Vamos direto ao ponto!
O motivo principal, na nossa visão, que tem levado a uma maior desvalorização das ações de tecnologia nos últimos meses é o aumento das taxas de juros. Como podem perceber, é mais uma questão macroeconômica do que puramente fundamentalista. Mas vamos por partes.
Por que as taxas de juros mais altas prejudicam as empresas de tecnologia?
Aqui gostaríamos de ressaltar um ponto importante sobre a dinâmica do setor de tecnologia e das suas empresas: são empresas que retornarão um maior valor no longo prazo, isto é, seus fluxos de caixas “mais gordos” serão nos resultados futuros da empresa (3, 5, 10 anos).
Quando fazemos nossos modelos de valuation para estimar o valor justo dessa empresa hoje (e para isso, descontamos os fluxos de caixa futuros a uma taxa até o dia de hoje) percebemos que o aumento da taxa de juros leva a um aumento da nossa taxa de desconto dos fluxos. Com uma taxa de desconto maior, teremos um valor presente (valor justo) da empresa menor.
Além desse ponto, também é interessante mencionar que:
- A desaceleração econômica também prejudica o resultados das empresas e a expectativa de menor crescimento já é precificada nos ativos;
- O setor de tecnologia, por si só, já é um setor mais arriscado e com uma maior volatilidade. Sendo assim, em momentos de queda na bolsa, as ações desse setor sofrem mais;
- A alta da taxa de juros também torna os investimentos em renda fixa mais atraentes. Nós sempre falamos: o investidor é racional. Se ele pode incorrer a menores riscos e possuir um retorno maior na renda fixa, assim o fará. Há uma transferência de capital da renda variável (ações, especialmente as mais arriscadas) para investimentos de renda fixa.
Méliuz, Enjoei, Bemobi e Mosaico: perspectivas individuais
Continuamos bastante otimistas com Méliuz. Desde nossa iniciação de cobertura, nossa ESCOLHA GENIAL foi CASH3. É a empresa que mais enxergávamos upside, entrega de resultados, M&As e publicação de novas features. Isso tudo aconteceu.
Na nossa visão, essa recente queda se dá muito mais por uma questão macro (como explicado acima) do que por uma questão fundamentalista. Temos gostado dos resultados da empresa e acreditamos que a companhia segue trabalhando bem os conceitos principais nesse curto e médio prazo:
- Aquisição de clientes;
- Retenção dos clientes;
- Tornar a plataforma Méliuz mais robusta, com mais funcionalidades e opções para o cliente final.
Em contrapartida, reiteramos nossa preocupação com Enjoei e Mosaico.
Enjoei é um case particular em que, conforme citado no início da nossa cobertura, temos uma grande preocupação com a sustentabilidade do modelo de negócio no longo prazo. É incerto ainda a porcentagem de GMV e Receita advindas de produtos falsificados e de origem duvidosa e, portanto, complicado para estimarmos o verdadeiro valor justo da empresa.
Conversamos com o RI recentemente, recebemos alguns dados e estamos revisando nosso modelo. Divulgaremos um relatório em breve.
Mas, como podemos ver na performance das ações, a queda é justificada além de apenas uma questão macroeconomia.
Já Mosaico é uma empresa que houve quebra de expectativas. Na nossa iniciação, esperávamos um movimento maior em relação a M&As, especialmente voltado para inclusão de novas features em suas plataformas, que ajudariam em uma maior aquisição e retenção dos clientes. Rebaixamos nosso preço-alvo para R$13, conforme descrito no nosso último relatório, e estamos acompanhando o movimento da companhia.
Bemobi seguimos um pouco mais otimistas. As recentes aquisições anunciadas nos animaram e mostram que a companhia possui a preocupação com o pipeline de M&As. Lembrando: o crescimento via M&A para as empresas de tecnologia é muito interessante, pois não só ganham uma base de clientes como conseguem escalar o negócio mais rápido dado a sinergia.
Acompanhe o podcast que fizemos com Méliuz, oportunidade em que o diretor de R.I pôde contar sobre os próximos passos da companhia: