A recente saída do investidor estrangeiro aumentou a demanda por ações por parte do investidor local. No entanto, acreditamos que esse investidor buscou alocar seus recursos em empresas e setores mais conservadores. O ajuste recente proporcionou uma melhoria na situação técnica, tornando o mercado mais receptivo a notícias positivas. Além disso, observamos que os níveis de valuation estão atrativos e esperamos a continuidade do movimento de queda da Selic.
No entanto, é importante considerar os fatores externos, como as taxas de juros nos EUA e a situação na China, bem como os fatores internos, incluindo o cenário fiscal brasileiro, que atuam como contrapontos. Esses elementos podem atrasar uma demanda mais sólida e consistente por ações no Brasil, tanto por parte do investidor local quanto do estrangeiro.
Valuations
Ibovespa está sendo negociado a 7,9x P/L projetado para os próximos 12 meses, vs média histórica de 11,0x, desconto de 28% sobre sua média.
Agora, se considerarmos as ações do Ibovespa (excluindo Petrobras e Vale), o índice está sendo negociando a 9,7x P/L, projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,2x), com desconto de 20% sobre sua média.
Ações de empresas ligadas a economia doméstica estão sendo negociadas a 9,3x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (12,0x) e desconto de 23% sobre sua média.
Quando levarmos em consideração apenas as empresas exportadoras, tais ações estão sendo negociadas a 7,5x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,1x) e desconto de 26% sobre sua média.
As empresas de menor capitalização, Small Caps, estão sendo negociadas a 9,9x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (14,6x) e desconto de 33% sobre sua média.
Já as Mid-Large Caps estão sendo negociadas a 7,7x P/L projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média histórica (10,9x) e desconto de 29% sobre sua média.
Earnings yield
Efeito queda da Selic nas Small Caps
A queda da taxa Selic tem um impacto profundo no ambiente econômico brasileiro, afetando diversos setores, incluindo as empresas de menor capitalização, conhecidas como small caps. Com a Selic em baixa, o custo de captação de recursos no mercado financeiro tende a diminuir. Isso beneficia diretamente as small caps, que frequentemente enfrentam maiores dificuldades em obter financiamento devido ao seu tamanho e perfil de risco.
Adicionalmente, um ambiente de juros baixos tende a incentivar investimentos em ativos mais arriscados, uma vez que a renda fixa se torna menos atrativa. Isso pode levar a maior demanda por ações de small caps, elevando seus preços e melhorando suas condições de capitalização no mercado de ações.
Preço/Lucro (PE) projetado por setor
Desempenho em 2023
Assimetria: região da média de 6 meses favorece entrada de força compradora
Após as recentes quedas, o Ibovespa apresentou uma melhora em sua assimetria, aproximando-se da média dos últimos seis meses. Esse cenário oferece ao índice, tanto Ibovespa quanto de Small Caps, a capacidade de reagir de forma mais favorável às notícias positivas, mesmo diante de um contexto desafiador, tanto a nível interno quanto externo. É relevante destacar que os dados recentes referentes à inflação continuam a apoiar a perspectiva de redução da taxa Selic, embora a situação fiscal atue como um elemento contraponto a essa tendência.
Fluxo Investidor B3
Nas últimas duas semanas, observamos um significativo fluxo de saída de R$ 2,6 bilhões por parte dos investidores estrangeiros. No entanto, quando olhamos para o ano como um todo, ainda se nota um saldo positivo de quase R$ 12 bilhões. Recentemente, esse investidor foi impactado por uma percepção mais negativa sobre a China, mas essa tendência vem melhorando nos últimos dias. Ao mesmo tempo, o movimento de alta dos juros nos EUA e o fortalecimento do dólar favoreceram essa saída de recursos. Diante da resiliência do Ibovespa nas últimas semanas, podemos concluir que o investidor local tem compensado essa saída do investidor estrangeiro.
Defensivo / Agressivo – (beta)
Apesar da recente melhora no desempenho do Ibovespa nos últimos pregões, ficou evidente uma mudança na postura do investidor em relação à demanda por ações agressivas e defensivas. Como observado no gráfico abaixo, houve um ponto de inflexão bastante significativo na virada do mês, de agosto para setembro. Acreditamos que esse movimento possa ser justificado pela melhora da percepção em relação à China, o que favorece as empresas exportadoras, e pela piora da situação fiscal, o que levou a uma abertura da curva de juros, principalmente nos vencimentos mais longos, prejudicando o desempenho das ações com perfil mais agressivo e mais ligadas ao setor doméstico. Esse sentimento tem mudado aos poucos recentemente, principalmente após a divulgação do IPCA, porém, podemos concluir que a entrada do investidor local foi marcada por uma busca por ações de perfil mais defensivo, ou seja, com betas inferiores a 1.
BTC – Aluguel de Ações
Nas duas últimas semanas, notamos um aumento significativo na demanda por aluguel de ações nos setores de varejo, transporte & logística e infraestrutura. Esse fenômeno pode ser atribuído ao recente avanço da curva de juros, especialmente nos vencimentos mais longos.
No entanto, em contraste com essa tendência, os setores de Alimentos & Bebidas, aéreo e de construção civil surgiram como pontos positivos. Recentemente, temos observado que os dados pré-operacionais do setor aéreo têm superado as expectativas. Quanto ao setor de construção civil, pode estar se beneficiando das expectativas do mercado em relação à queda da Selic.
Tabela de Múltiplos e dados operacionais
🧬 Genoma 2.0
Genoma Ações foi atualizado! A partir de agora temos um novo modelo de recomendações para atender completamente à demanda dos investidores de ações. Nós expandimos nossa cobertura para incluir todas as empresas do Índice Brasil Amplo (IBRA), proporcionando a você uma visão abrangente do mercado.
Nosso método aprimorado combina uma abordagem quantitativa e qualitativa, através de uma técnica conhecida como Análise de Fatores ou Factor Investing. Esta técnica nos permite criar uma lista de recomendações de ações, cada uma com um preço-alvo e um fator de ponderação associado. O objetivo é facilitar o processo de decisão e otimizar a montagem de carteiras de investimentos.
É importante destacar um aspecto crucial do nosso algoritmo do Genoma: ele foi projetado para avaliar o ciclo de fundamentos de uma empresa em conjunto com um modelo de precificação de ativos. No entanto, tais modelos não levam em consideração fatores além dos resultados das empresas e das expectativas futuras do mercado em torno de uma ação.
Para o mês de setembro, estamos recomendando uma maior presença de ações dos fatores momentum, valor (value) e baixa volatilidade (low vol), diante do cenário de expectativa de queda da Selic mas que ainda segue com muitos desafios. Além de reduzirmos a exposição em ações que mais se prejudicam da abertura dos juros longos por conta do risco fiscal.