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Publicado em 01 de Setembro às 15:15:10

Expresso Bolsa Semanal: Economia dos EUA; Commodities reagem; Orçamento para 2024

Em uma semana onde ações globais e commodities se destacaram positivamente, o Ibovespa (#IBOV) teve sua segunda semana consecutiva de alta. No entanto, continuou a mostrar um padrão de movimento lateralizado. Ficou evidente a resiliência do índice quando, após se aproximar do suporte na faixa dos 116 mil pontos, ele evitou uma potencial continuidade da reversão de sua tendência ascendente. Os destaques da semana incluíram uma série de indicadores econômicos mais fracos nos EUA, que resultaram em uma desvalorização do dólar e na queda dos rendimentos dos títulos americanos. Por outro lado, informações mais animadoras sobre a economia chinesa surgiram, juntamente com o anúncio de novos estímulos por parte das autoridades chinesas. Adicionalmente, a apresentação do orçamento para 2024 trouxe certa tensão para o mercado. Embora tenha gerado preocupações, não conseguiu ofuscar os ganhos acumulados ao longo da semana.

Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)

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Curva de Juros

A entrega do Orçamento fiscal gerou uma onda de tensão nos mercados, resultando em um ajuste na curva de juros, especialmente nos prazos mais extensos. Esse cenário refletiu o ceticismo crescente dos agentes de mercado em relação às promessas governamentais de atingir um déficit zero em 2024, conforme proposto no orçamento apresentado ao Congresso.

A desconfiança do mercado foi acentuada pela proposta de medidas voltadas a incrementar a receita, que soaram pouco convincentes a muitos analistas. O mau humor do mercado foi ainda mais intensificado por dados fiscais que ficaram aquém das expectativas, reforçando a percepção de que as metas fiscais são ambiciosas e, talvez, irrealistas no atual contexto econômico. Este cenário reforça a importância de um acompanhamento rigoroso das metas e da transparência na comunicação das medidas econômicas por parte do governo.

Fluxo Investidor Estrangeiro

Entre os dias 24 e 30 de agosto, a B3 testemunhou um fluxo de saída contínuo, tanto por parte dos investidores estrangeiros quanto dos locais. Apesar de uma desaceleração no ritmo dessas saídas em comparação com períodos anteriores, o cenário de retiradas ainda se manteve. Até o dia 30 de agosto, a posição líquida do investidor estrangeiro na B3 ficou em R$ 11,7 bilhões. Em contraste, ao final de julho, essa posição estava em R$ 24,2 bilhões. Isso representa uma drástica redução de mais de 50% em apenas um mês.

Dados mostram economia americana desacelerando

Esta semana trouxe uma série de indicadores econômicos dos Estados Unidos que não corresponderam às expectativas. O panorama revela uma economia americana em desaceleração, com dados que apontam para um mercado de trabalho mais frouxo e um crescimento econômico mais tímido.

A confiança do consumidor tornou-se um ponto de destaque, registrando 106 pontos, uma marca bem abaixo das expectativas dos analistas, que esperavam um número em torno de 116 pontos. Esta queda pode ser um indicativo da percepção dos consumidores sobre a saúde econômica do país e de suas perspectivas para o futuro próximo.

No mercado de trabalho, embora 8,8 milhões de novas vagas tenham sido adicionadas em agosto, esse número ficou aquém das projeções, que estimavam cerca de 9,478 milhões de novas vagas. Além disso, a economia privada gerou apenas 177 mil empregos durante o mês, em comparação com as estimativas que projetavam 200 mil.

A economia dos EUA também mostrou sinais de desaceleração em termos de crescimento do PIB. A segunda estimativa para o PIB do segundo trimestre deste ano mostrou um crescimento anualizado de apenas 2,1%, inferior à previsão anterior de 2,6%.

Por fim, o Índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE) – o indicador preferencial de inflação do Federal Reserve – desacelerou notavelmente. Enquanto no primeiro trimestre de 2023 o PCE cresceu 4,1%, no segundo trimestre essa taxa caiu para 2,5%. O núcleo do PCE, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, também diminuiu, de 4,9% no primeiro trimestre para 3,7% no segundo.

Todos esses fatores, em conjunto, sugerem um cenário de desaceleração econômica nos EUA, com um processo gradual de redução da inflação. Será crucial observar como o Federal Reserve e outros formuladores de políticas respondem a esse ambiente nos próximos meses.

Buscando um ponto de inflexão

A China, após enfrentar desafios significativos, tem demonstrado sinais de melhoria em sua conjuntura econômica. Mesmo sem sinalizar o uso de grandes pacotes de estímulo, as autoridades chinesas estão adotando uma série de ações menores para combater o pessimismo do mercado e fomentar sua economia.

Setembro se iniciou com perspectivas mais otimistas para o principal índice acionário da Ásia, especialmente após o duro golpe em agosto, quando o mercado chinês experimentou sua maior queda desde fevereiro. Durante esse período turbulento, enquanto a maioria dos investidores estrangeiros retirava seus investimentos de quase todos os mercados emergentes da Ásia, a Índia destacou-se como uma exceção. O mercado indiano atraiu investidores, evidenciando o potencial do país como uma alternativa viável em comparação com a China.

Recentemente, as autoridades chinesas adotaram medidas voltadas ao mercado imobiliário, buscando sustentar a demanda sem comprometer significativamente a solidez dos bancos. Analistas acreditam que tais ações deverão reforçar a confiança dos investidores no mercado de ações.

Na última quinta-feira, um comunicado conjunto do Banco Popular da China e da Administração Nacional de Regulação Financeira estabeleceu novas diretrizes: o pagamento mínimo será de 20% para compradores de imóveis pela primeira vez e de 30% para aqueles adquirindo sua segunda propriedade. Adicionalmente, ajustes nas taxas de hipotecas serão definidos diretamente entre bancos e seus clientes. Estas políticas entrarão em vigor a partir de 25 de setembro.

Vale notar que, mesmo com essas ações, o mercado imobiliário chinês ainda enfrenta desafios, como evidenciado pelo declínio nas vendas de casas no país pelo terceiro mês consecutivo em agosto.

Déficit primário e expectativas negativas: o risco fiscal está de volta

A saúde fiscal do Brasil está se tornando uma crescente fonte de inquietação para analistas e está influenciando as avaliações do mercado financeiro. A incerteza em torno da capacidade do governo de alcançar uma meta de equilíbrio primário zero em 2024 foi agravada por números fiscais de 2023, que até agora têm mostrado resultados mais decepcionantes do que os previstos tanto pelo governo quanto por especialistas.

Dados recentemente divulgados detalharam o desempenho fiscal de 2023. Esses números revelaram que, em julho, o setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ 35,933 bilhões, excedendo as projeções de analistas que esperavam um déficit de R$ 30,850 bilhões. No acumulado entre janeiro e julho de 2023, o déficit chegou a R$ 56,179 bilhões. Para colocar em perspectiva, o mesmo período do ano anterior, 2022, havia registrado um superávit primário de R$ 150,335 bilhões. Isso significa que, ao comparar os dois períodos, o resultado primário deteriorou-se em impressionantes R$ 206,514 bilhões, equivalendo a uma mudança negativa de mais de 2% do PIB.

Com este resultado, entre junho e julho de 2023 a Dívida Líquida do setor público passou de 59,1% para 59,6% do PIB, o maior nível desde janeiro de 2021, e a Dívida Bruta do Governo Geral passou de 73,6 para 74,1% do PIB, o maior número desde novembro de 2022.

Possível fim do JCP em 2024

O Governo Federal publicou o projeto de lei (PL) para eliminar o Juros sobre Capital Próprio (JCP) a partir de jan/24. O PL ainda precisa ser aprovada no Congresso até o final desse ano para passar a valer em 2024. Acreditamos que o JCP venha ser substituído eventualmente pelo ACE (Allowance for Corporate Equity) usado em vários países europeus.

Para mais detalhes, acesse: Fim do JCP ou substituição do mesmo?

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