Reabertura da China
A semana foi positiva para ações chinesas (Shenzhen 100 +3,25%) e commodities relacionadas, destaque para o minério de ferro. Indicadores de alta frequência mostram evidente recuperação da mobilidade urbana nos últimos dias, após os primeiros passos na flexibilização da Covid Zero. Especulações em torno de medidas adicionais ao setor imobiliário chinês também contribuíram com esse movimento de recuperação, em especial, do setor imobiliário local.
Fiscal descorrelacionado o Brasil do Mundo
Durante a semana, houve a aprovação da PEC da transição no Senado com impacto de BRL 145 bi + BRL 23 bi por dois anos, texto que agora segue para votação na próxima semana na Câmara dos Deputados.
A reação do mercado não foi das melhores, onde observamos um movimento mais intenso de saída após a manifestação de institucionais, através de suas cartas, sobre sua visão mais negativa sobre o Brasil nos próximos anos. Com bolsa para baixo e juros para cima, a surpresa ficou com o dólar que segue no atual patamar ancorado pelas expectativas de juros em patamar elevados.
Diante desse cenário recomendamos posições mais conservadoras, em empresas dolarizadas ou de setores mais resilientes e com menor alavancagem.
COPOM: Selic em 13,75% por mais tempo
Banco Central (BCB) decidiu manter, de forma unânime, a taxa Selic em 13,75% a.a., permanecendo no patamar mais elevado desde dezembro de 2016. Apesar da manutenção, o comunicado enfatiza que seguirá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de garantir a convergência da inflação no horizonte relevante, o qual engloba os anos de 2023 e 2024, na mesma magnitude.
Com juros mais altos e por mais tempo, enxergamos um cenário mais complexo para empresas ligadas à economia doméstica, principalmente para empresas mais alavancadas ou que dependam de juros menores para otimizarem sua estratégia como o setor de construção civil por exemplo.
Investors Day
A semana foi de importantes anuncias por parte das empresas listadas em bolsa sobre suas visões, metas e desafios para o próximo ano. Veja a avaliação do nosso time:
Azul (AZUL4): Companhia recapitulou as dificuldades dos 2 últimos anos e o fortalecimento da estratégia vencedora que fez com que a Companhia saísse de 23% de market-share em 2019 para 30% em 2022. O evento foi importante para reforçar as estratégias do processo de desalavancagem, crescimento e geração de caixa (meta para 2024).
AES Brasil (AESB3): Em linhas gerais, a parte do evento relacionado ao direcionamento estratégico e crescimento não trazem necessariamente alguma novidade em relação ao que a empresa tem feito nos últimos anos (foco em energias limpas, atendimento ao cliente, complementariedade de fontes, aquisição de ativos operacionais, dividendos, etc).
Engie (EGIE3): Empresa deve alterar ligeiramente a sua estratégica de comercialização (positivo para geração de caixa, mesmo em um ambiente de preços de energia mais baixos), manter a distribuição de pagamento de dividendos em 2023 – a depender dos investimentos e endividamento, expandir sua estrutura na distribuição de gás e se antenar com as oportunidades da agenda regulatória.
Gerdau (GGBR4): Gerdau demonstrou a qualidade do management e dos ativos sob gestão da siderúrgica. Nossa visão é de que o ano de 2023 deve ser marcado por alguns desafios, porém, vemos a Gerdau tento se preparado ao longo dos últimos anos para exercer uma capacidade imediata de fornecer uma maior oferta caso demandado pelo mercado.
GPA (PCAR3): Principais executivos comentando a respeito dos 6 pilares do planejamento estratégico do Novo GPA, sendo eles: I) Top Line; II) NPS; III) Digital; IV) Expansão; V) Rentabilidade; e VI) ESG & Cultura. Seguiremos acompanhando os principais desdobramentos da transação do Grupo Éxito e de métricas operacionais.
Cogna (COGN3): Cogna contou um pouco mais de suas estratégias realizadas desde 2019 para chegar nos patamares atuais de entrega e o que o mercado pode esperar para bater o guidance de 2024 divulgado em 2020. O evento não trouxe muitos dados novos porém a management passou um tom confiante com o futuro.
VALE (VALE3): Acreditamos que o tom do Investor Day foi levemente negativo, colaborando para um cenário em linha com as nossas expectativas mais neutras a cerca da Vale e do setor de mineração.