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Publicado em 06 de Setembro às 15:25:43

Expresso Bolsa Semanal: Mercado de trabalho dos EUA, Decisão do FED, Ibovespa na máxima

A semana foi dominada pela atenção aos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos. Os indicadores mostraram que a economia americana continua perdendo força, o que aumentou as apostas de que o Federal Reserve pode cortar os juros em breve. Esse movimento deu algum alívio aos mercados internacionais, mesmo em meio à preocupação com a situação fiscal de países desenvolvidos, sobretudo na Europa, e com a pressão dos juros longos globais.

No Brasil, o cenário foi marcado por volatilidade, reflexo das discussões políticas em torno do julgamento do ex-presidente Bolsonaro, além do receio com as contas públicas e da liquidez mais baixa. Apesar disso, a bolsa brasileira surpreendeu, registrando momentos de recuperação expressiva e até um novo recorde histórico no fim da semana, puxada por setores específicos e pelo otimismo com o ambiente externo. Já o dólar oscilou bastante, acompanhando tanto os sinais vindos dos Estados Unidos quanto as incertezas internas.

Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)

otimismo global, sustentado pelas expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve, impulsionou o Ibovespa a mais uma alta. Entre os destaques positivos, estiveram Embraer e bancos, com papéis como Bradesco PN, Ambev e Eletrobras ON entre as maiores contribuições para o avanço do índice. A Embraer ganhou força após anunciar um contrato para a venda de aeronaves ao Panamá, enquanto Cosan e Raízen mantiveram a sequência de valorizações. A Energisa também subiu, apoiada pela notícia da venda de linhas de transmissão.

No fechamento, o Ibovespa renovou sua máxima histórica, superando um nível relevante de pontos. O movimento foi sustentado por Vale e setor financeiro, que compensaram a queda da Petrobras, pressionada pela baixa do petróleo no mercado internacional às vésperas da reunião da OPEP+.

Macro & Política

A semana começou com cautela no mercado brasileiro, marcada por dúvidas sobre a política fiscal. O envio do projeto de lei orçamentária de 2026 ao Congresso aumentou a percepção de risco, já que investidores avaliaram as metas de superávit primário como otimistas demais. Combinado ao feriado nos EUA e à baixa liquidez, esse cenário pressionou os juros futuros de longo prazo e manteve o Ibovespa em movimento lateral. No campo macroeconômico, o PIB do segundo trimestre mostrou desaceleração, mas avançou um pouco acima das expectativas, sustentado pelo consumo das famílias, em contraste com a retração de investimentos e indústria.

No cenário externo, a aversão ao risco cresceu com a crise fiscal no Reino Unido, que elevou os rendimentos de títulos e arrastou também dívidas corporativas nos EUA. O dólar se fortaleceu após declarações de Donald Trump contra China, Índia e Brasil, mas os dados americanos de manufatura e mercado de trabalho vieram mais fracos, reforçando a aposta em corte de juros pelo Federal Reserve em setembro. Essa perspectiva trouxe alívio aos juros globais de longo prazo e deu fôlego às bolsas internacionais.

No Brasil, o ambiente político seguiu no radar. O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, as discussões sobre uma possível anistia articulada com apoio de líderes como Tarcísio de Freitas, e o anúncio de que PP e União Brasil deixarão a base do governo adicionaram complexidade ao quadro doméstico. Já a China sinalizou medidas contra a especulação, tentando conter a alavancagem excessiva e buscar ganhos mais estáveis no mercado acionário.

Desempenho do Real (BRL)

dólar teve uma semana de oscilações, influenciado tanto pelo ambiente externo quanto por fatores domésticos. No início, a moeda americana foi negociada em patamar elevado, com o real entre os piores desempenhos entre emergentes, enquanto o índice global do dólar seguiu estável. A pressão veio do baixo volume de negócios, causado pelo feriado nos Estados Unidos e pela ausência de investidores estrangeiros, que costumam apostar na queda dos juros. Esse cenário acabou impactando as taxas mais longas e refletindo de forma indireta na trajetória da moeda.

Curva de Juros

curva de juros brasileira iniciou a semana sob pressão, com os contratos de longo prazo impactados pelo ceticismo em relação à política fiscal e pela baixa liquidez. O envio do orçamento de 2026 ao Congresso, que projetou superávit primário sem contabilizar os gastos com precatórios e foi visto como irrealista, elevou a percepção de risco fiscal e manteve a pressão sobre os juros.

No dia seguinte, os juros futuros avançaram, acompanhando a alta dos rendimentos dos Treasuries americanos, em um ambiente de aversão global ao risco agravado pelas preocupações fiscais no Reino Unido. A partir da metade da semana, os juros longos começaram a ceder, seguindo a queda dos títulos americanos após indicadores como o JOLTS apontarem enfraquecimento no mercado de trabalho dos EUA, reforçando as apostas em corte de juros pelo Federal Reserve em setembro. No entanto, no Brasil, esse alívio foi limitado pelo robusto leilão de NTN-B, que aumentou os prêmios.

Os dados subsequentes, como ADP e pedidos de auxílio-desemprego, reforçaram o cenário de desaceleração nos EUA, trazendo novo alívio externo. Ainda assim, no mercado doméstico, a percepção de risco permaneceu elevada. Embora tenham crescido as expectativas de corte da Selic em 2025, a instabilidade política e a necessidade de financiamento do governo mantêm o prêmio de risco alto. Os leilões de NTN-F e LTN, com captação a taxas elevadas, mostraram a resiliência da demanda, mas também indicaram o limite para uma queda mais acentuada dos juros longos no Brasil.

Fluxo Investidor Estrangeiro

Narrativas & Cenários

política monetária do Federal Reserve segue como um dos principais focos do mercado. Com os dados recentes mostrando um mercado de trabalho em enfraquecimento, a expectativa de corte de juros em setembro já está consolidada. O debate agora se concentra na velocidade e continuidade desses cortes. A dúvida entre um “pouso suave” ou “pouso forçado” da economia americana adiciona risco aos ativos, já que cortes rápidos podem reacender a preocupação com a inflação ainda acima da meta, afetando a renda fixa global.

No Brasil, o cenário político e fiscal continua no radar. O julgamento de Jair Bolsonaro no STF, as discussões sobre um projeto de anistia ligado às eleições de 2026 e a possibilidade de medidas dos EUA contra o Brasil aumentam a incerteza. Além disso, o projeto orçamentário de 2026 é visto com ceticismo, pois as metas fiscais parecem difíceis de cumprir diante do atual nível de endividamento. A capacidade do governo de se financiar em leilões de títulos, mesmo a taxas elevadas, mostra a pressão sobre as contas públicas, em um ambiente em que o crescimento segue baseado no consumo das famílias, e não em investimentos.

Outro ponto de atenção é o fluxo de capitais estrangeiros. Apesar de momentos de dólar fraco, a entrada de recursos na bolsa brasileira é menor do que o esperado, sinal de que incertezas políticas e fiscais reduzem o apetite internacional. Na próxima semana, os dados de inflação nos EUA devem ser determinantes para a narrativa do Fed. Já no campo doméstico, o andamento das negociações políticas e novos sinais da relação com os EUA seguirão moldando o humor do mercado. Investidores também acompanham a tese de alternância de poder e as oportunidades assimétricas em renda fixa, vistas como apostas em um futuro ajuste fiscal do país.

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