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Publicado em 11 de Abril às 17:17:53

Expresso Bolsa Semanal: Forte onda global de aversão ao risco; Juros longos nos EUA

A semana foi marcada por uma forte onda global de aversão ao risco, com investidores buscando proteção em ativos considerados portos seguros, como o ouro e o franco suíço. O metal precioso renovou sua máxima histórica nos últimos dias, enquanto a moeda suíça valorizou 5% em uma única semana — movimentos raros que ilustram o nível elevado de pânico nos mercados.

O gatilho da crise foi o anúncio de tarifas agressivas por parte de Donald Trump, que geraram retaliações da China e ampliaram a incerteza geopolítica. A falta de previsibilidade e as dúvidas sobre a credibilidade do governo americano acentuaram o desconforto dos investidores.

O comportamento dos ativos dos EUA nesta semana assemelhou-se ao de mercados emergentes: juros longos em forte alta e dólar em queda — o oposto do padrão esperado em economias com credibilidade sólida. Esse movimento sinaliza uma perda de confiança na sustentabilidade fiscal americana, com temores crescentes sobre um possível colapso nas contas públicas. A disparada dos juros de 10 e 30 anos é vista como um termômetro do descrédito nas políticas fiscal e monetária.

A reação do mercado foi tão intensa que levou Trump a recuar parcialmente nas tarifas (exceto em relação à China). A comparação com a crise fiscal do Reino Unido em 2022 voltou ao radar, refletindo a deterioração rápida da percepção de risco.

Apesar da tensão, os dados de inflação dos EUA vieram abaixo do esperado — tanto o CPI quanto o PPI — indicando sinais de controle inflacionário. No entanto, o mercado ignorou os dados pontuais (“foto”) e concentrou-se na tendência (“filme”), especialmente após a confiança do consumidor americano cair acentuadamente. A expectativa de inflação para um ano subiu para 6,7%, a maior desde 1988.

Na China, os sinais de fraqueza econômica se intensificaram. O índice de preços ao consumidor (CPI) caiu 0,10%, configurando deflação, enquanto o índice de preços ao produtor (PPI) recuou 2,5%. A desvalorização do yuan por seis dias consecutivos sugere o uso do câmbio como instrumento em uma guerra econômica, ao mesmo tempo em que revela a fragilidade do crescimento chinês.

As commodities sentiram os efeitos da guerra tarifária e da desaceleração chinesa. Petróleo e cobre registraram quedas acentuadas, representando um ponto de vulnerabilidade para o Brasil, que depende fortemente da arrecadação ligada à exportação de petróleo e minério. A queda dos preços das commodities enfraquece o apelo do país aos olhos do investidor estrangeiro.

Apesar do cenário externo negativo, a economia brasileira segue mostrando resiliência. Os indicadores de atividade econômica e geração de empregos continuam positivos, embora a inflação ainda venha acima do esperado, exigindo atenção por parte da política monetária.

Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)

Desempenho do Real (BRL)

O Real (BRL) registrou uma desvalorização de 0,48% em relação ao Dólar nessa semana. Comparativamente, a moeda brasileira apresentou um desempenho total (considerando a diferença de preços mais juros) bem abaixo da média de desempenho se comparado a outras moedas globais, tanto de países desenvolvidos quanto emergentes.

Curva de Juros

A semana foi marcada por alta nos juros futuros no Brasil, impulsionada pela pressão cambial e pela elevação dos yields nos Estados Unidos. A curva de DIs também reagiu a dados de atividade econômica acima do esperado no cenário doméstico, reforçando a percepção de que o ritmo da economia brasileira continua resiliente.

Nos Estados Unidos, o juro de 30 anos apresentou forte alta, refletindo a crescente desconfiança dos mercados quanto à sustentabilidade fiscal do país. O movimento reacendeu comparações com a crise fiscal do Reino Unido em 2022, sendo interpretado como um sinal de descrédito nas políticas fiscal e monetária americanas.

A dinâmica dos ativos brasileiros tem sido fortemente influenciada pelo ambiente externo. O real segue em trajetória de desvalorização, pressionado pela maior aversão global ao risco e pela queda contínua dos preços das commodities — fatores que afetam diretamente países exportadores como o Brasil.

Apesar do cenário internacional desafiador, a economia brasileira segue demonstrando sinais de robustez. Indicadores de atividade e geração de empregos vieram positivos, embora a inflação tenha surpreendido para cima.

Na reta final da semana, os juros longos brasileiros desaceleraram a alta, indicando uma dose de confiança nos fundamentos econômicos domésticos. Essa leitura sugere que, apesar das turbulências externas, o mercado ainda reconhece a solidez relativa do Brasil frente a outras economias emergentes.

Após uma semana de grande volatilidade no mercado de renda fixa global, houve uma forte alta nas Treasuries nos Estados Unidos, o que impactou diretamente a curva de juros no Brasil. Diante desse novo cenário, o mercado passou a projetar um aumento de 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom, seguido por mais uma alta de 0,25 ponto percentual. A projeção para a taxa Selic ao fim de 2025 foi mantida em relação à semana anterior, passando a estimar um encerramento do ano em 14,75%.

Fluxo Investidor Estrangeiro

Entre 3 e 9 de abril de 2025, houve uma saída de capital estrangeiro de R$ 5,8 bilhões. Com isso, o saldo de abril está negativo em R$ 6,8 bilhões, reduzindo a entrada acumulada do ano para R$ 3,7 bilhões. Se confirmada, esta será a primeira saída mensal após quatro meses consecutivos de fluxo positivo.

Diferentemente dos meses anteriores, os investidores institucionais registraram entrada líquida de R$ 3,3 bilhões em abril. No entanto, o saldo acumulado de 2025 ainda indica uma saída de R$ 7 bilhões.

Os investidores pessoa física também apresentaram fluxo positivo, com entrada de R$ 2,3 bilhões abril. Em março houve uma saída de R$ 162 milhões.

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