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Publicado em 18 de Novembro às 16:07:21

Expresso Bolsa Semanal: Fed jogando contra; PEC da Transição; Final da Temporada de Balanços

Em uma semana de grande volatilidade, algumas commodities agrícolas, gás natural, ações e moedas europeias apresentaram desempenho positivo. Do lado negativo, semana de queda para o petróleo, ações norte-americanas e brasileiras. Entre os grandes eventos da semana, houve os discursos dos membros do Fed alertando sobre a trajetória de juros nos EUA (para cima) enquanto no Brasil o tema fiscal dominou os discussões das mesas de operações sobre o que teremos ou não de desafios para os próximos anos. No Brasil ainda, temporada de balanços teve seu encerramento com alguns resultados importantes.

Sem espaço para afrouxo monetário

Nos EUA, a semana foi marcada pela “força-tarefa” do Fed em evitar um alívio excessivo das condições financeiras. Assim, deveremos acompanhar no curto prazo, sempre que houver uma reação positiva das bolsas, queda nas expectativas sobre as taxa de juros e queda do Dólar, membros do banco central norte-americano vindo a público, de maneira incisiva, falar sobre a necessidade de controlar a inflação.

Esse tipo de postura deve se intensificar depois de uma mudança na percepção do mercado sobre a taxa de juros terminal nos EUA e de dados inflacionários melhores do que o esperado.

Com o CPI surpreendo positivamente na semana passado e mais recentemente, a Inflação ao produtor (PPI) no ano contra ano ficando significativamente abaixo das expectativas em outubro foi o que mercado precisava para melhorar sua percepção sobre oportunidade em ações. Além do “headline” mais baixo, a abertura e a qualidade do PPI ajudaram a dar ímpeto a visão de que a inflação possa estar caminhando na direção correta.

À medida que a inflação deixar de ser a principal narrativa do mercado, devemos entrar na narrativa da recessão e qual será seu tamanho, duração, magnitude e velocidade. Por enquanto, seguimos conservadores quanto a uma maior exposição em ações americanas, optando no momento por setores mais perenes e empresas menos alavancadas.

Estamos em uma fase em que a posição técnica, ou seja, exposição do mercado e a sazonalidade jogam a favor dos ativos de risco. O mercado está leve, com muito dinheiro em caixa e pronto para alocações especulativas. Por outro lado, o Fed continuará atuando de maneira a evitar esse sentimento, já que isso dificulta o seu trabalho de controle da inflação.

Quantitative Tightening (QT)

Além dos juros, outro instrumento que permite ao Fed reduzir as condições financeiras ocorre através da redução do seu balanço de ativos. Veja que o balanço do Fed está no nível mais baixo em 52 semanas pela primeira vez desde dezembro de 2019, sendo reduzido cerca de US$ 340 bilhões em relação ao pico de abril e US$ 133 bilhões, somente nas últimas 5 semanas. Este é o maior declínio de 5 semanas desde julho de 2020.

Porém, vejam que o trabalho do Fed ainda está longe de chegar ao seu fim. Numa visão mais ampliada sobre o seu balanço.

China é incógnita

Na China, a economia ainda segue com baixa atividade econômica, e sem sinais incipientes de uma recuperação. Investidores estão dando o benefício da dúvida, já que o mercado passa a olhar para frente e colocando esperanças nas recentes medidas de suporte a economia e de flexibilização da Covid Zero, somada a medidas de ajuste no mercado imobiliário. A situação ainda segue bastante complicada, com casos aumentando diariamente, ao mesmo tempo em que as reações do mercado mostram um sentimento mais positivo. Metais industrias, mineradoras e siderúrgicas reagiram bem na última semana.

A situação chinesa retorna para o nosso radar, onde estaremos buscando de oportunidades já que os ativos correlacionados estão com preços atrativos.

PEC da transição ou da volatilidade?

No Brasil, as negociações em torno da PEC de Transição, equipe econômica continuam e seguimos com bastante volatilidade. O mercado seguirá extremamente sensível até que este tema seja endereçado para melhor ou pior.

A conta é “simples”, se o governo gastar mais, aumentará o déficit público, aumentando a inflação e como consequência teremos dólar para cima, taxas de juros para cima e bolsa para baixo. O oposto também é verdadeiro. Veja a “boca de jacaré” formada nessa semana na curva de juros brasileira.

O grande desafio do governo eleito está em passar um sinal de responsabilidade fiscal, algo que não foi feito até o momento.

Nossa visão é de que os ativos brasileiros em sua maioria, principalmente os ligadas à atividade doméstica, estão com preços atrativos, porém, se não houver espaço para uma redução da Selic em 2023, esses preços devem continuar atrativos.

Dada essa volatilidade recente e o histórico do governo eleito em tempos passados iremos focar nossas recomendações em empresas mais resilientes, que dependam mais da atividade externa ou com capacidade para superar esse ambiente de juros mais altos e inflação persistente (baixa alavancagem e poder de repassar custos). Estamos mais pessimistas, porém, abertos caso ocorra uma a mudanças na postura do governo eleito.

Final da Temporada de Balanços no Brasil

📚 Ânima (ANIM3) | Análise 3T22: Bons resultados; alavancagem preocupa 

Ânima (ANIM3) reportou o maior crescimento de receita dentre as empresas sob nossa cobertura.

🌱 Boa Safra Sementes (SOJA3) | 3T22: Apesar do atraso, positivo

Apesar do crescimento de receita, a Boa Safra Sementes divulgou números apenas satisfatórios no 3T22. Atraso de produção e preços de soja elevados comprometeram as margens, mas gostamos da tese olhando adiante.

🏦 BMG (BMGB4) | Resultado 3T22: Imposto ajudou o lucro. Melhoras a partir de 4T22

O BMG registrou no 3T22 lucro similar aos trimestres passados reportando o valor de R$ 53b, em linha com as nossas expectativas. Mas o lucro teve uma ajudinha. Olhando para frente, esperando que o lucro tenho uma dinâmica melhor à partir do 4T22.

🏦 Banrisul (BRSR6) | Resultado 3T22: Selic e despesas de pessoal pressionando o tri

O Banrisul reportou mais um resultado volátil com queda em rentabilidade. O lucro líquido ajustado do 3T22 foi de R$ 138m, -40% menor t/t, -20% mais fraco a/a e -28% inferior as nossas estimativas de R$ 191m. As receitas seguem pressionadas pela Selic mais alta, enquanto despesas com provisões continuam em patamar elevado e com volatilidade. Mas a maior surpresa foi o aumento das despesas com pessoal de +12,9% t/t e 20% a/a por conta do dissídio salarial e pelo acordo coletivo de pagamento único de cesta básica. 

🚗 Localiza (RENT3) | 3T22: deixando o remédio para trás e capturando sinergias

Localiza divulgou resultados positivos em relação ao 3T22, superando nossas expectativas e do mercado se desconsiderarmos os efeitos não recorrentes relacionados à fusão. Os grandes destaques do resultado foram: i) o forte volume de carros comprados (a adição líquida de frota foi superior ao número de carros desinvestidos no carve-out), ii) o desempenho acima da média do mercado na divisão de seminovos e iii) a forte redução nos custos com vendas e despesas gerais e administrativas (mais de 20% inferior às nossas estimativas) devido à captura instantânea de sinergias na combinação das empresas.

🟪 Nubank (NUBR33) | Resultado 3T22 acima das expectativas 

Nu Holdings reportou lucros 3T22 que superaram o consenso dos analistas. A receita mais forte do que o esperado ajudou a fintech a enfrentar um aumento da inadimplência. O lucro líquido ajustado US$ 63,1m mais do que triplicou em relação ao trimestre anterior, superando a estimativa média de US$ 32,6m. A receita do Nubank subiu para um recorde de US$ 1,3b, acima dos US$ 1,1b esperados, com os clientes subindo para 70,4 milhões.

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