podemos ter uma pressão de preços impactando negativamente a receita com empréstimos. Com 47% da carteira total em empréstimos, consignados com taxa fixa sem aumentos substanciais, haverá a tendência de uma compressão dos spreads com ciclo de alta da Selic.