Na última semana, o mercado financeiro exibiu um quadro complexo, com variáveis internacionais e locais influenciando os investimentos. Apesar da queda global das commodities e do fortalecimento do dólar (DXY) junto com o aumento dos juros de 10 anos nos EUA, o Ibovespa (#IBOV) e as Small Caps, no Brasil, registraram uma alta de quase 2% em dólares.
Internacionalmente, a redução na demanda por derivados de petróleo nos EUA e os dados de inflação da China revelaram sinais de fragilidade econômica, impactando o mercado de commodities. Nos Estados Unidos, o discurso mais hawkish do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reforçou a intenção de controlar a inflação para a meta de 2%, influenciando a alta do dólar e dos juros.
No Brasil, a temporada de balanços mostrou resultados positivos na maioria, enquanto o IPCA veio abaixo das expectativas, indicando um cenário inflacionário controlado. Um desenvolvimento chave foi a aprovação da Reforma Tributária, representando um avanço importante na correção de distúrbios locais.
Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)
Influenciadas pela temporada de balanços e pelo fechamento da curva de juros, as empresas vinculadas à economia doméstica se destacaram positivamente entre as que compõem a carteira teórica do Ibovespa. Estas empresas registraram altas superiores a 10%, refletindo um desempenho notável no mercado.
Em contraste, as empresas exportadoras e aquelas que apresentaram um desempenho ruim na temporada de balanços figuraram entre os destaques negativos. Este cenário demonstra como os resultados corporativos e as mudanças nas expectativas de juros podem impactar de maneira distinta os diferentes segmentos do mercado acionário.
Desempenho do Real (BRL)
Nesta semana, o Real (#USDBRL) mostrou um desempenho marcado pela estabilidade, sustentado pela melhoria dos fundamentos locais, mesmo diante de um contexto onde o dólar se valorizou globalmente e a curva de juros nos EUA apresentou uma expansão. Apesar de sua performance relativamente estável, o Real se destacou quando comparado ao desempenho de moedas de outros países emergentes, e até mesmo de algumas moedas de países desenvolvidos. Este cenário realça a resiliência do Real em um ambiente econômico global que continua a ser desafiador e imprevisível.
Curva de Juros
O destaque da semana foi a divulgação dos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, que apresentou números mais favoráveis do que as expectativas do mercado. Este resultado sugere que a dinâmica da inflação no Brasil continua benigna, com a exceção das questões fiscais, o que poderia abrir espaço para o Banco Central acelerar os próximos cortes na taxa Selic. Dentro do IPCA, os números relacionados à Alimentação merecem atenção especial, pois a virada para o positivo foi mais forte do que o esperado.
Paralelamente, o Senado brasileiro avançou com a Reforma Tributária, um passo importante, embora não perfeito, para corrigir uma série de distorções locais. Embora essa reforma não vá resolver todos os problemas estruturais do país, ela representa um avanço significativo. Além disso, a retomada da agenda legislativa, com a aprovação do Projeto de Lei dos Fundos Exclusivos e do Projeto de Medida Provisória das Offshore na Câmara, seguida agora pela Reforma Tributária no Senado, está sendo bem recebida pelo mercado. Este conjunto de ações indica um progresso não perfeito, mas positivo nas questões fiscais e econômicas do Brasil.
Veja o calendário econômico para a próxima semana.
Olhando para o futuro, o mercado financeiro está antecipando que o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central do Brasil implemente novos cortes na taxa Selic. As expectativas são de reduções de 0,50 ponto percentual nas reuniões programadas para dezembro de 2023 e fevereiro de 2024. Há, contudo, divergências nas projeções para além de fevereiro. Muitos esperam que o ritmo de cortes diminua para 0,25 ponto percentual a partir de maio, mas não existe um consenso claro sobre a continuidade dessa tendência de baixa após agosto de 2024.
Com base nesses cenários projetados, espera-se que a taxa Selic encerre o ano de 2024 em 10% ao ano. Esta previsão representa uma ligeira redução em comparação à estimativa anterior de 10,25% ao ano, conforme constava em nosso relatório de 03 de novembro.
Fluxo Investidor Estrangeiro
Entre os dias 01 e 08 de novembro, o mercado de ações brasileiro experimentou um influxo significativo de capital estrangeiro, totalizando R$ 3,6 bilhões. Esse movimento positivo ocorre após um período de três meses consecutivos de retiradas, onde o saldo negativo acumulado atingiu quase R$ 18 bilhões. No acumulado do ano, o saldo de investimento estrangeiro está em torno de R$ 10 bilhões, ainda distante do pico do ano registrado no final de julho, quando o saldo acumulado era de aproximadamente R$ 24 bilhões.
Por outro lado, os investidores locais apresentaram um movimento de saída de capital. Os investidores institucionais retiraram R$ 1,9 bilhões e as pessoas físicas tiveram uma saída de R$ 1,8 bilhões. Para o investidor pessoa física, novembro está se configurando como o primeiro mês com fluxo negativo desde junho deste ano. Entre julho e outubro, o saldo acumulado de compras desses investidores foi de R$ 8,7 bilhões.
Quanto ao investidor institucional, o saldo anual continua negativo, com uma saída de R$ 35 bilhões do mercado acionário brasileiro, marcando o menor nível de participação em 2023. Este cenário reflete as diferentes dinâmicas e comportamentos entre os investidores estrangeiros e locais no mercado de ações do Brasil.