A primeira semana de 2024 entrou para a história como o pior início de ano em duas décadas para o Ibovespa (#IBOV), que exibiu um desempenho negativo e inferior ao de seus pares em mercados emergentes. Nesse período, as ações chinesas e as empresas de menor capitalização no Brasil sofreram um revés ainda maior. Este movimento foi influenciado por dois fatores principais: a alta semanal dos juros nos Estados Unidos e a recuperação do dólar frente a outras moedas globais.
A divulgação de dados macroeconômicos nos Estados Unidos e a ata da última reunião do Federal Open Market Committee (FOMC) foram momentos-chave dessa semana. Estes eventos levaram o mercado a reavaliar suas expectativas sobre a trajetória futura dos juros nos EUA. A ata do FOMC, em particular, parece ter sido um catalisador para essa reprecificação, impactando as percepções dos investidores quanto à política monetária americana e suas implicações globais.
Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)
Entre os destaques positivos, algumas empresas ligadas à economia doméstica e as produtoras de petróleo se sobressaíram, impulsionadas pela recuperação dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Esse aumento nos preços foi influenciado pelas tensões na região do Mar Vermelho, um fator geopolítico que frequentemente afeta a dinâmica do mercado de petróleo.
Por outro lado, o lado negativo foi marcado por empresas mais sensíveis às variações nas taxas de juros futuras. Esta sensibilidade foi particularmente evidente em uma semana impactada pela alta dos juros nos Estados Unidos. O aumento nas taxas de juros americanas tende a influenciar os mercados globais, afetando as condições de financiamento e as avaliações de risco, o que pode levar a ajustes nos preços das ações, especialmente daquelas empresas mais dependentes das condições de financiamento e de crédito.
Desempenho do Real (BRL)
Durante a semana recente, o Real (BRL) se destacou com um desempenho positivo, uma observação notável, especialmente porque ocorreu em um contexto de valorização do Dólar em nível global. Esse comportamento do Real reflete a continuidade da confiança dos investidores na moeda brasileira, confiança essa que tem sido influenciada por fatores consistentes observados no último ano.
Um dos principais elementos que sustentam essa confiança é a presença de juros reais altos no Brasil. Essa característica torna os investimentos denominados em Real mais atraentes em comparação com outras economias onde as taxas de juros são mais baixas. Essa atração por maiores rendimentos tem incentivado um fluxo constante de capital para o país, contribuindo para a força da moeda nacional.
Outro fator crucial é o forte desempenho da balança comercial brasileira. Com exportações robustas que superam as importações, o Brasil tem mantido um saldo comercial positivo. Esse saldo favorável resulta em um influxo sustentado de divisas estrangeiras, o que, por sua vez, reforça a posição do Real.
Curva de Juros
Durante a semana, os juros foram significativamente influenciados pelas variações nas Treasuries (títulos do tesouro dos EUA), refletindo as mudanças nas expectativas do mercado em relação à política monetária americana e aos indicadores econômicos. Apesar de uma movimentação negativa observada na sexta-feira, em resposta aos dados do Índice de Gerentes de Compras (ISM) dos EUA, a influência geral sobre os juros foi positiva.
Essa tendência positiva foi impulsionada principalmente pela divulgação da ata da última reunião do Federal Open Market Committee (FOMC) e por dados que mostraram maior resiliência no mercado de trabalho americano. A ata do FOMC forneceu insights importantes sobre as deliberações e perspectivas dos formuladores de política monetária dos EUA, enquanto os dados do mercado de trabalho sugeriram uma economia americana potencialmente mais robusta do que o previsto.
Veja o calendário econômico para a próxima semana.
Para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), há uma expectativa de que novos cortes sejam realizados na taxa Selic. As projeções atuais sugerem reduções de 0,50 ponto percentual até junho de 2024. A partir de agosto, prevê-se que o ritmo de cortes diminua para 0,25 ponto percentual. Com base nessas expectativas, antecipa-se que a taxa Selic encerre o ano de 2024 em 9,25% ao ano. Esta previsão representa uma alta em comparação à estimativa anterior de 9% ao ano, no final de 2023.
Fluxo Investidor Estrangeiro
Entre os dias 26 de dezembro e 03 de janeiro, o mercado de ações brasileiro teve mais uma entrada de capital estrangeiro, somando R$ 1,3 bilhões no período. Por outro lado, os investidores locais apresentaram uma tendência oposta, com um movimento de saída de capital. Os investidores institucionais retiraram R$ 1,9 bilhões, enquanto as pessoas físicas registraram uma saída de R$ 107 milhões.