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Publicado em 04 de Julho às 18:00:00

Expresso Bolsa Semanal: Nova máxima para o Ibovespa

Ibovespa bateu novo recorde histórico ao ultrapassar 141 mil pontos pela primeira vez, acumulando alta de 17,16% no ano. O movimento foi impulsionado pelo enfraquecimento do dólar americano e fluxo estrangeiro e a emergente narrativa de alternância de poder, enquanto o dólar recuou para R$ 5,40, menor patamar em mais de um ano.

Nos EUA, dados de emprego surpreenderam positivamente, levando S&P 500 e Nasdaq a novos recordes, mas reduzindo expectativas de cortes de juros pelo Fed em julho. Riscos fiscais, tanto nos EUA quanto no Reino Unido e Brasil, permanecem como pontos de atenção.

ouro manteve trajetória ascendente, sustentado por tensões geopolíticas e incertezas comerciais. Bitcoin operou em range lateral entre US$ 106-109 mil. ETFs de Bitcoin registraram forte entrada de US$ 601,8 milhões na quinta-feira (3), maior fluxo em mais de um mês

Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)

Macro & Política

O cenário global segue tomado pela incerteza em torno das tarifas comerciais anunciadas pelo governo Trump, com cartas já encaminhadas a diversos países e a possibilidade de alíquotas que podem variar de 10 % a 20 % ou mesmo atingir 60 % a 70 % até 9 de julho. Essa postura agressiva vem adicionando volatilidade aos mercados ao longo da semana, à medida que investidores tentam medir o impacto potencial sobre o comércio internacional e sobre as cadeias de produção.

Nos Estados Unidos, o mercado de trabalho surpreendeu positivamente, com a criação de 147 mil vagas em junho, acima das 110 mil esperadas, e a taxa de desemprego recuando para 4,1 %, contrariando a previsão de alta para 4,3 %. A reação imediata foi a redução das apostas em corte de juros já em julho, e a probabilidade de um corte de 25 pontos-base em setembro caiu de 74 % para 68 % em uma semana.

Na China, o PMI de manufatura subiu de 49,5 para 49,7 em junho, ainda em território de contração, mas melhorando pelo terceiro mês seguido, com novos pedidos domésticos avançando de 49,8 para 50,2. O governo manteve a meta de crescimento de 5 % para 2025 e ampliou os estímulos fiscais, prevendo a emissão de 4,4 trilhões de yuans em títulos especiais.

A decisão do STF sobre o IOF dominou a semana no Brasil. O ministro Alexandre de Moraes suspendeu liminarmente os decretos presidenciais que aumentavam as alíquotas do imposto e também a decisão do Congresso que havia sustado a medida, convocando uma audiência de conciliação para 15 de julho. Enquanto isso, o Copom que elevou a Selic para 15 % ao ano, segue com o mercado projetando estabilidade até o fim de 2025. Segundo o Boletim Focus, a previsão para o IPCA em 2025 está em 5,24 %, com o PIB estimado em crescimento de 2,21 %.

Desempenho do Real (BRL)

O dólar caiu para R$ 5,40, menor nível desde junho de 2024, acumulando baixa de 12,65 % no ano. O índice DXY recuou para 97, variação de 0,21 % negativa, sinalizando enfraquecimento da moeda norte-americana frente às principais divisas.

Curva de Juros

A Selic a 15 % tornou-se um ponto de atração para o investidor local, pois a remuneração elevada desestimula a migração do dinheiro para a bolsa. O diferencial de juros brasileiro segue o mais alto do mundo, o que mantém o carrego extremamente competitivo e atrai capital especulativo estrangeiro. Aproveitando esse apetite, o Tesouro Nacional continua a ofertar papéis longos, como o NTN-B IPCA 2060, que saiu a 6,98 % ao ano acima da inflação, reforçando o papel dos títulos públicos como opção de rendimento em um ambiente de juros reais elevados.

Após a decisão unânime do Copom de elevar a Selic para 15 % ao ano, o mercado trabalha com o cenário de manutenção dos juros até dezembro, considerando que o Banco Central priorizará a consolidação dos avanços inflacionários antes de sinalizar qualquer mudança. A expectativa predominante é de que o primeiro corte ocorra apenas na reunião inaugural de 2026, quando a autoridade monetária avaliar que o ambiente de preços e a trajetória fiscal oferecem segurança para iniciar um ciclo de afrouxamento.

Fluxo Investidor Estrangeiro

Entre os dias 26 de junho e 2 de julho de 2025, o mercado brasileiro registrou uma entrada de capital estrangeiro de R$ 1,7 bilhão. Com isso, o mês de julho acumula uma entrada de R$ 419 milhões, após uma entrada de mais de R$ 5 bilhões em junho. No acumulado do ano, o fluxo estrangeiro segue positivo, com R$ 26,8 bilhões.

Os investidores institucionais tiveram mais uma semana negativa, com saída de R$ 1,3 bilhão. Em julho, a saída líquida soma R$ 622 milhões, com o total de recursos retirados em 2025 de R$ 30,6 bilhões. Nos últimos 12 meses, a saída acumulada chega a R$ 62,6 bilhões, reforçando o movimento prolongado de desinvestimento por parte desse grupo.

Os investidores pessoa física registram uma saída líquida de R$ 95 milhões. No mês a entrada acumulada é de R$ 178 milhões. Em 2025 há uma entrada de R$ 6,5 bilhões.

Narrativas

  1. Rotação de capital internacional favorecendo mercados emergentes com enfraquecimento sustentável do dólar
  2. Consolidação do Bitcoin em patamar elevado com forte demanda institucional via ETFs
  3. Expectativas de política monetária divergente entre Fed (cautela) e outros bancos centrais (flexibilização)
  4. Estímulos chineses ganhando tração com sinais de estabilização na atividade industrial

Riscos

  • Negociações tarifárias EUA com prazo até 9 de julho para acordos comerciais
  • Audiência de conciliação do STF sobre IOF marcada para 15 de julho
  • Dados de inflação americana (CPI) na próxima semana podem alterar expectativas do Fed
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