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Publicado em 08 de Dezembro às 22:01:00

Expresso Bolsa Semanal: Fiscal coloca Brasil na contramão

A semana foi marcada por alta na maioria dos ativos globais, com destaque para o Bitcoin e os mercados europeus, que lideraram o movimento positivo. O otimismo internacional contrastou com a contínua deterioração dos ativos brasileiros, que novamente ficaram na contramão do cenário global.

As expectativas negativas em relação à condução do pacote de cortes de gastos no Congresso foram o principal fator de pressão sobre o mercado local. A incerteza sobre a aprovação das medidas fiscais reforçou o sentimento de desconfiança, agravando as condições para os ativos domésticos.

Esse cenário resultou em uma forte deterioração no mercado de renda fixa, com alta nas taxas de juros futuras, enquanto o dólar se valorizou frente ao real. A performance negativa também se estendeu para a bolsa brasileira, que teve mais um recuo, refletindo o pessimismo dos investidores em relação ao ambiente fiscal e político.

Enquanto os mercados globais seguiram em alta, beneficiados por perspectivas mais favoráveis, o Brasil enfrentou desafios internos que continuam a pesar sobre o desempenho de seus ativos.

Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)

Desempenho do Real (BRL)

O Real (BRL) registrou uma desvalorização de 1,70% em relação ao Dólar nessa semana. Comparativamente, a moeda brasileira apresentou um desempenho total (considerando a diferença de preços mais juros) bem abaixo da média se comparado a outras moedas globais, tanto de países desenvolvidos quanto emergentes.

Curva de Juros

Os juros futuros dispararam em mais uma semana de fortes perdas para os ativos domésticos, refletindo as crescentes incertezas sobre o pacote fiscal e a resistência enfrentada pelo governo Lula no Congresso. Apesar das expectativas de que as medidas fiscais sejam aprovadas, a insatisfação de parlamentares sugere que o pacote final poderá ser mais modesto do que o inicialmente proposto, segundo análises divulgadas pela imprensa.

Os sinais vindos do Congresso indicam resistência para a aprovação de algumas medidas, o que pode resultar em um pacote fiscal mais tímido. Essa percepção tem pressionado ainda mais o mercado, levando a um aumento das projeções de inflação e das taxas de juros futuras.

A elevação na taxa de juros futura, combinada com a piora das expectativas inflacionárias, evidencia uma falta de credibilidade na condução da política fiscal e monetária. Às vésperas da próxima reunião do Copom, a curva de juros já precifica uma alta de 95 pontos-base na Selic, com uma projeção de taxa terminal superior a 15,50%. Esse cenário reflete o ceticismo do mercado em relação à capacidade do governo de equilibrar suas contas públicas e restaurar a confiança necessária para estabilizar a economia.

A deterioração das condições fiscais reforça a necessidade de ajustes estruturais mais contundentes, enquanto o ambiente de volatilidade se intensifica, dificultando a recuperação dos ativos locais

O mercado agora estima mais uma alta de juros até o final do ano. As expectativas migraram para um aumento de 1 ponto percentual para a última reunião do Copom em 2024. Com base nessas projeções, espera-se que a Selic encerre o ano de 2024 em 12% ao ano. Para 2025, a previsão foi elevada em 0,75 ponto percentual, com a taxa Selic projetada para encerrar o ano em 15,5%.

Fluxo Investidor Estrangeiro

Entre os dias 28 de novembro e 4 de dezembro, o mercado de ações brasileiro registrou uma saída de capital estrangeiro de R$ 520 milhões, elevando a saída acumulada no ano para R$ 33,3 bilhões. Os investidores institucionais também reduziram suas posições, com uma saída de R$ 1,6 bilhão, enquanto os investidores pessoa física realizaram compras no valor de R$ 995 milhões no mesmo período.

No acumulado do ano, o saldo dos investidores institucionais segue negativo, com uma saída total de R$ 30,1 bilhões. Em dezembro, o saldo dos institucionais também ficou negativo, com R$ 1,4 bilhões em saídas até o momento. Já os investidores pessoa física mantêm um saldo positivo de R$ 27,9 bilhões no ano, com entrada de R$ 136 milhões no mês de dezembro, quarto mês consecutivo de entrada.

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