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Publicado em 22 de Maio às 07:00:00

Estratégia em Ação – Maio de 2024 (Update)

Ações brasileiras seguem com desconto pela métrica P/L projetado em comparação com sua média histórica. O desempenho dos ativos brasileiros, quando comparado com seus principais pares globais, mostra o quanto o mercado brasileiro está “largado”. Isso faz com que exista hoje uma assimetria positiva para entrada, tanto nas ações do Ibovespa quanto, principalmente, nas empresas de menor capitalização. O fluxo de investidor estrangeiro volta a ser positivo no mês depois de quatro saídas consecutivas. No entanto, o investidor que tem comprado ações está fazendo escolhas defensivas.

Valuations

Ibovespa está sendo negociado a 7,9x P/L projetado para os próximos 12 meses, vs média histórica de 11,0x, desconto de 28% sobre sua média.

Agora, se considerarmos as ações do Ibovespa (excluindo Petrobras e Vale), o índice está sendo negociando a 9,8x P/L, projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,2x), com desconto de 20% sobre sua média.

Ações de empresas ligadas a economia doméstica estão sendo negociadas a 9,3x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,1x) e desconto de 23% sobre sua média.

Quando levarmos em consideração apenas as empresas exportadoras, tais ações estão sendo negociadas a  7,3x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,0x) e desconto de 27% sobre sua média.

As empresas de menor capitalização, Small Caps, estão sendo negociadas a  9x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (14,4x) e desconto de 37% sobre sua média.

Já as Mid-Large Caps estão sendo negociadas a  7,7x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,7x) e desconto de 28% sobre sua média.

Earnings yield

O Earnings yield do Ibovespa permanece acima de sua média histórica, destacando-se como uma opção de investimento atraente ao oferecer uma taxa de retorno superior à média dos juros da NTN-B de 10 anos, apesar da recente elevação destes últimos. Esta comparação ressalta a atratividade contínua da bolsa brasileira no cenário atual de investimentos.

Contudo, é importante notar que a alta no retorno da NTN-B de 10 anos, que segue acima dos 6% ao ano em termos reais, exercer uma pressão negativa sobre a atratividade da Bolsa. Esta taxa de retorno elevada não era vista desde abril do ano passado, coincidindo com a aprovação do novo Arcabouço Fiscal, refletindo um ambiente de investimento onde os títulos governamentais se tornam comparativamente mais atraentes em termos de risco-retorno, possivelmente desviando parte do capital que poderia migrar para o mercado de ações.

Preço/Lucro (PE) projetado por setor

Desempenho em 2024

O Ibovespa continua apresentando desempenho em dólares no ano de 2024 inferior aos seus pares globais. A comparação com países da América ou emergentes no geral também evidencia um rendimento bem abaixo. Em uma análise por setor, o índice do setor industrial se sobressai como o único a registrar retorno positivo. Na ponto oposta, os setores de construção civil e varejo são os que apresentam desempenho inferiores ao do Ibovespa, prejudicados pelo desempenho dos juros no Brasil.

Assimetria: Ibovespa e Small Caps com assimetria positiva

O Ibovespa está negociando abaixo da sua média de 6 meses, localizada em 128.500 pontos, o que sinaliza uma assimetria positiva para entrada. Atualmente, o índice se encontra entre sua média e o segundo desvio-padrão negativo, em um patamar de 124.300 pontos. Historicamente, o Ibovespa em poucos momentos negociou abaixo de sua média nos últimos 5 anos, como ilustrado no gráfico abaixo. Porém, é importante ressaltar que a lateralidade do Ibovespa em 2024 poderá prejudicar está análise diante da próxima entre a média e desvio-padrão.

O índice de Small Caps também está abaixo da sua média de 6 meses, especificamente em 2.200 pontos, porém, muito mais próximo do segundo desvio-padrão negativo na região dos 2.060 pontos, indicando uma assimetria ainda mais positiva. Esta configuração sugere que ambos os índices, Ibovespa e Small Caps, apresentam oportunidades atraentes para novos investimentos no mercado acionário brasileiro, oferecendo uma entrada vantajosa para investidores que buscam capitalizar sobre essa dinâmica de mercado.

Fluxo Investidor B3

Em maio, observamos o primeiro mês de entrada de capital estrangeiro depois de quatro meses consecutivos de saída. No mês, temos uma entrada de R$ 1,7 bilhão, enquanto no ano a saída acumulada é de R$ 32,5 bilhões.

Em contrapartida, o investidor local tem mostrado um interesse na aquisição de ações, especialmente o investidor pessoa física, que lidera esse movimento de compra. Até o momento, o saldo do investidor pessoa física é positivo em R$ 16,5 bilhões no ano e R$ 208 milhões no mês. Já o investidor institucional, que vinha de três meses consecutivos de entrada, registra um mês de saída, com valor acumulado de quase R$ 2 bilhões. No ano, há uma entrada de R$ 4,3 bilhões.

Defensivo / Agressivo – (beta)

Desde o final de fevereiro, observou-se uma mudança na postura do investidor, com uma diminuição na exposição a ações mais agressivas, isto é, aquelas com beta maiores do que 1. Porém, desde o início de maio, estamos observando uma forte retomada no desempenho das ações mais defensivas, divergindo bastante do desempenho das ações de beta maior. Isso indica que o investidor local que está alocando na bolsa brasileira está no seu momento mais conservador desde o início do ano.

BTC – Aluguel de Ações

Expectativa Lucros por Ação (LPA)

As expectativas de lucro por ação (LPA) para os próximos anos refletem um cenário diversificado no mercado acionário brasileiro. Para o Ibovespa, as projeções mostram um crescimento esperado de 12,65% em 2024, seguido por 5,93% em 2025 e 9,34% em 2026. No segundo trimestre, os ganhos são mais modestos, com aumentos de 0,64% em 2024, 1,43% em 2025 e 0,84% em 2026.

O segmento de exportadoras enfrenta um panorama volátil. As expectativas anuais para 2024 mostram uma queda significativa de -14,01%, mas recuperam-se com um aumento de 3,47% em 2025 e um robusto crescimento de 24,75% em 2026. No segundo trimestre, as variações são negativas em 2024 (-3,22%), positivas em 2025 (7,41%) e novamente negativas em 2026 (-0,50%).

As Small Caps destacam-se pelo alto potencial de crescimento. As expectativas anuais indicam um aumento expressivo de 45,00% em 2024, 20,50% em 2025 e 12,28% em 2026. Entretanto, o segundo trimestre revela uma volatilidade maior, com uma queda de -1,26% em 2024, um crescimento de 1,97% em 2025 e uma queda de -4,90% em 2026.

Nosso Target para o Ibovespa: 144.600 pontos

Em resposta aos recentes desenvolvimentos na condução da política monetária nos EUA e no Brasil, que se mostraram mais hawkish (restritiva), e ao noticiário negativo sobre a política fiscal local, que revelou uma deterioração de seus números e intervencionismo político, no último relatório rebaixamos nossa pontuação-alvo para o Ibovespa para o final de 2024 de 151.000 pontos para 144.600. Este alvo situa-se entre a média e a projeção de (+1) desvio padrão. A falta de interesse dos investidores estrangeiros reforça a previsão de que o ano será mais desafiador do que estimado anteriormente. O cenário incerto em relação à China e as fortes intervenções do governo nas estatais podem pressionar o desempenho das duas principais ações do Ibovespa. Uma taxa de juros mais elevada impacta negativamente o resultado das empresas locais.

Tabela de Múltiplos e dados operacionais

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