A última semana registrou um aumento nas taxas de juros nos Estados Unidos, impulsionado pelos índices de inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) que superaram as expectativas. Estes indicadores acenderam um sinal de alerta nos mercados quanto à necessidade de uma política monetária mais rigorosa por parte do Federal Reserve (Fed). Apesar desse cenário de alta nos juros americanos, os mercados emergentes, a Europa, o Brasil e o mundo em geral apresentaram desempenhos positivos. Por outro lado, as Small Caps no Brasil e o Nasdaq, ambos sensíveis às variações das taxas de juros globais e locais, mostraram-se contrários a esta tendência. As commodities também sofreram recuos, influenciadas pela ausência da China, que celebrou o feriado do Ano Novo Lunar e manteve seus mercados fechados.
Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)
Desempenho do Real (BRL)
O Real brasileiro registrou uma desvalorização de 0,25% em relação ao dólar na última semana. Apesar dessa baixa, é importante destacar que a volatilidade implícita do Real para o período de um mês atingiu 9,6%, marcando o nível mais baixo dos últimos quatro anos. Observa-se que o Real tem oscilado na faixa de R$ 4,84 a R$ 5,00 há alguns meses. Notavelmente, o patamar de R$ 4,90, que se aproxima da média móvel simples de 200 dias do Real, tem fornecido um suporte consistente ao dólar no decorrer dos últimos 30 dias, contribuindo para uma volatilidade ainda mais contida.
Curva de Juros
A curva de juros no Brasil atingiu seu ponto mais alto nos últimos 28 dias, ecoando a tendência ascendente observada nas treasuries dos Estados Unidos. Essa alta é influenciada pelos recentes dados de inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) nos EUA, que alimentam a prudência em relação às expectativas de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve, especialmente diante dos comentários cautelosos de seus dirigentes. No cenário doméstico, Gabriel Galípolo, uma autoridade do Banco Central, destacou os serviços como uma área de atenção, enfatizando que a transmissão dessas pressões inflacionárias precisa se materializar tanto na inflação corrente quanto nas expectativas futuras.
Veja o calendário econômico para a próxima semana.
Para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), o mercado financeiro está antecipando uma série de cortes na taxa Selic. As expectativas atuais indicam reduções de 0,50 ponto percentual para as reuniões de março e maio. Já para a reunião de junho, existe uma divisão de opiniões entre um corte de 0,50 ponto percentual e um mais moderado, de 0,25 ponto percentual. Prevê-se que a partir de agosto, o ritmo de cortes na taxa Selic diminua, estabilizando-se em 0,25 ponto percentual.
Essas projeções sugerem que a taxa Selic possa terminar o ano de 2024 em 9,50% ao ano, mesmo patamar de precificação da semana anterior.
Fluxo Investidor Estrangeiro
Entre os dias 06 e 14 de fevereiro, o mercado de ações brasileiro manteve a tendência de saída de capital estrangeiro, com um total de R$ 3,9 bilhões deixando o mercado entre os dias 6 e 14. Esse movimento amplia a retração do investimento estrangeiro para um acumulado anual de R$ 14 bilhões, sinalizando cautela por parte desses investidores em relação ao mercado brasileiro.
Por outro lado, os investidores locais mostraram um comportamento oposto, demonstrando confiança e injetando capital no mercado. Durante esse mesmo período, os investidores institucionais alocaram R$ 2 bilhões, enquanto as pessoas físicas contribuíram com R$ 1,1 bilhão. Com essas movimentações, o saldo do investidor institucional no ano subiu para quase R$ 2,3 bilhões, com um saldo positivo de R$ 2,8 bilhões apenas em fevereiro.
Notavelmente, o investidor pessoa física segue como principal comprador do ano, acumulando um saldo positivo de R$ 6,3 bilhões e uma entrada de R$ 2,2 bilhões em fevereiro. Esse cenário ilustra um aumento significativo na participação dos investidores locais no mercado de ações brasileiro, contrastando com a retirada contínua dos capitais estrangeiros.