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Publicado em 14 de Março às 16:40:20

Expresso Bolsa Semanal: Guerra Comercial, Enfraquecimento do Dólar; Fluxo para Brasil

O mercado financeiro global atravessa um momento de intensa volatilidade, impulsionado por incertezas econômicas e tensões geopolíticas. Investidores buscam redirecionar seus recursos para mercados alternativos, diante da desaceleração da economia dos EUA e do enfraquecimento do dólar no cenário internacional.

Dados recentes indicam que a economia americana está perdendo força. A queda nas vendas do varejo e a retração na confiança do consumidor reforçam a preocupação com um possível desaquecimento, levando a especulações sobre uma futura flexibilização da política monetária pelo Federal Reserve.

O enfraquecimento do dólar tem impulsionado a atratividade de mercados emergentes. Com a valorização de moedas locais e taxas de juros ainda elevadas, esses mercados passaram a captar mais capital estrangeiro, especialmente em países que oferecem maior retorno ajustado ao risco.

A guerra comercial e as tarifas impostas pelos EUA intensificam a incerteza global. O impacto dessas medidas já se reflete em um cenário de menor crescimento econômico e aversão ao risco, com investidores buscando ativos mais seguros. O efeito dessa política protecionista pode desencadear uma recessão global, tornando o ajuste da política monetária americana ainda mais provável.

O Brasil pode se beneficiar do novo fluxo global de investimentos, mas enfrenta desafios internos. O país ainda lida com preocupações fiscais e instabilidade política, fatores que limitam a entrada de capital estrangeiro. Apesar de um IPCA dentro das expectativas, a inflação de serviços segue pressionada, o que pode manter as taxas de juros elevadas por mais tempo.

O mercado de commodities também desempenha um papel importante nesse contexto. O aumento da demanda chinesa tem impulsionado metais como cobre e ferro, enquanto o petróleo segue sensível às dinâmicas geopolíticas, podendo impactar os preços globais e a balança comercial brasileira.

Diante desse cenário, o Brasil se encontra em uma posição estratégica para atrair capital, mas a sustentabilidade desse movimento dependerá da condução da política econômica e da estabilidade institucional nos próximos meses.

Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)

Desempenho do Real (BRL)

O Real (BRL) registrou uma desvalorização de 0,88% em relação ao Dólar nessa semana. Comparativamente, a moeda brasileira apresentou um desempenho total (considerando a diferença de preços mais juros) acima da média de desempenho se comparado a outras moedas globais, tanto de países desenvolvidos quanto emergentes.

Curva de Juros

Os juros futuros encerraram a semana próximos da estabilidade, com recuo no miolo da curva e alta nos vencimentos mais longos. Enquanto as expectativas sobre a política monetária influenciam os prazos curtos, as preocupações fiscais pressionam os vencimentos mais longos.

A atividade econômica segue em desaceleração, conforme demonstram os dados fracos em varejo, serviços e produção industrial. Essa tendência fortalece a visão de que o Banco Central pode encerrar o ciclo de alta da Selic antes do previsto, levando o mercado a reprecificar a curva de juros.

No campo fiscal, a postura do governo adiciona incertezas ao cenário. Lula anunciou a isenção do IR para o dia 18 de março, em meio a uma queda de popularidade, segundo nova pesquisa. Além disso, o governo solicitou ao Congresso alterações na Lei Orçamentária Anual (LOA), propondo um acréscimo de R$ 8 bilhões em benefícios previdenciários e um corte de R$ 7,7 bilhões no Bolsa Família, reforçando a preocupação com o equilíbrio fiscal.

A inflação segue como um ponto de atenção. O IPCA de fevereiro acelerou para 1,31%, o maior percentual desde março de 2022, mas dentro das expectativas do mercado. Apesar desse avanço, o dado não trouxe surpresas significativas que alterem a projeção da Selic terminal, que permanece em torno de 15% para o final de 2025.

Após a última decisão do Copom, que elevou a Selic em 1 ponto percentual para 13,25% ao ano de forma unânime, o mercado ajustou suas expectativas para as próximas reuniões. Agora, projeta-se que o próximo aumento será de 1 ponto percentual, seguidos por altas de 0,50 ponto percentual e 0,25 ponto percentual para as reuniões subsequentes. A projeção para 2025 se mantém quando comparada a semana passada, estimando-se que a Selic encerrará o ano em 15%.

Fluxo Investidor Estrangeiro

Entre 6 e 12 de março de 2025, houve uma entrada de capital estrangeiro de R$ 1,2 bilhão. No mês, o saldo positivo é de R$ 900 milhões, elevando a entrada acumulada do ano para R$ 9,6 bilhões. Se confirmada, esta será a quarta sequência mensal de influxo estrangeiro, totalizando R$ 11,1 bilhões no período.

Os investidores institucionais retiraram R$ 2,7 bilhões nos últimos dias. Em março, o saldo segue negativo em R$ 2,6 bilhões, com uma saída acumulada de R$ 13,4 bilhões no ano, refletindo uma postura mais cautelosa desse segmento.

Os investidores pessoa física mantiveram um fluxo positivo, com uma entrada de R$ 845 milhões nos últimos pregões. Em março, a entrada é de R$ 1 bilhão, enquanto o acumulado do ano registra um saldo positivo de R$ 2,7 bilhões.

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