Ações no Brasil seguem negociadas com desconto em relação à sua média histórica, porém num momento técnico que exige um pouco mais de cautela nas escolhas. O destaque do mês está na retomada do fluxo de entrada do investidor estrangeiro, que, se confirmada, será a primeira mensal desde dezembro do ano passado. O investidor ainda segue conservador, buscando maior resiliência nos retornos deste ano.
Valuations
Ibovespa está sendo negociado a 7,6x P/L projetado para os próximos 12 meses, vs média histórica de 10,9x, desconto de 31% sobre sua média.
Agora, se considerarmos as ações do Ibovespa (excluindo Petrobras e Vale), o índice está sendo negociando a 9,6x P/L, projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,2x), com desconto de 21% sobre sua média.
Ações de empresas ligadas a economia doméstica estão sendo negociadas a 9,0x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,0x) e desconto de 25% sobre sua média.
Quando levarmos em consideração apenas as empresas exportadoras, tais ações estão sendo negociadas a 6,2x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (9,9x) e desconto de 37% sobre sua média.
As empresas de menor capitalização, Small Caps, estão sendo negociadas a 8,6x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (14,3x) e desconto de 40% sobre sua média.
Já as Mid-Large Caps estão sendo negociadas a 7,4x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,7x) e desconto de 31% sobre sua média.
Earnings yield
O Earnings yield do Ibovespa permanece acima de sua média histórica, destacando-se como uma opção de investimento atraente ao oferecer uma taxa de retorno superior à média dos juros da NTN-B de 10 anos, apesar da recente elevação destes últimos. Esta comparação ressalta a atratividade contínua da bolsa brasileira no cenário atual de investimentos.
Contudo, é importante notar que a alta no retorno da NTN-B de 10 anos, que segue acima dos 6% ao ano em termos reais, exercer uma pressão negativa sobre a atratividade da Bolsa. Esta taxa de retorno elevada não era vista desde abril do ano passado, coincidindo com a aprovação do novo Arcabouço Fiscal, refletindo um ambiente de investimento onde os títulos governamentais se tornam comparativamente mais atraentes em termos de risco-retorno, possivelmente desviando parte do capital que poderia migrar para o mercado de ações.
Efeito Selic no valuation das Small Caps
Preço/Lucro (PE) projetado por setor
Desempenho em 2024
O Ibovespa continua apresentando desempenho em dólares no ano de 2024 inferior aos seus pares globais. A comparação com países da América ou emergentes no geral também evidencia um rendimento bem abaixo, porém estamos nos aproximando da bolsa mexicana. Em uma análise por setor, o índice do setor industrial se sobressai como o que apresenta o único retorno positivo neste ano. Na ponto oposta, os setores de construção civil e varejo são os que apresentam desempenho inferiores aos outros setores, prejudicados pelo desempenho dos juros no Brasil.
Assimetria: mercado em ponto de equilíbrio
O Ibovespa está negociando em linha com sua média de 6 meses, localizada em 126.260 pontos, sinalizando um mercado equilibrado e que deve ser percebido com um momento em que será exigido boas escolhas. Porém, é importante ressaltar que a lateralidade do Ibovespa em 2024 poderá prejudicar está análise diante da próxima entre a média e desvio-padrão.
Já o índice de Small Caps está abaixo da sua média de 6 meses, entre a média e o primeiro desvio padrão. Esta configuração sugere que as Small Caps, apresentam mais oportunidades atraentes para novos investimentos no mercado acionário brasileiro.
Fluxo Investidor B3
Em julho, o mercado de ações brasileiro está registrando uma entrada de capital estrangeiro de R$ 6,5 bilhões, diminuindo a retração acumulada para R$ 33,5 bilhões no ano. Esse movimento de entrada pode ser justificado pela expectativa de queda dos juros nos EUA a partir de Setembro e pela diminuições dos ruídos políticos em torno da situação fiscal brasileira. Se confirmado o saldo positivo, seria a primeira desde dezembro do ano passado.
Em relação aos investidores institucionais, houve uma saída de R$ 6,9 bilhões. O saldo anual para os investidores institucionais baixou para uma saída de R$ 5,3 bilhões. Para os investidores pessoa física, o saldo acumulado no ano está em R$ 21,3 bilhões, com R$ 1,4 bilhão de saída em junho, se confirmada o movimento até o final do mês, seria a primeira desde dezembro do ano passado.
Defensivo / Agressivo – (beta)
Desde o final de fevereiro, observou-se uma mudança na postura do investidor, com uma diminuição na exposição a ações mais agressivas, isto é, aquelas com beta maiores do que 1. Porém, desde a metade de junho, estamos observando uma forte retomada no desempenho das ações mais defensivas e agressivas. Após uma recuperação recente das ações de maior volatilidade, observamos uma realização mais forte recentemente diante de ações defensivas que estão mantendo o patamar alcançado no final do mês anterior.
BTC – Aluguel de Ações
Expectativa Lucros por Ação (LPA)
As projeções indicam um crescimento sólido para o Ibovespa, com aumentos anuais esperados de 13,32% em 2024, 10,77% em 2025 e 14,28% em 2026. No segundo trimestre, o crescimento é mais moderado, com 1,29% em 2024, 6,08% em 2025 e 5,70% em 2026. Esses dados sugerem uma confiança contínua na recuperação e expansão da economia brasileira, embora os incrementos trimestrais mostrem um crescimento mais gradual.
As Small Caps continuam a mostrar um forte potencial de crescimento, embora com maior volatilidade. As expectativas anuais são de 35,88% para 2024, 20,94% para 2025 e 13,75% para 2026. No segundo trimestre, as projeções indicam uma queda de -7,56% em 2024, seguida por uma recuperação modesta de 1,47% em 2025 e 1,41% em 2026. Esses números indicam que, apesar do alto potencial de crescimento anual, os investidores devem estar preparados para enfrentar flutuações significativas no curto prazo.
O segmento de exportadoras apresenta uma trajetória de recuperação robusta após um declínio inicial. Em 2024, espera-se uma diminuição de -7,39%, seguida por um crescimento expressivo de 18,95% em 2025 e 32,88% em 2026. No segundo trimestre, as expectativas são muito positivas, com projeções de crescimento de 4,16% em 2024, 21,91% em 2025 e 16,84% em 2026. Isso sugere que o setor exportador tem um potencial significativo de recuperação e crescimento, impulsionado por condições favoráveis no comércio global.
Nosso Target para o Ibovespa: 139.100 pontos
Em resposta aos desenvolvimentos na condução da política monetária nos EUA e no Brasil, que se mostraram mais hawkish (restritiva), e ao noticiário negativo sobre a política fiscal local, que revelou uma deterioração de seus números e intervencionismo político, rebaixamos nossa pontuação-alvo para o Ibovespa para o final de 2024 de 144.600 pontos para 139.100. Este alvo situa-se na média de nossos estudos estatísticos para definição de um preço-alvo. A falta de interesse dos investidores estrangeiros, o cenário incerto em relação à China e as forte deterioração das contas públicas devem continuar pressionar o desempenho das ações do Ibovespa, principalmente o setor doméstico. Uma taxa de juros mais elevada impacta negativamente o resultado das empresas locais.
Tabela de Múltiplos e dados operacionais
🧬 Genoma 2.0
Genoma Ações foi atualizado! A partir de agora temos um novo modelo de recomendações para atender completamente à demanda dos investidores de ações. Nós expandimos nossa cobertura para incluir todas as mais de 200 empresas da B3, proporcionando a você uma visão abrangente do mercado.
Nosso método aprimorado combina uma abordagem quantitativa e qualitativa, através de uma técnica conhecida como Análise de Fatores ou Factor Investing. Esta técnica nos permite criar uma lista de recomendações de ações, cada uma com um preço-alvo e um fator de ponderação associado. O objetivo é facilitar o processo de decisão e otimizar a montagem de carteiras de investimentos.
É importante destacar um aspecto crucial do nosso algoritmo do Genoma: ele foi projetado para avaliar o ciclo de fundamentos de uma empresa em conjunto com um modelo de precificação de ativos. No entanto, tais modelos não levam em consideração fatores além dos resultados das empresas e das expectativas futuras do mercado em torno de uma ação.