Estamos passando por uma alteração na percepção dos investidores, com um retorno à visão de que é mais provável enfrentarmos um cenário de “soft landing” ou pouso suave na economia dos EUA. Esta mudança de narrativa decorre, em parte, das medidas de política monetária, que foram interpretadas como mais “dovish” (ou seja, menos restritivas) do que o esperado, e também devido a relatórios que mostram que o mercado de trabalho americano está mais fraco do que o antecipado.
A expectativa de um cenário econômico mais ameno ganhou ainda mais impulso após a decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Brasil, que sinalizou a possibilidade de mais dois cortes de 0,50 pontos percentuais na taxa Selic nas próximas reuniões. Esta perspectiva, aliada a preços de ativos considerados atrativos, desencadeou uma forte valorização dos ativos brasileiros, em especial das Small Caps, que são ações de empresas com menor capitalização de mercado.
Valuations
Ibovespa está sendo negociado a 7,7x P/L projetado para os próximos 12 meses, vs média histórica de 11,0x, desconto de 30% sobre sua média.
Agora, se considerarmos as ações do Ibovespa (excluindo Petrobras e Vale), o índice está sendo negociando a 9,6x P/L, projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,2x), com desconto de 21% sobre sua média.
Ações de empresas ligadas a economia doméstica estão sendo negociadas a 9,1x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,0x) e desconto de 24% sobre sua média.
Quando levarmos em consideração apenas as empresas exportadoras, tais ações estão sendo negociadas a 7,0x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,1x) e desconto de 30% sobre sua média.
As empresas de menor capitalização, Small Caps, estão sendo negociadas a 9,3x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (14,6x) e desconto de 36% sobre sua média.
Já as Mid-Large Caps estão sendo negociadas a 7,5x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,8x) e desconto de 30% sobre sua média.
Earnings yield
Recente observamos uma diminuição nas preocupações relacionadas ao aumento das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos e às incertezas sobre a política fiscal do Brasil. Agora, parece haver um certo alívio nas taxas, impulsionado por políticas mais amenas dos bancos centrais.
O Comitê de Política Monetária (COPOM) no Brasil sinalizou que pode haver mais cortes na taxa de juros, possivelmente de 0,50 pontos percentuais. Essa perspectiva mais suave é compartilhada pelo Federal Open Market Committee (FOMC) nos EUA, que indicou que o aumento atual dos juros de dez anos pode ser suficiente para moderar a economia, sugerindo que o ciclo de aperto monetário pode estar se aproximando do fim.
Esse sentimento foi reforçado por dados recentes do mercado de trabalho americano, que vieram abaixo das expectativas, contribuindo para a visão de que a alta dos juros pode estar chegando ao seu limite. Portanto, o mercado está interpretando esses sinais como indícios de que o período de alta dos juros pode estar dando uma pausa, o que geralmente é visto como positivo para os investimentos em ações e outros ativos de risco.
Preço/Lucro (PE) projetado por setor
Desempenho em 2023
O mercado de ações tem mostrado sinais encorajadores, recuperando-se das quedas que marcaram os últimos três meses. Essa mudança positiva tem suas raízes em uma base técnica sólida, destacando-se pela baixa alavancagem financeira. Além disso, a crescente confiança em uma desaceleração econômica controlada, conhecida como “soft landing”, nos Estados Unidos, tem sido um fator chave. O mercado de ações local tem respondido de maneira positiva a essas mudanças, beneficiando-se principalmente do fato de que as ações estão sendo negociadas a preços abaixo dos seus valores históricos. Essa discrepância cria uma oportunidade de investimento atrativa, impulsionando um otimismo cauteloso entre os investidores.
Assimetria: Ibovespa retoma parte superior acima da média de 6 meses
Recentemente, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, tem dado sinais de revigoramento, avançando para patamares superiores à média dos últimos seis meses. Embora a assimetria – uma medida de potencial risco-retorno – tenha se tornado um pouco mais negativa em comparação com a semana anterior, ainda assim há perspectivas de recuperação no horizonte. Para as Small Caps, categorizadas como ações de empresas com menor capitalização de mercado, a situação continua sendo promissora. Estas ações ainda estão em uma zona de compra interessante, mas só superarão a média de seis meses se o índice exceder os 2.175 pontos. Para investidores com um enfoque no longo prazo, esta é uma janela de oportunidade para considerar a alocação de recursos, tendo em vista o potencial de valorização dessas empresas.
Fluxo Investidor B3
Nas últimas duas semanas, o mercado financeiro brasileiro acolheu um influxo de R$ 817 milhões de investidores estrangeiros, elevando o total de novembro para R$ 1,8 bilhão. Esta entrada contraria a tendência observada em outubro, quando houve uma saída de R$ 2,8 bilhões. Em uma visão mais ampla do ano, mantém-se um saldo positivo de R$ 8,2 bilhões de investimento estrangeiro, apesar de estar abaixo dos R$ 24,2 bilhões registrados no final de julho, o que indica uma retração de quase 66%.
Quanto ao investidor local, incluindo institucionais e pessoas físicas, houve uma retirada de R$ 1,7 bilhão nos últimos dez dias, igualando a entrada estrangeira do mês. A saída de capitais das pessoas físicas foi marcante, atingindo R$ 1,4 bilhão. Contudo, destaca-se que em outubro, o investidor pessoa física havia contribuído com R$ 1,3 bilhão, marcando o terceiro mês consecutivo de entradas e elevando o saldo acumulado do ano para R$ 9,2 bilhões, superando pela primeira vez em 2023 os investimentos estrangeiros.
Defensivo / Agressivo – (beta)
Nas últimas semanas, observou-se um aumento na procura tanto por ações defensivas quanto por ações agressivas, refletindo um retorno generalizado dos investidores ao mercado. Esse interesse diversificado sugere que os investidores estão menos seletivos quanto ao perfil das ações, optando por não priorizar entre as mais seguras ou as mais arriscadas. A motivação para essa abordagem inclusiva pode ser atribuída às quedas generalizadas que afetaram todos os segmentos do mercado nos últimos meses.
BTC – Aluguel de Ações
Nas últimas duas semanas, houve um incremento na busca por aluguel de ações principalmente nos setores de Mineração e Siderurgia, Bens de Capital e financeiras (excetuando-se bancos). Esse padrão pode indicar que tais setores enfrentam pressões, possivelmente devido a reações aos resultados divulgados na temporada de balanços que começou no final de outubro.
Em contraste, os setores de Alimentos e Bebidas, tecnologia e saúde tiveram um desempenho mais robusto, acompanhado por uma queda na procura pelo aluguel de suas ações. Vale destacar que tecnologia e saúde possuem um valuation considerado menos atrativo atualmente, refletido em projeções mais elevadas para o múltiplo P/L (Preço/Lucro) nos próximos 12 meses.
Empresas como CVC, Metal Leve e Bradespar experimentaram um aumento significativo na demanda pelo aluguel de suas ações, o que pode denotar uma postura mais cautelosa ou especulativa dos investidores em relação a essas companhias. Por outro lado, Ambipar, Alliar e Movida demonstraram resiliência, com um decréscimo na demanda por aluguel de suas ações, refletindo uma visão de mercado mais otimista em relação a essas empresas.
Temporada de Balanços
Durante o terceiro trimestre, as projeções do Lucro Por Ação (LPA) para o Ibovespa deste ano tiveram um modesto incremento de 0,09%. Esse crescimento sutil reflete um ambiente macroeconômico internacional percebido como mais favorável no curto prazo. No entanto, é importante notar que, em uma perspectiva anual, há uma retração acumulada de quase 20%.
Projetando para o futuro, as expectativas se tornam mais positivas. Para o ano de 2024, as estimativas para o LPA do Ibovespa foram revisadas para cima em 3,71%, e para 2025, o otimismo é ainda mais evidente, com um aumento nas projeções de 4,09% registrado no último trimestre. Essas estimativas sugerem uma recuperação e crescimento contínuos nos próximos anos.
Tabela de Múltiplos e dados operacionais
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É importante destacar um aspecto crucial do nosso algoritmo do Genoma: ele foi projetado para avaliar o ciclo de fundamentos de uma empresa em conjunto com um modelo de precificação de ativos. No entanto, tais modelos não levam em consideração fatores além dos resultados das empresas e das expectativas futuras do mercado em torno de uma ação.
Para o mês de outubro, seguimos recomendando uma maior presença de ações dos fatores momentum, valor (value) e baixa volatilidade (low vol), diante do cenário de expectativa de queda da Selic mas que ainda segue com muitos desafios. Além de reduzirmos a exposição em ações que mais se prejudicam da abertura dos juros longos por conta do risco fiscal.