Após uma melhora nas expectativas do mercado sobre a condução de política monetária nos EUA, observamos uma reação positiva nas ações brasileiras, principalmente nas de menor capitalização, beneficiadas por um cenário técnico favorável (assimetria de preços) e valuation atrativo. As ações no Brasil continuam a apresentar preços interessantes e expectativas de melhores resultados. No entanto, ainda são dependentes do humor global e do apetite por risco dos investidores.
Valuations
Ibovespa está sendo negociado a 7,9x P/L projetado para os próximos 12 meses, vs média histórica de 11,0x, desconto de 28% sobre sua média.
Agora, se considerarmos as ações do Ibovespa (excluindo Petrobras e Vale), o índice está sendo negociando a 9,7x P/L, projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,2x), com desconto de 20% sobre sua média.
Ações de empresas ligadas a economia doméstica estão sendo negociadas a 9,1x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,1x) e desconto de 24% sobre sua média.
Quando levarmos em consideração apenas as empresas exportadoras, tais ações estão sendo negociadas a 7,2x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,0x) e desconto de 28% sobre sua média.
As empresas de menor capitalização, Small Caps, estão sendo negociadas a 9,0x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (14,4x) e desconto de 37% sobre sua média.
Já as Mid-Large Caps estão sendo negociadas a 7,7x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,7x) e desconto de 28% sobre sua média.
Earnings yield
O Earnings yield do Ibovespa permanece acima de sua média histórica, destacando-se como uma opção de investimento atraente ao oferecer uma taxa de retorno superior à média dos juros da NTN-B de 10 anos, apesar da recente elevação destes últimos. Esta comparação ressalta a atratividade contínua da bolsa brasileira no cenário atual de investimentos.
Contudo, é importante notar que a alta no retorno da NTN-B de 10 anos, que agora supera os 6% ao ano em termos reais, começou a exercer uma pressão negativa sobre a atratividade da Bolsa. Esta taxa de retorno elevada não era vista desde abril do ano passado, coincidindo com a aprovação do novo Arcabouço Fiscal, refletindo um ambiente de investimento onde os títulos governamentais se tornam comparativamente mais atraentes em termos de risco-retorno, possivelmente desviando parte do capital que poderia migrar para o mercado de ações.
Preço/Lucro (PE) projetado por setor
Desempenho em 2024
O Ibovespa continua apresentando desempenho em dólares no ano de 2024 inferior aos seus pares globais. A comparação com países da América ou emergentes no geral também evidencia um rendimento bem abaixo. Em uma análise por setor, o índice do setor industrial se sobressai como o único a registrar retorno positivo. Na ponto oposta, os setores de construção civil e varejo são os que apresentam desempenho inferiores ao do Ibovespa, prejudicados pelo desempenho dos juros no Brasil.
Assimetria: Small Caps ainda com assimetria positiva, Ibovespa neutro
O Ibovespa está negociando acima, mas próximo da sua média de 6 meses, localizada em 128.275 pontos, o que sinaliza uma assimetria positiva para entrada. Atualmente, o índice se encontra entre sua média e o segundo desvio-padrão positivo, em um patamar de 132.780 pontos.
Já o índice de Small Caps também está abaixo da sua média de 6 meses, especificamente em 2.210 pontos. Esta configuração sugere que ambos o índice apresentam oportunidades atraentes para novos investimentos no mercado acionário brasileiro, oferecendo uma entrada vantajosa para investidores que buscam capitalizar sobre essa dinâmica de mercado.
Fluxo Investidor B3
Em abril, observamos o quarto mês consecutivo de saída de capital estrangeiro, com uma retirada acumulada de R$ 11,3 bilhões no mês, maior saída desde agosto do ano passado. Em contrapartida, o investidor local tem mostrado um interesse na aquisição de ações, especialmente o investidor pessoa física, que lidera esse movimento de compra. Em abril, o saldo do investidor pessoa física foi positivo em R$ 4,1 bilhões. Além disso, o investidor institucional, que vinha de um período de retirada em 2023, registrou uma entrada no mês de abril, a maior do ano com fluxo de R$ 4,7 bilhões. Em maio, o saldo acumulado no mês para o invetidor estrangeiro é de uma entrada de R$ 1,6 bilhões, enquanto há uma saída do institucional com R$ 1,1 bilhão e o pessoal física que sacou R$ 595 milhões.
Defensivo / Agressivo – (beta)
Desde o final de fevereiro, observou-se uma mudança na postura do investidor, com uma diminuição na exposição a ações mais agressivas, isto é, aquelas com beta maiores do que 1. Embora o desempenho entre Ibovespa, ações agressivas e defensivas tenha sido próximo, a alteração na abordagem dos investidores ficou clara, principalmente a partir da segunda metade de fevereiro. No mês de abril, no entanto, estamos observando uma retomada no desempenho das ações mais defensivas, divergindo bastante do desempenho das ações de beta maior.
BTC – Aluguel de Ações
Expectativa Lucros por Ação (LPA)
O Ibovespa mostra uma tendência de crescimento sustentável ao longo dos próximos anos. Anualmente, espera-se que o índice cresça 13,52% em 2024, seguido por uma moderação para 6,55% em 2025 e um aumento para 10,77% em 2026. No segundo trimestre de cada ano, o crescimento é mais moderado, com 1,38% em 2024, crescendo levemente para 2,09% em 2025 e depois diminuindo para 0,76% em 2026. Isso sugere que o segundo trimestre pode ser consistentemente menos volátil ou dinâmico em termos de crescimento quando comparado com outros trimestres.
O segmento das exportadoras apresenta uma recuperação gradual após um declínio inicial. A projeção anual indica um declínio significativo de -14,01% em 2024, seguido por uma recuperação para 3,47% em 2025 e um forte crescimento de 24,75% em 2026. O segundo trimestre mostra variações consideráveis: uma queda de -3,22% em 2024, uma recuperação expressiva para 7,41% em 2025 e uma pequena retração para -0,50% em 2026. Essa volatilidade pode refletir a sensibilidade do segmento às condições de mercado global e flutuações cambiais.
As Small Caps destacam-se por seu alto potencial de crescimento, com projeções anuais impressionantes de 50,51% em 2024, 23,33% em 2025 e 17,80% em 2026. No entanto, o desempenho trimestral específico mostra uma variabilidade interessante. No segundo trimestre, há um crescimento de 2,18% em 2024 e 3,86% em 2025, mas ocorre uma queda para -3,88% em 2026. Isso indica que, apesar do forte crescimento anual, as Small Caps podem enfrentar períodos de correção ou ajuste após expansões rápidas.
Nosso target para o Ibovespa: 144.600 pontos
Em resposta aos recentes desenvolvimentos na condução da política monetária nos EUA e no Brasil, que se mostraram mais hawkish (restritiva), e ao noticiário negativo sobre a política fiscal local, que revelou uma deterioração de seus números e intervencionismo político, no último relatório rebaixamos nossa pontuação-alvo para o Ibovespa para o final de 2024 de 151.000 pontos para 144.600. Este alvo situa-se entre a média e a projeção de (+1) desvio padrão. A falta de interesse dos investidores estrangeiros reforça a previsão de que o ano será mais desafiador do que estimado anteriormente. O cenário incerto em relação à China e as fortes intervenções do governo nas estatais podem pressionar o desempenho das duas principais ações do Ibovespa. Uma taxa de juros mais elevada impacta negativamente o resultado das empresas locais.
Tabela de Múltiplos e dados operacionais
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