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Publicado em 26 de Junho às 07:00:00

Estratégia em Ação – Junho de 2024 (Update)

Ações brasileiras continuam com valuations atrativos, e diante dos preços recentes, observamos um retorno do investidor estrangeiro. Ao mesmo tempo, ações de maior volatilidade voltaram a entrar no radar. A expectativa do mercado é de melhora nos resultados corporativos neste ano, embora os preços não acompanhem essas mesmas perspectivas. Mesmo diante de um cenário adverso, olhando para o mercado de juros, há uma descorrelação forte entre o movimento recente e os preços das empresas de menor capitalização.

Valuations

Ibovespa está sendo negociado a 7,3x P/L projetado para os próximos 12 meses, vs média histórica de 11,0x, desconto de 34% sobre sua média.

Agora, se considerarmos as ações do Ibovespa (excluindo Petrobras e Vale), o índice está sendo negociando a 9,1x P/L, projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,2x), com desconto de 25% sobre sua média.

Ações de empresas ligadas a economia doméstica estão sendo negociadas a 8,6x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,0x) e desconto de 29% sobre sua média.

Quando levarmos em consideração apenas as empresas exportadoras, tais ações estão sendo negociadas a  6,5x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (9,9x) e desconto de 35% sobre sua média.

As empresas de menor capitalização, Small Caps, estão sendo negociadas a  8,2x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (14,3x) e desconto de 43% sobre sua média.

Já as Mid-Large Caps estão sendo negociadas a  7,1x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,7x) e desconto de 33% sobre sua média.

Earnings yield

O Earnings yield do Ibovespa permanece acima de sua média histórica, destacando-se como uma opção de investimento atraente ao oferecer uma taxa de retorno superior à média dos juros da NTN-B de 10 anos, apesar da recente elevação destes últimos. Esta comparação ressalta a atratividade contínua da bolsa brasileira no cenário atual de investimentos.

Contudo, é importante notar que a alta no retorno da NTN-B de 10 anos, que segue acima dos 6% ao ano em termos reais, exercer uma pressão negativa sobre a atratividade da Bolsa. Esta taxa de retorno elevada não era vista desde abril do ano passado, coincidindo com a aprovação do novo Arcabouço Fiscal, refletindo um ambiente de investimento onde os títulos governamentais se tornam comparativamente mais atraentes em termos de risco-retorno, possivelmente desviando parte do capital que poderia migrar para o mercado de ações.

Efeito Selic no valuation das Small Caps

Preço/Lucro (PE) projetado por setor

Desempenho em 2024

O Ibovespa continua apresentando desempenho em dólares no ano de 2024 inferior aos seus pares globais. A comparação com países da América ou emergentes no geral também evidencia um rendimento bem abaixo. Em uma análise por setor, o índice do setor industrial se sobressai como o que apresenta o único retorno positivo neste ano. Na ponto oposta, os setores de construção civil e varejo são os que apresentam desempenho inferiores aos outros setores, prejudicados pelo desempenho dos juros no Brasil.

Assimetria: Oportunidade que ocorre um vez por ano

O Ibovespa está negociando abaixo da sua média de 6 meses, localizada em 126.600 pontos, entre o primeiro e segundo desvio padrão. o que sinaliza uma assimetria positiva para entrada. Historicamente, o Ibovespa em poucos momentos negociou abaixo de sua média nos últimos 5 anos, entre o segundo e terceiro desvio padrão, como ilustrado no gráfico abaixo, quando o mesmo testou recentemente essa região. Porém, é importante ressaltar que a lateralidade do Ibovespa em 2024 poderá prejudicar está análise diante da próxima entre a média e desvio-padrão.

O índice de Small Caps também está abaixo da sua média de 6 meses, e assim como o Ibovespa entre o primeiro e o segundo desvio padrão. Esta configuração sugere que ambos os índices, Ibovespa e Small Caps, apresentam oportunidades atraentes para novos investimentos no mercado acionário brasileiro, oferecendo uma entrada vantajosa para investidores que buscam capitalizar sobre essa dinâmica de mercado.

Fluxo Investidor B3

Em junho, observamos o sexto mês consecutivo de saída de capital estrangeiro. No mês, temos uma saídade R$ 5,1 bilhões, enquanto no ano a saída acumulada é de R$ 41 bilhões.

Em contrapartida, o investidor local tem mostrado um interesse na aquisição de ações, especialmente o investidor pessoa física, que lidera esse movimento de compra. Até o momento, o saldo do investidor pessoa física é positivo em R$ 22,4 bilhões no ano e R$ 3,2 bilhões no mês. Já o investidor institucional, que vinha que teve uma saída no mês de maio, até o momento registra uma entrada modesta com valor acumulado de R$ 105 milhões. No ano, há uma entrada de R$ 3,2 bilhões.

Defensivo / Agressivo – (beta)

Desde o final de fevereiro, observou-se uma mudança na postura do investidor, com uma diminuição na exposição a ações mais agressivas, isto é, aquelas com beta maiores do que 1. Porém, desde o início de maio, estamos observando uma forte retomada no desempenho das ações mais defensivas, divergindo bastante do desempenho das ações de beta maior. Isso indica que o investidor local que está alocando na bolsa brasileira está no seu momento mais conservador desde o início do ano. Recentemente houve uma queda generalizada, porém, identificamos que as empresas defensivas apresentaram um recuo menor.

BTC – Aluguel de Ações

Expectativa Lucros por Ação (LPA)

As projeções para o Ibovespa mostram um crescimento anual robusto. Espera-se um aumento de 14,10% em 2024, seguido por 8,87% em 2025 e 13,90% em 2026. No segundo trimestre, o crescimento é mais moderado, com 1,91% em 2024, 4,26% em 2025 e 5,76% em 2026. Essas projeções sugerem um mercado estável com perspectivas de crescimento consistente ao longo dos anos.

O segmento das exportadoras apresenta uma recuperação notável após uma queda inicial. Para 2024, a expectativa é de uma diminuição de -7,04%, mas com um aumento de 13,53% em 2025 e um expressivo crescimento de 31,95% em 2026. No segundo trimestre, as expectativas são positivas, com 4,24% em 2024, 16,81% em 2025 e 16,23% em 2026. Este cenário reflete um forte potencial de recuperação e crescimento a médio e longo prazo, especialmente impulsionado pelas condições favoráveis no comércio global.

As Small Caps continuam a mostrar um alto potencial de crescimento, com expectativas anuais de 37,21% para 2024, 21,04% para 2025 e 12,64% para 2026. No entanto, o segundo trimestre revela uma maior volatilidade, com uma queda de -7,10% em 2024, um leve crescimento de 2,29% em 2025 e uma nova queda de -2,34% em 2026. Isso indica que, apesar do forte potencial de crescimento anual, as Small Caps podem enfrentar flutuações significativas no curto prazo.

Nosso Target para o Ibovespa: 139.100 pontos

Em resposta aos desenvolvimentos na condução da política monetária nos EUA e no Brasil, que se mostraram mais hawkish (restritiva), e ao noticiário negativo sobre a política fiscal local, que revelou uma deterioração de seus números e intervencionismo político, rebaixamos nossa pontuação-alvo para o Ibovespa para o final de 2024 de 144.600 pontos para 139.100. Este alvo situa-se na média de nossos estudos estatísticos para definição de um preço-alvo. A falta de interesse dos investidores estrangeiros, o cenário incerto em relação à China e as forte deterioração das contas públicas devem continuar pressionar o desempenho das ações do Ibovespa, principalmente o setor doméstico. Uma taxa de juros mais elevada impacta negativamente o resultado das empresas locais.

Tabela de Múltiplos e dados operacionais

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