Ibovespa é o principal índice de ações listadas na B3, reunindo as empresas mais negociadas do mercado de capitais brasileiro. Criado em 1968, consolidou-se como referência para investidores ao redor do mundo. De acordo com as regras da B3, a cada quatro meses o índice passa por uma reavaliação, em que novas empresas podem entrar ou sair caso não cumpram as regras de exigência para permanência. Hoje, o Ibovespa é composto por ações e units de companhias listadas na B3 que atendem aos critérios descritos na sua metodologia, correspondendo a cerca de 85% do número de negócios e do volume financeiro do nosso mercado de capitais. Nos últimos meses a B3 tem discutido com participantes do mercado a possibilidade da inclusão de BDRs em sua composição.
SLC Agrícola entra, nenhuma ação sai
No próxima sexta-feira (29/04), a B3 irá divulgar a terceira e última prévia sobre a nova composição do Ibovespa referente a carteira teórica que será vigente entre os meses de maio e agosto de 2022. De acordo com nosso estudo, estimamos a entrada de apenas uma nova ação, conforme já divulgado nas duas últimas prévias, e nenhuma exclusão. Assim, conforme já anunciado, SLC Agrícola deve fazer parte do Ibovespa a partir do mês de maio deste ano.
Para o próximo rebalanceamento que ocorrerá em setembro de 2022 estaremos atentos às movimentações de Raízen (RAIZ4), Porto Seguro (PSSA3) e Arezzo (ARZZ3), que apresentaram números próximos para justificar uma entrada no índice. Por outro lado, as ações da JHSF (JHSF3) ficaram muito próximas dos critérios para exclusão do Ibovespa.
Critérios de Inclusão
Segundo a Metodologia do Índice Bovespa (Ibovespa), disponível no site da B3, serão selecionados para compor o Ibovespa os ativos que atendam cumulativamente aos critérios abaixo.
- Estar entre os ativos elegíveis que, no período de vigência das 3 (três) carteiras anteriores, em ordem decrescente de Índice de Negociabilidade (IN), representem em conjunto 85% (oitenta e cinco por cento) do somatório total desses indicadores.
- Ter presença em pregão de 95% (noventa e cinco por cento) no período de vigência das 3 (três) carteiras anteriores.
- Ter participação em termos de volume financeiro maior ou igual a 0,1% (zero vírgula um por cento), no mercado a vista (lote-padrão), no período de vigência das 3 (três) carteiras anteriores.
- Não ser classificado como Penny Stock.
Critérios de Exclusão
- Deixarem de atender a dois dos critérios de inclusão acima indicados.
- Estiverem entre os ativos que, em ordem decrescente de IN, estejam classificados acima dos 90% (noventa por cento) do total no período de vigência das 3 (três) carteiras anteriores.
- Sejam classificados como Penny Stock.
- Durante a vigência da carteira passem a ser listados em situação especial.
Nosso modelo de previsão
Seguindo as regras de inclusão e exclusão propostas pelo B3, desenvolvemos um modelo de avaliação para identificar potenciais entradas e saídas do índice. O modelo leva em consideração dados sobre volume financeiro, quantidade de negócios, índice de negociabilidade e informações sobre situações especiais de cada uma das empresas negociadas na B3.
Diversificação setorial
Caso nossas expectativas sejam confirmadas, o Ibovespa passará de uma composição com 91 empresas para 92 empresas. Sendo esse o maior número de empresas pertencentes ao índice, proporcionando maior diversificação setorial e menor dependência de um grupo seleto de empresas que se concentram hoje em empresas ligadas à commodities (Vale e Petrobras) e o setor bancário.
Numa avaliação sobre mudanças das participações de cada empresa, esperamos que as ações do Bradesco PN (BBDC4), Petrobras PN (PETR4), Itaú PN (ITUB4) B3 ON (B3SA3) e Bradesco ON (BBDC3) sejam as com maior perda no Ibovespa. Entre as ganhadoras, além das inclusão esperada, SLC (SLCE3), acreditamos que apenas Vale (VALE3), Rede D’or (RDOR3), Petrobras ON (PETR3) e Klabin (KLBN11) ganhem participações na nova composição do índice.
Relevância nas mudanças da Carteira Teórica do Ibovespa
É de suma importância para o investidor acompanhar as mudanças nas carteiras teóricas de índices dado a relevância que a indústria de Fundos Passivos, ou seja, fundos que replicam carteiras teóricas, podem exercer sobre as precificações de ações no mercado, principalmente as de menor liquidez.
Por característica, o Ibovespa compreende as empresas de maior negociação da B3, e assim, mesmo que os fundamentos de uma determinada ação tenham se deteriorado, trazendo uma pressão negativa nos preços, a expectativa de que essa ação poderá entrar no Ibovespa geraria uma pressão positiva, já que, caso isso seja confirmado, fundos passivos seriam “obrigados” a comprá-la sem olhar para os seus fundamentos.
Nosso time fez um estudo sobre como esse processo pode interferir na precificação de uma ação e se isso poderia gerar oportunidades de investimento no curto prazo. Veja a seguir!