A semana foi marcada por uma tendência de alta para a maioria dos ativos de risco, influenciada principalmente pelas expectativas do mercado em relação à trajetória dos juros nos Estados Unidos. Os dados recentes de inflação ao consumidor nos EUA, juntamente com indicadores de atividade econômica mais fracos, aumentaram as chances de uma menor necessidade de manter os juros em patamares elevados. Isso poderia, por sua vez, mitigar o impacto sobre a economia americana. Como consequência dessas expectativas, as bolsas de valores registraram alta em geral, o dólar global se desvalorizou e houve um fechamento da curva de juros nos Estados Unidos. Essa tendência também se refletiu nos mercados emergentes, como o Brasil, onde a curva de juros apresentou comportamento semelhante.
Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)
A semana no mercado de ações foi marcada por desempenhos positivos em setores que possuem uma correlação inversa com a taxa de juros, destacando-se principalmente small caps, varejo, e-commerce e construção civil. Com o encerramento da temporada de balanços, as empresas que recentemente divulgaram seus resultados financeiros também tiveram um impacto significativo, aparecendo entre os destaques positivos ou negativos. Por outro lado, as ações ligadas às commodities tiveram um desempenho negativo, com destaque especial para o setor de petróleo. Esta tendência negativa reflete a postura dos investidores, que estão se preparando para um possível movimento de redução da atividade econômica global. Esse cenário evidencia como os resultados corporativos e as expectativas macroeconômicas podem influenciar diferentes setores do mercado de ações, resultando em variações significativas no desempenho das ações.
Desempenho do Real (BRL)
O Real teve um desempenho positivo em relação ao dólar, porém de menor intensidade se comparado com outras moedas globais, especialmente as de países emergentes. Esse movimento pode ser justificado por diversos fatores. Além da desvalorização do dólar, o diferencial de juros, influenciado pelas expectativas de baixa dos juros no Brasil, pode ter tido um impacto significativo na performance do Real. Além disso, é importante considerar o excelente desempenho recente do Real nas últimas semanas.
Curva de Juros
A semana foi marcada por um fechamento contínuo da curva de juros, refletindo a expectativa do mercado de uma necessidade reduzida de juros mais altos no futuro. Contribuindo para esse movimento, observou-se uma queda nos rendimentos nos Estados Unidos. Além disso, a semana trouxe indicadores econômicos brasileiros menos otimistas, com o volume de serviços e o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apresentando números abaixo das expectativas dos investidores. Esses dados econômicos desfavoráveis foram acompanhados por um noticiário menos impactante vindo de Brasília em relação às questões fiscais. Tal conjuntura levou os investidores a ajustarem suas expectativas para a taxa Selic, antecipando que ela possa ficar abaixo dos 10% ao ano ao final de 2024.
Veja o calendário econômico para a próxima semana.
Para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), há uma expectativa de que novos cortes sejam realizados na taxa Selic. As projeções atuais sugerem reduções de 0,50 ponto percentual até maio de 2024. A partir de junho, prevê-se que o ritmo de cortes diminua para 0,25 ponto percentual. Com base nessas expectativas, antecipa-se que a taxa Selic encerre o ano de 2024 em 9,75% ao ano, uma ligeira redução em relação à estimativa anterior de 10% ao ano, como indicado no relatório de 10 de novembro.
Fluxo Investidor Estrangeiro
Entre os dias 08 e 14 de novembro, o mercado de ações brasileiro vivenciou uma entrada significativa de capital estrangeiro, totalizando R$ 4,3 bilhões. Com isso, o saldo de investimento estrangeiro no acumulado do ano aproxima-se dos R$ 14 bilhões. Destaca-se que, partindo de um saldo mínimo próximo de R$ 6 bilhões neste ano, o investidor estrangeiro mais do que dobrou sua participação no mercado acionário brasileiro em menos de um mês.
Em contraste, os investidores locais mostraram um movimento de retirada de capital. Os investidores institucionais retiraram R$ 3,9 bilhões e as pessoas físicas tiveram uma saída de R$ 1,8 bilhões. Para o investidor pessoa física, novembro está se configurando como o primeiro mês de fluxo negativo desde junho deste ano, com um saldo acumulado de saída de R$ 3,6 bilhões no mês. De julho a outubro, o saldo acumulado de compras desses investidores foi de R$ 8,7 bilhões.
No que se refere ao investidor institucional, o saldo anual permanece negativo, com uma saída de R$ 38 bilhões do mercado acionário brasileiro, o que representa o menor nível de participação em 2023.