Em semana de decisões de política monetária, Ibovespa (#IBOV) registrou queda superior a dois por cento (-2,31%) impactado pela alta dos juros e desvalorização cambial. Empresas ligadas ao setor doméstico foram as mais impactadas, enquanto exportadoras amenizaram movimento de baixa.
Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)
Os destaques positivos da semana ficaram com as empresas exportadoras, que se beneficiaram com a alta das commodities e a valorização do dólar em relação ao Real. Por outro lado, as empresas ligadas à economia doméstica foram impactadas pela abertura da curva de juros, especialmente nos vencimentos mais longos.
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Desempenho do Real
Real tem desempenho fraco nessa semana, impactado pela alta dos yields nos EUA e receios fiscais. Dentre as principais moedas globais desempenho só na foi pior do que o Peso Argentino.
Curva de Juros
Mais uma semana marcada pela abertura da curva de juros, especialmente nos vencimentos mais longos. Essa movimentação foi influenciada, entre outros fatores, pelas decisões de política monetária tanto no Brasil, com a reunião do COPOM, quanto nos Estados Unidos, com o FOMC.
No Brasil, o Copom optou por um corte de 0,50 pontos percentuais na taxa Selic, levando-a a 12,75%, e indicou que esse ritmo de corte deve se manter nas “próximas reuniões”, em linha com as expectativas. O Banco Central também reforçou a importância da execução das metas fiscais e revisou para cima suas projeções de inflação. Nos Estados Unidos, o FOMC sinalizou a intenção de manter as taxas de juros mais altas por um período prolongado, o que também impactou a curva de juros no mercado financeiro.
Esses eventos contribuíram para a abertura da curva de juros, particularmente nos prazos mais longos, refletindo as expectativas de evolução das políticas monetárias tanto no Brasil quanto nos EUA.
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Para as próximas decisões do COPOM, o mercado está majoritariamente apostando que o ritmo de corte da Selic em 0,50 ponto percentual irá continuar até a reunião de março de 2024, com uma redução no ritmo a partir de maio do ano que vem, quando passam a precificar reduções de 0,25 ponto percentual até a reunião de junho.
Fluxo Investidor Estrangeiro
Entre os dias 14 e 20 de setembro, a B3 registrou um fluxo de entrada de pouco mais de R$ 355 milhões por parte dos investidores estrangeiros, enquanto os investidores locais, incluindo institucionais e pessoas físicas, registraram uma saída de quase R$ 695 milhões. Nossa expectativa é que, diante dos últimos acontecimentos, principalmente se houver continuidade no movimento de altas dos rendimentos nos EUA, os fluxos não mostrem nenhuma grande evolução de entrada ou saída, como já vem ocorrendo.
Decisão do COPOM
Conforme amplamente antecipado, o Banco Central do Brasil reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira em 0,5 ponto percentual. A decisão foi unânime. O comunicado divulgado após a reunião está alinhado com as expectativas do mercado, reforçando a perspectiva de que cortes de juros de magnitude semelhante deverão ocorrer nas próximas reuniões. Isso diminui a probabilidade de reduções mais agressivas no curto prazo, embora não exclua totalmente essa possibilidade.
O comunicado trouxe uma novidade importante: a introdução de um parágrafo que destaca a importância fundamental de cumprir as metas de superávit primário estabelecidas no arcabouço fiscal para manter a trajetória de queda da taxa de juros no futuro próximo. Este parágrafo foi apresentado de forma independente, não vinculado ao balanço de riscos, o que demonstra a relevância atribuída pela autoridade monetária às metas fiscais.
Decisão do FOMC
Conforme amplamente previsto, o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, decidiu manter a taxa básica de juros inalterada na reunião do Fomc realizada ontem. No entanto, em contraste com o Banco Central do Brasil, o comunicado e o discurso do presidente da instituição após a reunião foram notavelmente mais rígidos do que o esperado.
Isso indica que a interrupção dos aumentos de juros nos EUA não marca necessariamente o fim do processo de aperto da política monetária. O comunicado e o discurso deixaram claro que a economia americana e a taxa de inflação permanecem resilientes, e que novos aumentos nas taxas de juros podem ser necessários para atingir a meta de inflação.
Além disso, 12 diretores do Federal Reserve indicaram que a taxa de juros provavelmente encerrará o ano de 2023 em um patamar mais elevado do que o atual, sugerindo a possibilidade de um aumento nas taxas na reunião de novembro.