Embora o Ibovespa esteja atingindo sua máxima histórica, a bolsa brasileira ainda apresenta um cenário de desconto em relação ao seu múltiplo projetado para os próximos 12 meses, quando comparado à sua média histórica. Essa situação de desconto indica que, apesar dos recordes recentes, o mercado acionário brasileiro ainda pode oferecer oportunidades de valor para os investidores.
Outro ponto de destaque é o crescente interesse do investidor estrangeiro no mercado brasileiro. Nas últimas duas semanas, a B3 atraiu um influxo expressivo de R$ 11,3 bilhões de capital estrangeiro, refletindo a confiança dos investidores internacionais no potencial de crescimento do mercado acionário do Brasil.
Do ponto de vista de curto prazo, a assimetria parece ser mais favorável para alocações em empresas de menor capitalização. Essas empresas, muitas vezes, oferecem maior potencial de valorização em comparação com empresas de grande capitalização, especialmente em um contexto de mercado em alta.
Além disso, após a recente mudança de postura do Federal Reserve (Fed), conhecida como “pivot”, ajustamos nossa projeção para o Ibovespa, estabelecendo uma nova meta de 151.250 pontos para o final de 2024.
Valuations
Ibovespa está sendo negociado a 8,3x P/L projetado para os próximos 12 meses, vs média histórica de 11,0x, desconto de 25% sobre sua média.
Agora, se considerarmos as ações do Ibovespa (excluindo Petrobras e Vale), o índice está sendo negociando a 10,7x P/L, projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,2x), com desconto de 13% sobre sua média.
Ações de empresas ligadas a economia doméstica estão sendo negociadas a 10,3x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,1x) e desconto de 15% sobre sua média.
Quando levarmos em consideração apenas as empresas exportadoras, tais ações estão sendo negociadas a 7,4x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,1x) e desconto de 26% sobre sua média.
As empresas de menor capitalização, Small Caps, estão sendo negociadas a 10,1x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (14,5x) e desconto de 30% sobre sua média.
Já as Mid-Large Caps estão sendo negociadas a 8,1x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,8x) e desconto de 25% sobre sua média.
Earnings yield
O Earnings yield do Ibovespa segue acima da sua média histórica e com taxa de retorno superior a média de retorno dos juros da NTN-B de 10 anos. Mais um sinal de atratividade da bolsa brasileira.
Preço/Lucro (PE) projetado por setor
Desempenho em 2023
O Ibovespa tem se destacado notavelmente em relação aos seus principais pares na América, apresentando um desempenho superior quando medido em dólares. Vários fatores contribuem para essa performance excepcional:
Primeiramente, observamos uma forte entrada de investidores estrangeiros no mercado acionário brasileiro. Esse influxo de capital externo tem sido um dos principais impulsionadores do índice, refletindo um crescente interesse internacional pelas ações brasileiras.
Além disso, a queda da taxa de juros, um elemento fundamental para tornar as ações mais atrativas, tem desempenhado um papel crucial. Essa tendência de juros mais baixos parece ter continuidade prevista para o próximo ano, aumentando o apelo do mercado de ações em comparação com outras formas de investimento.
Outro ponto importante é a expectativa de aprovação de reformas em 2023. As reformas são vistas como vitais para o crescimento econômico sustentável do Brasil e sua estabilidade financeira a longo prazo, e sua continuidade é um sinal positivo para os investidores.
Por fim, a atratividade da bolsa brasileira em termos de valuation também é um fator relevante. Muitas ações estão sendo negociadas a preços que são considerados baixos em relação aos seus fundamentos econômicos, o que oferece oportunidades interessantes para investidores que buscam valor.
Assimetria: Ibovespa em região de atenção
Atualmente, o Ibovespa está situado na faixa entre 131.900 e 137.600 pontos, um patamar considerado de assimetria negativa para novas compras. Isso ocorre porque o índice se encontra entre 2 e 3 desvios padrão acima de sua média de seis meses. Diante desse cenário, a recomendação é que os investidores adotem uma abordagem mais seletiva em suas novas entradas, uma vez que o Ibovespa pode enfrentar um período de acomodação ou realização. Para que o índice continue sua tendência de alta a partir dessa região, seriam necessárias notícias muito positivas.
Em contraste, o índice de Small Caps está na região entre a média e 2 desvio padrão, indicando espaço para valorização até cerca de 2.430 pontos. Isso sugere que as empresas de menor capitalização apresentam uma assimetria mais positiva para investimentos do que as empresas de maior capitalização no momento atual. Portanto, para investidores buscando oportunidades de crescimento, as Small Caps podem oferecer alternativas mais atrativas, dada a maior margem para valorização em comparação com as ações de grandes empresas no atual contexto do mercado.
Fluxo Investidor B3
Nas últimas semanas, o mercado financeiro brasileiro teve mais um significativo influxo de capital estrangeiro, somando R$ 11,3 bilhões. Esse movimento elevou o total de investimentos estrangeiros em dezembro para R$ 14,7 bilhões, seguindo um mês de novembro bastante positivo, com entradas de R$ 21 bilhões. Com isso, o saldo total de alocação do investidor estrangeiro no ano atingiu R$ 42 bilhões, marcando o maior saldo do ano.
Por outro lado, o investidor local, incluindo tanto o Investidor Institucional quanto pessoas físicas, mostrou um comportamento oposto. Foi observada uma retirada total de R$ 6,1 bilhões nas últimas semanas pelo Institucional enquanto pessoas físicas apresentaram uma saída de quase R$ 3 bilhões. Em dezembro, o investidor institucional registrou uma saída acumulada de R$ 10,8 bilhões, enquanto o investidor pessoa física teve uma saída de R$ 2,4 bilhões. No acumulado do ano, o institucional apresentou uma saída de R$ 63,2 bilhões, em contraste com a entrada de R$ 2,1 bilhões por parte do investidor pessoa física. Importante mencionar que o investidor pessoa física já registrou quase R$ 10 bilhões de fluxo de entrada no ano, mostrando forte realização de lucros nas últimas semanas.
Defensivo / Agressivo – (beta)
Após uma sequência de altas no mercado de ações, observou-se um aumento na demanda por ações tanto agressivas (com betas maiores do que 1) quanto defensivas (com betas menores do que 1). Esse fenômeno indica que o rali de final de ano tem sido um fator significativo para o aumento das alocações em ações, independentemente do tipo ou perfil de risco.
Esta tendência de investimento diversificado reflete uma estratégia abrangente dos investidores, buscando aproveitar o momento positivo do mercado tanto através de ações com maior potencial de crescimento (agressivas) quanto aquelas que oferecem maior estabilidade (defensivas).
Considerando a forte entrada do investidor estrangeiro no mercado brasileiro, percebe-se que esta categoria de investidores tem adotado uma postura bastante agressiva. Eles estão aproveitando o momento atual para aumentar suas posições em ações brasileiras, demonstrando confiança no potencial de crescimento do mercado acionário do país.
BTC – Aluguel de Ações
Os setores de consumo básico, aéreas e varejo estão atualmente experimentando a maior demanda por aluguel de ações no mercado brasileiro. Essa tendência é impulsionada pela expectativa do mercado de um desempenho mais fraco desses setores. O aluguel de ações é frequentemente associado a estratégias de venda a descoberto, onde os investidores apostam na queda dos preços das ações.
Em contraste, os setores de bancos, bens de capital e saúde estão vivenciando uma situação oposta, com menor demanda por aluguel de suas ações. Nas últimas semanas, o setor de Alimentos e Bebidas se destacou pelo aumento na demanda por aluguel, enquanto o setor de Petróleo e Gás viu uma diminuição nessa demanda.
Quanto às empresas específicas, Petz, Pão de Açúcar, Eztec, Movida e 3R Petroleum são as que estão enfrentando a maior demanda de aluguel de suas ações. Recentemente, Petz, Movida e Casas Bahia foram as empresas que mais registraram crescimento no interesse por aluguéis. Por outro lado, Pão de Açúcar, Prio e Mobly apresentaram as maiores reduções na demanda por aluguel de suas ações.
Expectativa Lucros por Ação (LPA)
Ibovespa apresenta uma recuperação progressiva. Para 2023, a expectativa é de uma queda significativa de -19,43%, mas uma melhora é prevista para os anos seguintes, com crescimentos de 12,13% em 2024 e 14,86% em 2025. Em termos trimestrais, o índice mostra uma volatilidade menor, com uma variação positiva de 3,82%, 6,25%, e 4,97% respectivamente.
Ibovespa Ex-Petr&Vale: Este segmento, excluindo as gigantes Petrobras e Vale, apresenta uma perspectiva mais desafiadora. Espera-se uma queda acentuada em todos os anos: -34,14% em 2023, -21,28% em 2024, e -21,88% em 2025. Os trimestres também mostram uma tendência negativa contínua.
Empresas Domésticas: As empresas focadas no mercado interno estão projetadas para enfrentar períodos difíceis, com quedas de -28,26% em 2023, -22,93% em 2024, e -27,05% em 2025. A tendência trimestral também é predominantemente negativa.
Exportadoras: Este setor mostra uma recuperação notável. Apesar de uma queda significativa de -44,33% em 2023, prevê-se uma melhoria em 2024 (-9,61%) e um crescimento positivo em 2025 (1,72%). Os dados trimestrais reforçam essa tendência de recuperação.
Small Caps: Empresas de pequeno porte apresentam um panorama misto. Para 2023, espera-se uma ligeira queda de -3,24%, mas há previsões de crescimento para 2024 (12,87%) e 2025 (13,80%). Os dados trimestrais indicam uma volatilidade moderada.
Nosso Target para o Ibovespa: 151.250 pontos
Após uma recente decisão do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos, considerada mais flexível (dovish) do que o esperado pelo mercado, revisamos nossas expectativas para a pontuação-alvo do Ibovespa. Agora, projetamos que o índice poderá atingir 151.250 pontos ao final de 2024. Essa revisão reflete a influência das políticas monetárias dos bancos centrais no mercado acionário global.
Em um cenário mais otimista, onde riscos potenciais negativos são minimizados, o Ibovespa poderia experimentar uma valorização ainda maior, alcançando até 166.000 pontos. Esse resultado mais favorável seria possível se, ao longo do próximo ano, o índice se mover em direção a um cenário de expansão dos resultados corporativos e de um pouso suave da economia norte-americana, evitando turbulências e instabilidades econômicas.
No entanto, existe também a possibilidade de um cenário menos favorável. Se eventos negativos se tornarem predominantes, especialmente uma hard landing (aterrissagem brusca) da economia dos EUA e/ou uma deterioração das contas públicas no Brasil, o Ibovespa poderia sofrer uma queda significativa, potencialmente recuando para a região dos 117.000 pontos.
Tabela de Múltiplos e dados operacionais
🧬 Genoma 2.0
Genoma Ações foi atualizado! A partir de agora temos um novo modelo de recomendações para atender completamente à demanda dos investidores de ações. Nós expandimos nossa cobertura para incluir todas as empresas do Índice Brasil Amplo (IBRA), proporcionando a você uma visão abrangente do mercado.
Nosso método aprimorado combina uma abordagem quantitativa e qualitativa, através de uma técnica conhecida como Análise de Fatores ou Factor Investing. Esta técnica nos permite criar uma lista de recomendações de ações, cada uma com um preço-alvo e um fator de ponderação associado. O objetivo é facilitar o processo de decisão e otimizar a montagem de carteiras de investimentos.
É importante destacar um aspecto crucial do nosso algoritmo do Genoma: ele foi projetado para avaliar o ciclo de fundamentos de uma empresa em conjunto com um modelo de precificação de ativos. No entanto, tais modelos não levam em consideração fatores além dos resultados das empresas e das expectativas futuras do mercado em torno de uma ação.