Mesmo com preços atrativos (valuation favorável), uma situação financeira saudável (baixa alavancagem) e sinais de que os juros estão em queda, não estamos observando um aumento na demanda por ações brasileiras. Essa situação pode ser explicada pelos desafios que estão sendo monitorados, tanto no cenário local quanto no internacional.
No cenário local, prevalecem as preocupações em relação à gestão da política fiscal, o que está gerando incertezas e receios entre os investidores. Por outro lado, no cenário internacional, a perspectiva de que as taxas de juros possam subir e permanecer elevadas por um período prolongado está atraindo investidores para ativos mais conservadores e altamente líquidos.
Esses fatores, tanto locais quanto internacionais, podem estar contribuindo para a falta de entusiasmo dos investidores em relação às ações brasileiras, mesmo diante de condições que, teoricamente, seriam favoráveis para o mercado de ações.
Valuations
Ibovespa está sendo negociado a 7,9x P/L projetado para os próximos 12 meses, vs média histórica de 11,0x, desconto de 28% sobre sua média.
Agora, se considerarmos as ações do Ibovespa (excluindo Petrobras e Vale), o índice está sendo negociando a 9,7x P/L, projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,2x), com desconto de 20% sobre sua média.
Ações de empresas ligadas a economia doméstica estão sendo negociadas a 9,2x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,0x) e desconto de 24% sobre sua média.
Quando levarmos em consideração apenas as empresas exportadoras, tais ações estão sendo negociadas a 7,5x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10x) e desconto de 26% sobre sua média.
As empresas de menor capitalização, Small Caps, estão sendo negociadas a 9,4x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (14,6x) e desconto de 36% sobre sua média.
Já as Mid-Large Caps estão sendo negociadas a 7,7x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,9x) e desconto de 29% sobre sua média.
Earnings yield
Sob a influência do estresse fiscal e do aumento nos rendimentos nos Estados Unidos, nas últimas semanas temos observado um movimento de alta nas taxas reais de longo prazo (NTN-B). Essa elevação das taxas tem tido um impacto negativo na precificação das ações, especialmente aquelas de menor capitalização e com maior ligação à economia doméstica.
Efeito queda da Selic nas Small Caps
A queda da taxa Selic tem um impacto profundo no ambiente econômico brasileiro, afetando diversos setores, incluindo as empresas de menor capitalização, conhecidas como small caps. Com a Selic em baixa, o custo de captação de recursos no mercado financeiro tende a diminuir. Isso beneficia diretamente as small caps, que frequentemente enfrentam maiores dificuldades em obter financiamento devido ao seu tamanho e perfil de risco.
Adicionalmente, um ambiente de juros baixos tende a incentivar investimentos em ativos mais arriscados, uma vez que a renda fixa se torna menos atrativa. Isso pode levar a maior demanda por ações de small caps, elevando seus preços e melhorando suas condições de capitalização no mercado de ações.
Preço/Lucro (PE) projetado por setor
Desempenho em 2023
Nas últimas semanas, os mercados globais de ações foram impactados por uma revisão dos cenários macroeconômicos, influenciada principalmente pelo aumento das taxas de juros nos Estados Unidos. Por conta da recente alta nos preços do petróleo tem aumentado as preocupações dos investidores sobre a possibilidade de uma política monetária mais restritiva por mais para combater a inflação está trazendo esses impactos. Esses fatores, combinados com os indicadores econômicos que mostram uma desaceleração, especialmente na Europa, têm contribuído para a tendência de queda observada recentemente nos mercados.
Na China, ainda persistem incertezas em relação ao setor imobiliário, enquanto nos Estados Unidos, apesar da resiliência da economia, as questões fiscais representam um grande desafio a curto prazo. Tudo isso tem pesado sobre o sentimento dos investidores e afetado o desempenho dos mercados de ações globais.
Assimetria: região da média de 6 meses favorece entrada de força compradora
Após as recentes quedas, o Ibovespa apresentou uma melhora em sua assimetria, aproximando-se da média dos últimos seis meses. Esse cenário oferece ao índice, tanto Ibovespa quanto de Small Caps, a capacidade de reagir de forma mais favorável às notícias positivas, mesmo diante de um contexto desafiador, tanto a nível interno quanto externo. É relevante destacar que os dados recentes referentes à inflação continuam a apoiar a perspectiva de redução da taxa Selic, embora a situação fiscal atue como um elemento contraponto a essa tendência.
O que tem sido observado é um baixo volume de negociações na bolsa brasileira. Esse fenômeno pode ser atribuído a várias razões, incluindo a falta de demanda por ações devido às incertezas tanto locais quanto externas. Por outro lado, também pode ser resultado da ausência de grandes liquidações de posições, possivelmente devido à condição técnica do mercado e à atratividade percebida das empresas de menor capitalização na bolsa brasileira. Em resumo, vários fatores podem estar contribuindo para esse baixo volume de negociações, e a combinação de incertezas e condições específicas do mercado desempenham um papel importante nesse cenário.
Fluxo Investidor B3
Nas últimas duas semanas, observamos um significativo fluxo de saída de R$ 1,1 bilhões por parte dos investidores estrangeiros. Quando olhamos para o ano como um todo, ainda se nota um saldo positivo de quase R$ 8,2 bilhões, bem distante das máximas observadas no final de julho quando esse saldo era de R$ 24,2 bilhões. Em relação ao investidor local, institucional e pessoa física, também houve saída nas últimas duas semanas, com valor acumulado de R$ 1,8 bilhões. No ano o saldo acumulado está negativo em R$ 26 bilhões, sendo que no pior momento do ano, esse saldo chegou a R$ 31 bilhões de fluxo de saída.
Defensivo / Agressivo – (beta)
Recentemente, observou-se um fluxo de saída de ações tanto defensivas quanto agressivas, indicando uma diminuição na exposição dos investidores à bolsa. Essa tendência vem após uma melhora significativa na demanda por ações defensivas ocorrida na quinzena anterior. Em outras palavras, os investidores parecem estar reduzindo sua participação no mercado de ações, independentemente do tipo de ação que possuem em suas carteiras. Isso pode refletir uma postura mais cautelosa diante das condições atuais do mercado ou das incertezas econômicas e geopolíticas.
BTC – Aluguel de Ações
Nas duas últimas semanas, houve um aumento significativo na demanda por aluguel de ações em vários setores. Observou-se uma forte procura nos setores de papel e celulose, imobiliário e transporte & logística. Vale destacar que, mesmo com a recente alta dos preços das commodities e a valorização das empresas do setor de celulose, houve uma demanda notável por aluguel nesse setor.
Por outro lado, os setores de varejo, construção civil e agronegócio se destacaram de forma positiva, com uma tendência de diminuição na demanda por aluguel de ações.
É interessante notar que algumas empresas específicas registraram um aumento significativo na demanda por aluguel de suas ações. Por exemplo, as empresas BR Foods, Sequia e Carrefour viram um aumento notável na procura por aluguel de suas ações. Por outro lado, empresas como Gafisa, Cyrela e Casas Bahia (ex-Via) também se destacaram positivamente nesse cenário com redução da demanda por parte do investidor.
Tabela de Múltiplos e dados operacionais
🧬 Genoma 2.0
Genoma Ações foi atualizado! A partir de agora temos um novo modelo de recomendações para atender completamente à demanda dos investidores de ações. Nós expandimos nossa cobertura para incluir todas as empresas do Índice Brasil Amplo (IBRA), proporcionando a você uma visão abrangente do mercado.
Nosso método aprimorado combina uma abordagem quantitativa e qualitativa, através de uma técnica conhecida como Análise de Fatores ou Factor Investing. Esta técnica nos permite criar uma lista de recomendações de ações, cada uma com um preço-alvo e um fator de ponderação associado. O objetivo é facilitar o processo de decisão e otimizar a montagem de carteiras de investimentos.
É importante destacar um aspecto crucial do nosso algoritmo do Genoma: ele foi projetado para avaliar o ciclo de fundamentos de uma empresa em conjunto com um modelo de precificação de ativos. No entanto, tais modelos não levam em consideração fatores além dos resultados das empresas e das expectativas futuras do mercado em torno de uma ação.
Para o mês de setembro, estamos recomendando uma maior presença de ações dos fatores momentum, valor (value) e baixa volatilidade (low vol), diante do cenário de expectativa de queda da Selic mas que ainda segue com muitos desafios. Além de reduzirmos a exposição em ações que mais se prejudicam da abertura dos juros longos por conta do risco fiscal.