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Publicado em 15 de Dezembro às 22:00:00

Expresso Bolsa Semanal: Copom acelera ritmo de alta

A semana foi marcada por grande volatilidade no mercado doméstico, impulsionada pela decisão do Copom de acelerar o ritmo do aperto monetário, com a elevação da Selic em 1 ponto percentual e a sinalização de mais duas altas de mesma magnitude nas próximas reuniões. Apesar dessa postura hawkish, que reforça o compromisso com o combate à inflação, os ativos brasileiros continuaram a ser penalizados devido às sinalizações negativas em relação à votação do pacote de corte de gastos no Congresso.

O cenário fiscal segue como principal foco de preocupação dos investidores, com incertezas crescentes sobre a aprovação de medidas essenciais para conter o déficit e estabilizar a economia. Esse ambiente contribuiu para a deterioração do mercado local, impactando tanto os juros futuros quanto o mercado acionário e cambial.

Nos mercados internacionais, os investidores se voltaram para a última decisão do ano do FOMC, marcada para o próximo dia 18 de dezembro. A expectativa em torno da política monetária dos Estados Unidos manteve os mercados globais em cautela, com apostas divididas sobre a continuidade ou interrupção do ciclo de aperto monetário.

Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)

Desempenho do Real (BRL)

O Real (BRL) registrou uma valorização de 0,44% em relação ao Dólar nessa semana. Comparativamente, a moeda brasileira apresentou um desempenho total (considerando a diferença de preços mais juros) acima da média se comparado a outras moedas globais, tanto de países desenvolvidos quanto emergentes.

Curva de Juros

Os juros futuros dispararam nos vencimentos médios e longos, impulsionados por um indicador de atividade mais forte do que o esperado e pelas persistentes incertezas em relação ao plano de corte de gastos do governo. A curva de juros agora precifica uma alta de 1,25 pontos percentuais da Selic em janeiro, com uma taxa terminal projetada de 16%, refletindo o aumento das preocupações com o controle fiscal e o combate à inflação.

Os ativos domésticos enfrentaram uma semana de penalizações significativas, pressionados por incertezas fiscais e pela postura hawkish do Copom, que decidiu elevar a Selic em 1 ponto percentual e sinalizou mais duas altas da mesma magnitude nas próximas reuniões. Essa postura reforça o compromisso do Banco Central em conter a inflação, mas adiciona pressão ao mercado financeiro.

A fragilidade fiscal foi intensificada pela sinalização de mudanças no pacote de contenção de gastos. O governo, pressionado pela insatisfação de sua base aliada, adiou para a próxima semana a votação dos projetos, enfrentando resistências especialmente em relação aos cortes no Benefício de Prestação Continuada (BPC). As negociações recentes indicam um possível afrouxamento do impacto fiscal, à medida que congressistas resistem a endurecer as propostas originais.

Esses fatores reforçam o ambiente desafiador para os ativos brasileiros, com o mercado precificando um cenário de maior risco fiscal e monetário. A falta de consenso em torno das medidas de austeridade e as crescentes dúvidas sobre a credibilidade da política econômica mantêm elevada a volatilidade e os prêmios de risco nos mercados locais.

Após a última decisão do Copom, que elevou a Selic em 1 ponto percentual para 12,25% ao ano de forma unânime, o mercado ajustou suas expectativas para as próximas reuniões. Agora, projeta-se que os próximos aumentos serão de 1,25 pontos percentuais, seguidos por altas de 1 ponto percentual e 0,75 ponto percentual, conforme o cenário econômico se desenvolve.

A projeção para 2025 também sofreu ajustes, com a taxa Selic sendo elevada em 0,25 ponto percentual nas expectativas do mercado, estimando-se que encerrará o ano em 16%. Esse movimento reflete as crescentes preocupações com o controle da inflação, as incertezas fiscais e a necessidade de preservar a credibilidade da política monetária em um ambiente de desafios internos.

O contínuo ajuste nas taxas de juros demonstra a tentativa do Banco Central de ancorar as expectativas inflacionárias, mesmo com o custo de uma taxa terminal mais alta. Esse cenário reforça a complexidade do ambiente doméstico, exigindo atenção redobrada dos investidores às condições do mercado de renda fixa e aos impactos sobre o crédito e a atividade econômica no médio prazo.

Fluxo Investidor Estrangeiro

Entre os dias 5 e 11 de dezembro, o mercado de ações brasileiro registrou uma entrada líquida de capital estrangeiro de R$ 1 bilhão, reduzindo a saída acumulada no ano para R$ 32,7 bilhões. No mês de dezembro, o saldo positivo dos estrangeiros já alcança quase R$ 2 bilhões, sinalizando um interesse renovado por parte desse grupo de investidores, mesmo em meio às incertezas fiscais.

Por outro lado, os investidores institucionais continuam a reduzir suas posições, com uma saída de R$ 1,6 bilhão no período. No acumulado de 2023, o saldo dos institucionais permanece amplamente negativo, totalizando R$ 31,8 bilhões em retiradas. Em dezembro, o movimento de saídas segue, somando R$ 3 bilhões até agora, marcando o oitavo mês consecutivo de fluxos negativos para esse segmento, refletindo a cautela diante do ambiente desafiador.

Os investidores pessoa física, que até então vinham sustentando entradas, realizaram vendas líquidas de R$ 317 milhões no período, acumulando uma saída de R$ 181 milhões em dezembro. Essa é a primeira saída líquida após três meses consecutivos de entradas, mas no acumulado do ano o saldo segue positivo, com um robusto R$ 27,6 bilhões.

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