A última semana de novembro testemunhou uma forte alta nas ações de países emergentes, commodities e ações de valor nos EUA, contrastando com os desempenhos negativos do dólar e das taxas de juros nos EUA. Este movimento é largamente atribuído ao sentimento do investidor quanto ao fim do ciclo de alta dos juros nos Estados Unidos, bem como às expectativas de um pouso suave para a economia americana. A entrada de capital por parte do investidor estrangeiro foi notável, aproximando-se da máxima do ano. Esse fluxo de investimentos estrangeiros é um indicador significativo do crescente interesse e confiança nos mercados emergentes e outros ativos considerados de maior risco.
Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)
A semana no mercado de ações foi marcada por uma movimentação positiva tanto em empresas exportadoras quanto domésticas, indicando que os investidores estão diversificando suas posições em diferentes setores e estilos de ações. Nesse cenário, o preço das ações tem sido um fator decisivo, juntamente com o noticiário específico de cada empresa.
Um destaque negativo foi a situação da Braskem, que enfrentou notícias adversas relacionadas a uma de suas minas em Alagoas. A empresa foi notificada sobre uma condição crítica na mina, que está afetando a segurança e comprometendo os lares de diversas pessoas na região.
Desempenho do Real (BRL)
Real (BRL) apresentou um desempenho positivo, valorizando-se em 0,62% frente ao dólar. Este fortalecimento do Real ocorreu em um contexto global de desvalorização do dólar e queda dos yields (rendimentos) nos Estados Unidos.
Contribuindo para essa dinâmica, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, fez declarações indicando que a política monetária americana encontra-se em um “território bastante restritivo”. Powell também ressaltou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) está adotando uma abordagem cautelosa, considerando riscos mais equilibrados. Essas observações sinalizam uma potencial desaceleração no ritmo de elevação das taxas de juros nos EUA, o que pode ter influenciado a valorização de moedas de mercados emergentes, como o Real.
Essas declarações de Powell refletem uma postura mais moderada do Fed em relação às futuras ações de política monetária, o que é interpretado pelos mercados como um sinal positivo, reduzindo a pressão sobre as moedas emergentes e contribuindo para a recente alta do Real frente ao dólar.
Curva de Juros
A semana foi marcada por um fechamento (queda) da curva de juros no Brasil, influenciada por diversos fatores, tanto internacionais quanto locais. Internacionalmente, a queda do dólar e dos juros nos Estados Unidos teve um papel significativo, especialmente com o aumento das expectativas de um possível corte nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) já no primeiro semestre de 2024.
No cenário local, as declarações de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central do Brasil, também influenciaram esse movimento. Galípolo enfatizou que a discussão atual está mais voltada para o nível da taxa de juros terminal, em vez do ritmo de cortes. Ele também observou que a inflação no Brasil está em uma trajetória bastante benigna, indicando uma possível flexibilização da política monetária no futuro.
Veja o calendário econômico para a próxima semana.
Para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), há uma expectativa de que novos cortes sejam realizados na taxa Selic. As projeções atuais sugerem reduções de 0,50 ponto percentual até maio de 2024. A partir de junho, prevê-se que o ritmo de cortes diminua para 0,25 ponto percentual. Com base nessas expectativas, antecipa-se que a taxa Selic encerre o ano de 2024 em 9,50% ao ano. Esta previsão representa uma redução em comparação à estimativa anterior de 9,75% ao ano, conforme constava em nosso relatório de 24 de novembro.
Fluxo Investidor Estrangeiro
Entre os dias 23 e 29 de novembro, o mercado de ações brasileiro teve mais uma entrada expressiva de capital estrangeiro, somando R$ 3,1 bilhões. Com esse movimento, o saldo de investimento estrangeiro no acumulado do ano se aproxima agora dos R$ 25 bilhões, maior nível de participação do ano, com uma entrada somente no mês de novembro de R$ 18,5 bilhões.
Por outro lado, os investidores locais apresentaram uma tendência oposta, com um movimento significativo de retirada de capital. Os investidores institucionais retiraram R$ 3,4 bilhões, enquanto as pessoas físicas registraram uma saída pequena de R$ 159 milhões. Novembro está se configurando como o primeiro mês de fluxo negativo para o investidor pessoa física desde junho deste ano, com um saldo acumulado de saída de R$ 5,7 bilhões. Para o investidor institucional, o saldo anual continua negativo, totalizando uma saída de R$ 50 bilhões do mercado acionário brasileiro em 2023, marcando o menor nível de participação neste ano.