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Publicado em 28 de Julho às 13:46:39

Expresso Bolsa Semanal: Pausa no ciclo de alta pelo FOMC; Queda de 0,5% para Selic; Temporada de Balaços

Durante a semana recheada de divulgações de balanços, tivemos também uma série de eventos macroeconômicos importantes. Entre eles, a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) dos Estados Unidos chamou a atenção. Embora tenha deixado em aberto o início do ciclo de aperto monetário, os investidores estão agora mais confiantes de que talvez não seja necessário um aumento nas taxas de juros norte-americanas.

Esse cenário, combinado com uma economia ainda resistente, provou ser favorável para ativos de risco. Aqui no Brasil, o mercado está atento à temporada de balanços e à decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central. Em nossa visão, o COPOM tem espaço para reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, passando de 13,75% ao ano para 13,25%.

Esse ambiente global favorável aos ativos de risco, combinado com a expectativa de um possível corte na Selic, cria um cenário positivo para os investimentos no mercado brasileiro.

Índices de Gerentes de Compras (PMI) indicam desaceleração da atividade

Os índices de Gerentes de Compras (PMIs), indicadores de atividade econômica, mostram desaceleração em economias globais, incluindo EUA, Zona do Euro, Alemanha e Reino Unido. A maioria dos indicadores está abaixo do nível de 50 pontos, o que sugere uma futura recessão. Essa tendência de queda pode influenciar decisões de bancos centrais sobre taxas de juros, criando incertezas se haverá mais aumentos. O possível fim do ciclo de elevação de juros pressionou o Dólar e valorizou moedas emergentes, incluindo o Real.

Atualmente, os investidores estão precificando um cenário de “Goldilocks” ou “Cachinhos Dourados”. Este ambiente é caracterizado por uma taxa de juros elevada que está conduzindo a inflação para a meta, sem, contudo, exercer forte pressão contra a economia, que mesmo com sinais de enfraquecimento, ainda demonstra resiliência. No entanto, é crucial que os investidores exerçam cautela, especialmente em relação aos ativos globais, principalmente os norte-americanos, que estão sendo precificados à perfeição. Este termo significa que o preço dos ativos já incorpora todas as boas notícias possíveis e não deixa margem para erros ou surpresas negativas. Portanto, qualquer desvio do cenário idealizado pode levar a ajustes de preços potencialmente significativos.

Será o fim do ciclo de aperto monetário nos EUA?

O Fed, banco central norte-americano, elevou a taxa de juros em 25 pontos-base, alcançando 5,25%-5,5% ao ano, deixando incerto o próximo passo. Apesar das recentes estatísticas de atividade, mercado de trabalho e inflação mais baixos, o Fed decidiu por um aumento estratégico. O presidente do Fed, Jerome Powell, mencionou a esperança de que a inflação americana siga a taxa mais moderada do último CPI, sugerindo que uma nova alta de juros pode não ser necessária para alcançar a meta de inflação de 2%. A estratégia futura do Fed permanece indefinida.

PIB EUA (2ºtri/ 2023): Avanço de 2,4% t/t anualizado vem bem acima das expectativas de 1,8%

A primeira prévia do PIB dos EUA do segundo trimestre superou as expectativas, crescendo 2,4% anualizado, 6,2 p.p. acima do nível pré-pandemia. Este resultado, impulsionado pelo aumento do consumo pessoal, sinaliza uma possível necessidade de aumento de juros pelo Fed. Contudo, um núcleo de inflação mais baixo que o previsto e o aumento dos estoques podem indicar o fim do ciclo de aperto monetário. À frente, com sinais de desaceleração econômica, o suporte à demanda agregada pelo forte consumo pessoal pode diminuir, devido à redução esperada da poupança excessiva das famílias.

Temporada de Balanços nos EUA

A petrolífera Chevron superou as estimativas de mercado com uma receita de US$ 48,9 bilhões e um lucro por ação de US$ 3,08 no 2T23. Manteve o retorno sobre capital investido acima de 12% por oito trimestres seguidos e devolveu US$ 7,2 bilhões aos investidores via dividendos e recompra de ações. A produção na Bacia Permian cresceu 11% em relação ao ano passado. A empresa registrou um ano recorde em 2022 com a produção de 1,2 milhões de barris.

A petrolífera Exxon Mobil divulgou os resultados do 2T23 que ficaram abaixo das expectativas, resultando em queda nas ações. A receita caiu 8% ano a ano para US$ 82,9 bilhões, devido aos menores preços do petróleo e gás. O lucro por ação caiu 58% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, atingindo US$ 1,94, ligeiramente abaixo das estimativas de mercado. No entanto, ajustando por desinvestimentos, a produção teria crescido. Apesar dos resultados desfavoráveis, a empresa gerou US$ 5 bilhões de fluxo de caixa livre e distribuiu US$ 8 bilhões aos investidores.

O McDonald’s apresentou resultados do 2T23 melhores que as expectativas, impulsionando suas ações. As vendas cresceram 14% a/a e as vendas nas mesmas lojas aumentaram 11,7%, superando a previsão de 9,2%. As vendas nos EUA, principal mercado da empresa, subiram 10,7% com visitas às lojas crescendo pelo quarto trimestre consecutivo. Campanhas de marketing e a inflação foram apontadas como propulsores do bom desempenho. A empresa anunciou a criação de uma nova cadeia de restaurantes, a CosMc’s, que começará a ser testada no início de 2024. Detalhes adicionais serão compartilhados em dezembro.

Meta Platforms, dona do Facebook, anunciou um crescimento de receita de 11% em relação a 2022, superando as previsões do mercado. Esse é o primeiro crescimento de dois dígitos da empresa desde o final de 2021. A companhia conseguiu controlar despesas, reduzindo os gastos com pessoal em 14%. Com uma perspectiva otimista para o futuro, a Meta espera uma receita de até US$ 34,5 bilhões no próximo trimestre, acima dos US$ 31,3 bilhões estimados pelo mercado. A empresa também planeja diminuir seus investimentos, diminuindo preocupações sobre gastos em projetos de retorno incerto.

Procter & Gamble (P&G) apresentou resultados do 2T23 que superaram as estimativas, porém, com orientações futuras (guidance) aquém do esperado. A receita cresceu 5% para US$ 20,55 bilhões, graças a preços mais altos de produtos, como Crest e Pampers. O lucro líquido foi de US$ 3,38 bilhões, comparado a US$ 3,05 bilhões no ano anterior. Entretanto, a companhia tem enfrentado uma queda no volume de vendas por cinco trimestres consecutivos devido aos aumentos de preços. A P&G projetou que a receita e o lucro por ação para 2024 crescerão abaixo das expectativas de Wall Street.

IPCA-15 aumenta probabilidade de 0,5 pontos de porcentagem de queda no COPOM da próxima semana

Após o IPCA-15 de julho mostrar deflação de -0,07%, abaixo das expectativas dos analistas, nossa análise indica uma alta probabilidade do Copom iniciar um corte de 0,5 pontos percentuais na SELIC. A estabilização e queda dos índices gerais de inflação a partir de maio de 2023, junto com a desaceleração da inflação de serviços e núcleos desde abril, demonstram os efeitos da política monetária contracionista. Mesmo com a inflação acima da meta, esses fatores justificam um possível início do corte da SELIC na próxima reunião do Copom.

Temporada de balanços no Brasil

Aeris (AERI3) | Prévia de Resultados 2T23: A Aeris deve reportar um trimestre semelhante ao anterior, reforçando a melhora nas perspectivas para a indústria eólica devido à base de comparação fraca de 2022. Esperamos um crescimento marginal das receitas, impulsionado pela manutenção dos volumes no mercado local e novos repasses de preços. No entanto, a margem EBITDA pode sofrer uma leve queda devido ao aumento dos custos de mão-de-obra, após um recente reajuste salarial no setor.

Ambev (ABEV3) | Prévia do 2T23: Prevê-se um resultado mediano para a Ambev, com leve crescimento impulsionado por melhoras na receita líquida por hectolitro (ROL/hl) e margens modestas. Os destaques positivos provavelmente virão do Brasil, principalmente da operação Cerveja Brasil, enquanto os pontos negativos estarão na Argentina e no Canadá. Apesar das margens frágeis, há expectativa de recuperação nos próximos trimestres. Commodities em queda e a valorização do real representam ventos favoráveis. Contudo, a implementação do Imposto Seletivo exige cautela.

Assaí (ASAI3) | Resultado 2T23: Assaí consolidou um bom resultado neste trimestre, com números em linha às nossas estimativas. Negociando a 11,5x P/E 2024 (Est. Genial), reiteramos ASAI3 como top pick do setor, com preço-alvo 2023E de R$ 17,00

Bradesco (BBDC4) | Prévia 2T23: Acreditamos que o cenário para o Bradesco continua relativamente desafiador no curto prazo e esperamos mais um resultado fraco para este trimestre. Reiteramos nossa recomendação de MANTER.

Cielo (CIEL3) | Prévia 2T23: Cielo, mesmo enfrentando desaceleração de volume maior que a esperada neste trimestre, pode apresentar crescimento sequencial em receita e lucro. Tal evolução é provável devido a um aumento de preços realizado no final do primeiro trimestre de 2023 e a mudanças regulatórias favoráveis no intercâmbio de cartões pré-pagos, beneficiando as empresas adquirentes.

Carrefour (CRFB3) | Resultado 2T23: Desde o seu IPO, o Carrefour Brasil apresentou prejuízo apenas três vezes. A primeira em 2019, devido a provisões para créditos de ICMS sobre a Cesta Básica, e a segunda no início de 2023, por conta do impacto negativo da integração do BIG ao grupo. Este é o terceiro prejuízo da empresa desde sua estreia na bolsa brasileira.

Gol (GOLL4) | Resultado 2T23: Os resultados da Gol no último trimestre foram positivos e alinhados às expectativas, mesmo com a queda de seu Yield. A queda no preço do Querosene de Aviação (QAV) e do dólar beneficiou suas margens, que surpreenderam positivamente. Esperamos que a Gol continue apresentando bons resultados, impulsionados por uma demanda consistente e margens saudáveis, beneficiadas por novos repasses de combustível e um câmbio favorável.

Lojas Renner (LREN3) | Prévias 2T23: Espera-se que o resultado da Lojas Renner demonstre os desafios recentes, como demanda fraca e aumento das remarcações. Porém, a partir do segundo semestre de 2023, sinais mais positivos devem emergir para o setor de vestuário, devido à desaceleração da inflação de matérias-primas e à expectativa de uma demanda mais forte. A Renner pode se beneficiar da conclusão do novo centro de distribuição. Contudo, a recuperação será gradual, enquanto a empresa enfrenta um ambiente competitivo, com o crescimento de plataformas de e-commerce estrangeiras beneficiadas por condições fiscais favoráveis.

Multiplan (MULT3) | Resultado 2T23: As vendas nos shoppings da Multiplan registraram um aumento de R$ 5,2b no trimestre, com crescimento de 5,8% a/a, em linha com a inflação. Os aluguéis em lojas semelhantes (SSR) tiveram um aumento de 9,4% a/a, superando a inflação em 3,5p.p. Espera-se que o SSR reduza nos próximos trimestres devido à influência do IGP-DI, porém os shoppings não farão ajustes negativos nos aluguéis. A receita líquida da Multiplan foi de R$ 502m, um aumento de 15,1% a/a, e com despesas reduzidas, a empresa teve uma melhora nas margens, retornando aos níveis pré-pandemia. A Multiplan destacou-se positivamente em seu desempenho financeiro.

GPA (PCAR3) | Resultado 2T23: O GPA reportou seus resultados do segundo trimestre, com números bem próximos às nossas estimativas. Diante de uma melhora sequencial, estamos movendo nossa recomendação para COMPRA.

Santander (SANB11) | Resultado 2T23: O Santander apresentou resultados inferiores ao usual, com lucro líquido de R$ 2,3 bilhões, superando ligeiramente nossas expectativas, mas não alcançando o consenso de R$ 2,46 bilhões. A rentabilidade (ROE) manteve-se baixa, em 11,2%, embora tenha melhorado em 0,7 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre de 2023.

Vale (VALE3) | Resultado 2T23: O resultado financeiro da Vale, apesar de estar em linha com as expectativas, apresentou um viés neutro devido a efeitos não recorrentes que impactaram o lucro líquido. Mesmo com a normalização dos embarques no terminal Ponta da Madeira, o efeito prolongado do estoque em trânsito apresentou barreiras para uma redução nos custos do trimestre, em linha com as nossas previsões anteriores.

Vivo (VIVT3) | Resultado 2T23: A Vivo (VIVT3) reportou um resultado robusto alinhado às expectativas após o fechamento do mercado. O resultado foi impulsionado por ajustes de preços que aumentaram as receitas móvel e fixa, além de uma desaceleração nos custos totais. Uma surpresa positiva foi observada no lucro líquido da empresa.

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