A segunda onda era maior. Mas o Bradesco continua nossa favorita
O lucro do Bradesco de R$ 6,3b veio 4% aquém das nossas expectativas e de mercado. O destaque negativo ficou para a seguradora, que sofreu com o aumento da sinistralidade decorrente da segunda onda de Covid, apresentando um lucro de apenas R$ 655m, com queda substancial de 58% a/a e 30% t/t. Além disso, a pressão nos spreads impactaram as receitas de empréstimos, que vieram 4% abaixo do que esperávamos. Em meio a conjuntura negativa da pandemia e subida da Selic mais rápida do que o previsto, na nossa avaliação, o resultado não foi de todo ruim – gostamos da capacidade de geração de lucro recorrente do banco. O resultado ruim de seguros deve normalizar com melhora da atividade econômica e continuidade da vacinação justificando a continuidade da nossa recomendação de COMPRA para o Bradesco, ainda sendo a nossa favorita no setor.
Esperamos uma melhora em breve
O lucro de R$ 6,3b apresentou queda de 3% t/t e alta de 63% a/a. O avanço a/a é consequência da redução de 61% do custo com provisão de crédito em função da baixa inadimplência e altas reservas de provisões feitas ano passado. Essa métrica, também conhecida como índice de cobertura (> 60 dias), foi de 234% no tri para o Bradesco, permanecendo a mais elevada entre concorrentes privados. O patamar confortável poderá diminuir a necessidade de constituir novas reservas nos próximos trimestres impactando positivamente o lucro.
No trimestre, os segmentos de seguros em vida e previdência foram os mais impactados pela segunda onda da pandemia. Em 2019, o lucro trimestral desta linha foi entre R$ 800m à 1b, e após o 1T20, onde já havia reflexos da Covid, ficou entre R$ 580m e 650m. Mas no 2T21, a unidade vida e previdência sofreu intensamente e teve um prejuízo de R$ 161m, uma variação negativa de algo em torno de R$ 800m somente nessa unidade, sem contar com o segmento de saúde que também sofreu com a pandemia. Como consequência, o guidance de crescimento de seguros para 2021 foi revisto de 2 a 6% para -15 a -20%.
No que se refere a custos, o Bradesco continua apresentando um ótimo resultado. As despesas operacionais apresentaram queda de 1,9% t/t e 4,1 a/a. Ademais, o banco continua com a sua agenda para ganho de eficiência a todo vapor haja visto o corte de 1,5% t/t dos funcionários e fechamento de 4,3% t/t de agências, totalizando redução anual de 9,7% e 24%, respectivamente. O movimento melhora o posicionamento da companhia ante um reajuste sindical de salários de INPC + 0.5% no 2S21, que totaliza um aumento de aproximadamente 8,5%.
Pontos Positivos
- Queda das despesas operacionais e continuidade do planejamento para ganhar eficiência com fechamento de agências e diminuição do quadro de funcionários;
- Manutenção do índice de cobertura em patamares historicamente mais elevados e acima de seus rivais possibilita o banco ter menos necessidade de provisões de crédito;
- Crescimento da carteira de crédito de 3,4% t/t e 14% a/a.
- Receitas com serviços financeiros voltando a crescer (4% t/t e 10% a/a);
Pontos Negativos
- Seguradora com queda acentuada no resultado em função da maior sinistralidade com Covid no segmento de saúde, vida e previdência;
- Maior pressão nos spreads impactando a margem com clientes, que avançou somente 1,9% t/t e 2,3% a/a. O banco reiterou seu guidance de crescimento de margem com clientes entre 2-6% para 2021, indicando uma aceleração no segundo semestre.