Na semana marcada por decisões importantes de política monetária, as bolsas globais exibiram um desempenho bastante positivo, especialmente para aqueles ativos com forte correlação inversa com os juros de longo prazo. Este movimento sugere que os investidores estão reagindo positivamente às expectativas de uma política monetária mais relaxada.
Contrastando com esse cenário positivo, a China apresentou um desempenho negativo, destacando-se de seus principais pares. Esse resultado aponta para sinais de enfraquecimento e instabilidade na economia local chinesa, o que pode ter contribuído para a cautela dos investidores em relação aos ativos do país.
O grande destaque da semana foi a surpresa dovish (flexível) por parte do Federal Reserve (Fed). Esta postura mais suave do banco central americano em relação à política monetária parece ter impulsionado uma extensão do rali de final de ano, refletindo o otimismo dos investidores com a possibilidade de um ambiente de juros mais baixos a partir do próximo ano.
Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)
As empresas ligadas à economia doméstica se destacaram positivamente na semana, beneficiando-se do fechamento (queda) da curva de juros no Brasil. Esse movimento foi influenciado pelas recentes decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, que afetaram as expectativas dos investidores e as condições de mercado.
Por outro lado, algumas empresas que lideraram o movimento de baixa foram impactadas principalmente pelo noticiário corporativo. Essas variações negativas podem ser reflexo de eventos específicos relacionados a essas empresas, como resultados financeiros, mudanças na gestão, ou outros fatores que afetam diretamente a percepção e a confiança dos investidores.
Desempenho do Real (BRL)
O Real (BRL) apresentou um desempenho total relativamente fraco em comparação aos seus principais pares globais e outras moedas de países emergentes. Este resultado é notável, especialmente considerando que o mês de dezembro normalmente é mais desafiador para moedas de países emergentes devido a questões de fluxo financeiro.
Curva de Juros
Na última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (FOMC) anunciou sua decisão sobre a taxa de juros dos fundos federais (Fed Funds rate), fixando-a entre 5,25% e 5,50% ao ano, em linha com a expectativa mediana do mercado. Contudo, o que realmente animou as bolsas globais foi a sinalização de que um ciclo de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos está se aproximando.
Um ponto crucial dessa reunião foi a mudança significativa na tabela de projeções dos diretores do Fed, conhecida como o gráfico de “dots”. Esta atualização indicou um consenso para três cortes de juros nos EUA no próximo ano, uma perspectiva substancialmente mais otimista em comparação com o consenso de setembro, que projetava apenas um corte.
Como resultado, a taxa de juros terminal projetada pelo FOMC para o final do próximo ano foi ajustada de 5,1% para 4,6% ao ano. Esta revisão das expectativas reflete uma mudança na percepção do Fed sobre as condições econômicas futuras e a necessidade de ajustes na política monetária para estimular a economia.
Esse cenário mais dovish (flexível) projetado pelo FOMC influencia positivamente as bolsas globais, pois taxas de juros mais baixas tendem a fomentar investimentos em ativos de risco, como ações, e podem sinalizar uma resposta às preocupações com o crescimento econômico e a inflação.
No Brasil, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic em 0,5 pontos percentuais, conforme esperado, e manter a perspectiva de novas reduções na mesma magnitude nas próximas reuniões, também contribuiu para aumentar o diferencial de juros esperado entre o Brasil e os Estados Unidos.
Essa combinação de um Federal Reserve mais agressivo em cortar taxas e um Banco Central do Brasil mais conservador tende a gerar uma pressão pela valorização do Real frente ao Dólar. Isso pode acentuar os efeitos desinflacionários no Brasil e reduzir a taxa de juros terminal no atual ciclo de queda, reabrindo a possibilidade de uma Selic de um dígito ao final deste processo. Esses movimentos refletem a complexa interação entre as políticas monetárias globais e suas repercussões nos mercados de câmbio e de juros.
A curva de juros apresentou fechamento (queda) influenciada pela super quarta-feira que teve decisões de política monetária no Brasil e nos EUA.
Veja o calendário econômico para a próxima semana.
Para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), há uma expectativa de que novos cortes sejam realizados na taxa Selic. As projeções atuais sugerem reduções de 0,50 ponto percentual até junho de 2024. A partir de agosto, prevê-se que o ritmo de cortes diminua para 0,25 ponto percentual. Com base nessas expectativas, antecipa-se que a taxa Selic encerre o ano de 2024 em 9,25% ao ano. Esta previsão representa uma baixa em comparação à estimativa anterior de 9,50% ao ano, conforme constava em nosso relatório de 08 de dezembro.
Fluxo Investidor Estrangeiro
Entre os dias 07 de novembro e 13 de dezembro, o mercado de ações brasileiro teve mais uma entrada de capital estrangeiro, somando R$ 1,9 bilhões no período. Com esse movimento, o saldo de investimento estrangeiro no acumulado do ano já é superior a R$ 31 bilhões, maior nível de participação do ano, com uma entrada somente no mês de dezembro de R$ 4,1 bilhões.
Por outro lado, os investidores locais apresentaram uma tendência oposta, com um movimento de saída de capital. Os investidores institucionais retiraram R$ 1,5 bilhões, enquanto as pessoas físicas registraram uma entrada pequena de R$ 720 milhões. Para o investidor institucional, o saldo anual continua negativo, totalizando uma saída de R$ 57,5 bilhões do mercado acionário brasileiro em 2023, marcando o menor nível de participação neste ano.