O Dia dos Namorados vai além do seu significado afetivo e se tornou uma das datas mais importantes para o varejo no Brasil. Todos os anos, essa comemoração impulsiona as vendas e tem um impacto direto nos resultados de muitas empresas.
Este relatório tem como objetivo apresentar uma visão clara sobre os efeitos econômicos dessa data, com foco informativo, especialmente para quem quer entender o comportamento do mercado sem entrar em análises de investimento. Em 2024, o Dia dos Namorados movimentou cerca de R$22,81 bilhões, valor que mostra a força dessa ocasião no comércio. Mais do que números, esse resultado reflete um hábito de consumo já bem estabelecido, em que o fator emocional costuma pesar mais do que decisões racionais. Por isso, mesmo em momentos de incerteza econômica, as vendas do período costumam se manter firmes.
Perfis, Hábitos e Expectativas
Para entender o impacto do Dia dos Namorados no comércio, é essencial observar o comportamento do consumidor brasileiro. Esse período conta com uma grande participação da população e um volume de gastos significativo, o que ajuda a explicar a força dessa data para o varejo.
Em 2024, a data movimentou cerca de R$23 bilhões, impulsionada pela participação de aproximadamente 99,7 milhões de pessoas, o que representa cerca de 61% da população economicamente ativa. Esse dado mostra como o Dia dos Namorados tem amplo alcance e engajamento popular.
O valor médio gasto por pessoa (ticket médio) foi de R$200. Multiplicado pelo grande número de consumidores, esse valor explica o impacto financeiro total. Para 2025, a expectativa é de um crescimento entre 15% e 20% em relação a 2024. O perfil de quem presenteia também revela dados interessantes.
A maioria (66%) dos consumidores que compram presentes são casados, enquanto 31% estão namorando. Isso quebra a ideia de que a data é voltada apenas para relacionamentos recentes ou jovens. Casais com vínculos mais estáveis também participam ativamente, muitas vezes motivados por tradições ou pelo desejo de fortalecer o relacionamento.
Também há diferenças no comportamento de compra entre homens e mulheres. As mulheres costumam se planejar e comprar com antecedência. Já os homens tendem a deixar para mais perto da data, preferindo presentes mais práticos ou funcionais. Essas diferenças abrem espaço para estratégias específicas de vendas, como campanhas antecipadas voltadas ao público feminino e promoções de última hora direcionadas ao público masculino.
A forte presença de casais estáveis entre os consumidores reforça a maturidade do mercado nessa data, o que pode explicar por que o Dia dos Namorados mantém sua importância mesmo diante de mudanças econômicas.
Dinâmicas setoriais
Em 2024, a liderança nas escolhas de presentes coube à categoria de Perfumes, Cosméticos e Maquiagem, que concentrou 39% da preferência dos consumidores. Logo em seguida, Roupas e Vestuário se destacaram, atraindo entre 37% e 41% das intenções de compra, evidenciando a força do setor de moda nesta data. Calçados também figuraram com relevância, sendo a escolha de 22% a 24% dos presenteadores. Além dos produtos tangíveis, as experiências ganham espaço, com Jantares e Experiências Gastronômicas representando entre 18% e 20% das preferências, um indicativo da busca por momentos memoráveis. Itens clássicos como Chocolates e Bombons mantiveram sua popularidade, com uma fatia de 16% a 18%.
Algumas categorias apresentaram um dinamismo particular em termos de crescimento de vendas. O segmento de Eletrônicos e Celulares, por exemplo, registrou um aumento de 29% nas vendas durante o período. Ainda mais expressivo foi o crescimento na categoria de Joias e Alianças, que alcançou 35%. Bolsas e Acessórios também tiveram um bom desempenho, com um incremento de 21% nas vendas. Este avanço em categorias de maior valor agregado, como eletrônicos e joias, pode ser interpretado como uma tendência à aquisição de presentes de maior qualidade e significado emocional, possivelmente impulsionada pela maior resiliência do consumo entre as classes de renda mais alta.
Dentro deste contexto, diversas empresas listadas na B3 atuam nos setores beneficiados. No segmento de Perfumes e Cosméticos, a Natura&Co (NTCO3) se destaca. A empresa possui uma posição relevante no mercado global, sendo a quarta maior do setor, e detém um portfólio de marcas reconhecidas como Natura, The Body Shop, Aesop e Avon. Atualmente, a Natura&Co passa por um processo de reestruturação após a aquisição da Avon, com foco em aumentar a eficiência operacional e reduzir seu endividamento em 2025.
No setor de Moda e Vestuário, a Lojas Renner (LREN3) é uma referência. A companhia é frequentemente citada por analistas de mercado como uma empresa com fundamentos sólidos, muitos dos quais apontam para sua liderança no setor de moda no Brasil, uma forte estratégia de digitalização e omnicanalidade (integração dos canais de venda físicos e digitais), além de um balanço financeiro considerado robusto e boa gestão de capital. A perspectiva para 2025 é de uma recuperação gradual, alinhada com uma potencial melhora do cenário macroeconômico.
Outro nome de peso é a Azzas 2154 (AZZA3), que possui um diversificado portfólio de marcas, incluindo Arezzo, Schutz, Reserva, Vans e Carol Bassi. Seu modelo de negócios verticalizado, que abrange desde a fabricação até a venda final, é um diferencial. A empresa também possui forte presença no vestuário masculino e planos de expansão internacional. A expectativa para 2025 envolve crescimento através de novos canais de venda e o avanço da internacionalização.
O mercado de Joias e Acessórios tem na Vivara (VIVA3) um de seus principais expoentes, com uma participação de mercado estimada em 17% no setor de joias. A Vivara é amplamente reconhecida, com analistas frequentemente destacando o que consideram um bom equilíbrio entre o crescimento da empresa e a avaliação de suas ações no mercado. A expansão acelerada com a marca Life, a construção de uma nova fábrica visando aumentar a eficiência produtiva e uma estrutura tributária específica (mencionada como não exposta a certos riscos fiscais relacionados ao ICMS) são pontos observados pelo mercado. A perspectiva para 2025 é de continuidade no ganho de participação de mercado.
A categoria de Eletrônicos e Tecnologia é impulsionada por produtos como iPhones, AirPods e Apple Watches da Apple, cujos BDRs são negociados na B3 sob o código AAPL34. A perspectiva para a Apple em 2025 inclui o lançamento de novos produtos. No varejo de eletrônicos, empresas como Magazine Luiza (MGLU3) buscam uma recuperação gradual de seu desempenho, enquanto a Casas Bahia (BHIA3) está em processo de reestruturação.No setor de Calçados, além da Azzas 2154, a Alpargatas (ALPA4), dona das marcas Havaianas e Dupé, é uma empresa relevante. Hoje existe uma visão mais cautelosa ou neutra sobre a Alpargatas, citando desafios como a competição acirrada no setor. O foco da empresa para 2025 está no aumento da eficiência operacional. A busca por “eficiência operacional”, observada em empresas como Natura&Co e Alpargatas, sinaliza uma tendência mais ampla no varejo: a necessidade de gerenciar custos e otimizar processos em resposta a um ambiente competitivo e, por vezes, desafiador, mesmo em períodos de potencial crescimento de vendas.
Comportamento de consumo e as estratégias de varejo
O comportamento de consumo e as estratégias de varejo não são estáticas; eles evoluem continuamente, impulsionados por novas tecnologias e mudanças nas expectativas dos clientes. Para o Dia dos Namorados de 2025, algumas tendências se mostram particularmente influentes.
O e-commerce cresce, com 69% das compras online via dispositivos móveis. O “m-commerce” exige websites responsivos, checkout simplificado e aplicativos para boa experiência. Empresas sem otimização móvel perdem consumidores, pois experiências ruins levam ao abandono de carrinhos. Investir em tecnologia e design mobile é essencial para a competitividade.
Outra tendência marcante é a crescente valorização da personalização e de experiências únicas. Os consumidores buscam cada vez mais presentes que transmitam individualidade e consideração, afastando-se de itens genéricos. Isso se conecta diretamente com o aumento da procura por “Jantares/Experiências Gastronômicas”, mas também se reflete na busca por produtos customizáveis ou que contem uma história. Este movimento em direção a um consumo mais significativo é especialmente relevante em datas com forte apelo emocional como o Dia dos Namorados.
Oportunidades de alocação
Assim, fica evidente que o Dia dos Namorados se mantém como uma data de expressivo impacto econômico para o varejo brasileiro, com expectativas de crescimento robusto para 2025. A compreensão deste fenômeno passa pelo entendimento do comportamento do consumidor, das categorias de produtos mais demandadas e das empresas que atuam nesses segmentos, tudo isso inserido em um contexto de tendências de consumo em evolução e de um cenário macroeconômico dinâmico.
A data consistentemente impulsiona o consumo, especialmente em setores como moda e vestuário, joias e acessórios, perfumes e cosméticos, e experiências. Tendências como a digitalização acelerada, com forte penetração do e-commerce via dispositivos móveis, a busca por personalização e presentes com significado emocional, e a valorização de produtos de alta qualidade, moldam as decisões de compra e as estratégias das empresas.
Observa-se no mercado que empresas com forte apelo em categorias de presentes populares, como Vivara (VIVA3) no setor de joias, Azzas 2154 (AZZA3) em moda e calçados, e Lojas Renner (LREN3) no vestuário, são frequentemente analisadas em relação a esta data. Estas companhias, cada uma com suas características específicas, modelos de negócio e estratégias de mercado, ilustram como diferentes negócios podem se conectar com a temática do Dia dos Namorados.