Na última semana, o Ibovespa (#IBOV) se destacou com um desempenho em dólares superior ao das bolsas americanas e de outros países emergentes. Esse desempenho notável foi impulsionado por uma forte entrada de investidores estrangeiros no mercado brasileiro. Além disso, os dados macroeconômicos recentes continuam a apoiar a ideia de um pouso suave (“soft landing”) nos Estados Unidos, contribuindo para o otimismo no mercado.
Por outro lado, as bolsas chinesas e o dólar global enfrentaram mais uma semana de queda. A continuidade da baixa performance das bolsas chinesas pode estar relacionada a desafios específicos da economia do país, enquanto a desvalorização do dólar global reflete mudanças nas expectativas dos investidores em relação à política monetária dos EUA e à economia global.
Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)
Entre os destaques positivos no mercado acionário, a Braskem se sobressaiu com uma das maiores altas, mesmo diante da operação deflagrada pela Polícia Federal, que investiga os crimes relacionados à exploração de sal-gema em Maceió (AL). Este desempenho pode indicar que os investidores estão pesando outros fatores, além das investigações, ao avaliar as perspectivas da empresa.
Os frigoríficos também tiveram um desempenho notável, impulsionados por um upgrade nas recomendações de casas de investimento. Essa melhoria nas perspectivas de avaliação sugere uma visão mais otimista sobre o potencial dessas empresas no mercado.
As ações ligadas à economia doméstica foram positivamente influenciadas pelo fechamento da curva de juros no Brasil, refletindo as expectativas de um ambiente econômico mais favorável para essas empresas.
No que diz respeito às maiores baixas, observou-se que a maioria dos ativos passou por uma realização de lucros após terem registrado ganhos expressivos nas semanas anteriores. Esse movimento de realização é comum no mercado financeiro, onde os investidores optam por garantir os lucros obtidos em períodos de alta, especialmente após uma sequência de ganhos significativos.
Desempenho do Real (BRL)
Durante a semana, o Real (BRL) apresentou uma valorização expressiva de 1,71% em relação ao dólar. Esse fortalecimento foi influenciado por uma série de fatores, destacando-se os dados econômicos mais fracos do que o esperado nos Estados Unidos. Indicadores importantes como o PCE (índice de preços para despesas de consumo pessoal) e o PIB americano vieram abaixo das expectativas, sugerindo uma possível desaceleração econômica na maior economia do mundo.
Além disso, a elevação do rating de crédito do Brasil pela S&P (Standard & Poor’s) contribuiu para impulsionar os ganhos dos ativos domésticos. A agência de classificação de risco elevou a nota de crédito do Brasil de BB- para BB, citando a aprovação da reforma tributária como um fator importante. Essa reforma é vista como parte de um histórico de “implementação pragmática de políticas” no país, o que aumenta a confiança dos investidores no cenário econômico brasileiro.
Esses desenvolvimentos, combinados, tiveram um impacto positivo na percepção do mercado sobre o Brasil e contribuíram para o fortalecimento do Real. A melhoria no rating de crédito, em particular, é um indicativo de maior estabilidade e confiança na economia brasileira, o que pode atrair mais investimentos estrangeiros e fortalecer ainda mais a moeda nacional.
Curva de Juros
Na última semana, o mercado financeiro brasileiro registrou um movimento interessante nos juros futuros, que acompanharam o alívio do câmbio e apresentaram uma tendência de queda. Essa redução nas taxas futuras foi impulsionada por dois fatores principais: a queda dos yields (rendimentos) no mercado internacional e os dados econômicos internos mais fracos do que o esperado.
Um dos indicadores que contribuíram para esse cenário foi o IBC-Br, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, que apresentou uma queda de 0,06% em outubro. Essa redução foi um pouco melhor do que a baixa estimada de 0,10%, mas ainda reflete um ritmo mais lento na economia brasileira. Na comparação anual, o índice registrou uma alta de 1,54%, o que ficou abaixo do aumento projetado de 1,75%.
Além disso, o cenário fiscal do país também está em foco. O ministro Fernando Haddad anunciou que novas medidas fiscais serão reveladas na próxima semana. Ele reiterou o compromisso do governo em alcançar a meta de déficit zero até 2024, um sinal importante de responsabilidade fiscal e de estabilidade econômica.
Veja o calendário econômico para a próxima semana.
Para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), há uma expectativa de que novos cortes sejam realizados na taxa Selic. As projeções atuais sugerem reduções de 0,50 ponto percentual até junho de 2024. A partir de agosto, prevê-se que o ritmo de cortes diminua para 0,25 ponto percentual. Com base nessas expectativas, antecipa-se que a taxa Selic encerre o ano de 2024 em 9% ao ano. Esta previsão representa uma baixa em comparação à estimativa anterior de 9,25% ao ano, conforme constava em nosso relatório de 15 de dezembro.
Durante a semana entre o Natal e o Ano Novo, o cenário internacional em termos de dados econômicos será relativamente tranquilo, com poucos eventos significativos agendados. No entanto, alguns destaques merecem atenção:
Na terça-feira, os olhos dos investidores se voltarão para a China, com a divulgação dos lucros industriais do país referentes a novembro. Esse dado é importante pois oferece insights sobre a saúde da economia chinesa, que é uma das maiores e mais influentes do mundo. O desempenho dos lucros industriais pode impactar os mercados globais, especialmente em setores que dependem fortemente da produção e do consumo chinês.
No mesmo dia, as atenções também estarão voltadas para o Japão, com a divulgação de dados de atividade relativos ao mês passado. Os investidores estarão analisando a produção industrial e as vendas no varejo japonesas. Esses indicadores são cruciais para avaliar o estado da terceira maior economia do mundo, fornecendo pistas sobre a saúde do setor industrial e do comportamento do consumidor no Japão.
Fluxo Investidor Estrangeiro
Entre os dias 14 de novembro e 20 de dezembro, o mercado de ações brasileiro teve mais uma entrada significativa de capital estrangeiro, somando R$ 9,8 bilhões no período. Com esse movimento, o saldo de investimento estrangeiro no acumulado do ano já é superior a R$ 41 bilhões, maior nível de participação do ano, com uma entrada somente no mês de dezembro de R$ 14 bilhões.
Por outro lado, os investidores locais apresentaram uma tendência oposta, com um movimento de saída de capital. Os investidores institucionais retiraram R$ 5,8 bilhões, enquanto as pessoas físicas registraram uma saída de quase R$ 2 bilhões. Para o investidor institucional, o saldo anual continua negativo, totalizando uma saída de R$ 63,3 bilhões do mercado acionário brasileiro em 2023, marcando o menor nível de participação neste ano.