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Publicado em 25 de Abril às 16:55:26

Expresso Bolsa Semanal: Rotação Global, Put do Fed, Ações brasileiras sobem forte

A semana foi marcada pela recuperação dos ativos de risco, com destaque para o Bitcoin, a Nasdaq e as ações brasileiras. Em contrapartida, os juros de longo prazo caíram nos Estados Unidos, enquanto o ouro e as commodities também registraram quedas. Mesmo com o recuo do ouro, o JPMorgan projeta o metal acima de US$ 4.000 até o segundo trimestre de 2026, apoiado pela tese de alta estrutural impulsionada pela estagflação e pela perda de confiança na economia americana.

O cenário mais positivo da semana foi impulsionado pelo recuo de Donald Trump nas tarifas comerciais, especialmente após sentir o impacto dos juros longos nos EUA. O mercado interpretou que Trump está atento às reações dos empresários e dos preços dos ativos, mostrando sensibilidade aos sinais do mercado. Ainda assim, persistem dúvidas sobre se essa mudança de postura é genuína ou apenas parte de sua estratégia de negociação. Paralelamente, houve também uma diminuição nas críticas ao Federal Reserve, que na semana anterior vinha sendo pressionado.

Outro ponto importante foram os discursos de membros do Federal Reserve, sinalizando que, caso o desemprego suba levemente, cortes de juros poderão ocorrer ainda em junho. Christopher Waller e outros dirigentes indicaram que priorizam o mercado de trabalho, considerando a inflação como transitória. A possibilidade de corte de juros antecipado aumentou a percepção da chamada “Put do Fed”, com 55% de chance de corte já em junho, o que reforçou o apetite por ativos de risco.

Investidores também permanecem atentos à possibilidade de novos estímulos fiscais na China, voltados para setores impactados pelas tarifas americanas. Há uma percepção de que a China, sem as pressões internas típicas de uma democracia, pode sustentar a guerra comercial por mais tempo que os EUA.

Mais uma vez, os ativos brasileiros chamaram atenção, favorecidos pela tese de rotação global, com saída de capital dos EUA para mercados da Europa, China e emergentes. O dólar caiu para R$ 5,76 e o fluxo estrangeiro para o Brasil voltou a ficar positivo, com entrada acumulada próxima de R$ 5 bilhões no ano. Bolsas do México, Chile e Colômbia já sobem mais de 20% em dólar em 2025, reforçando que o movimento de rotação é amplo. A valorização das moedas locais frente ao dólar também reforça essa tendência.

Além disso, o Banco Central brasileiro indicou que a Selic a 14,25% pode ser suficiente para as necessidades de política monetária atuais. Começa a ganhar força entre analistas a percepção de uma possível alternância de poder nas eleições de 2026, o que poderia beneficiar ainda mais ativos como small caps e o próprio Ibovespa, especialmente se o cenário global seguir em melhora.

Maiores Altas e Baixas (Ibovespa)

Desempenho do Real (BRL)

O Real (BRL) registrou uma valorização de 2,19% em relação ao Dólar nessa semana. Comparativamente, a moeda brasileira apresentou um desempenho total (considerando a diferença de preços mais juros) acima da média de desempenho se comparado a outras moedas globais, tanto de países desenvolvidos quanto emergentes.

Curva de Juros

Os juros futuros encerraram a semana em queda, puxados pela postura mais conciliatória de Donald Trump na guerra comercial e pelo recuo nas críticas ao Fed. No front doméstico, o Banco Central sinalizou que a Selic em 14,25 % pode ser suficiente, sustentando o rali na renda fixa. A inflação implícita em 12 meses recuou de 7,5 % para 5 %, ponto ressaltado pelo diretor de Política Econômica, Davi, em apresentação ao FMI. O Tesouro Nacional aproveitou o momento e colocou papéis longos a taxas mais baixas, indicando maior confiança dos investidores. O IPCA-15 de abril desacelerou para 0,43 % mês a mês (consenso 0,42 %) e para 5,49 % em 12 meses (consenso 5,48 %); os núcleos permaneceram em 0,47 %, repetindo março. A curva projeta alta da Selic inferior a 40 pb em maio e abaixo de 15 pb em junho, além de probabilidade de corte de 0,25 pp no fim do ano.

Para as próximas reuniões o mercado está projetando um aumento de 0,5 ponto percentual, seguido por mais uma alta de 0,25 ponto percentual e redução de 0,25 ponto percentual antes do final do ano. A projeção para a taxa Selic ao fim de 2025 foi reduzida em 0,25 ponto percentual, estimando um final de ciclo em 14,50%.

Fluxo Investidor Estrangeiro

Entre os dias 15 e 23 de abril de 2025, o mercado brasileiro registrou uma entrada de capital estrangeiro de R$ 3,9 bilhões. Ainda assim, o saldo de abril segue negativo em R$ 5,8 bilhões, configurando a maior saída mensal dos últimos 12 meses e reduzindo a entrada acumulada no ano para R$ 4,9 bilhões. Se esse movimento for confirmado, será o primeiro mês de saída líquida após quatro meses consecutivos de fluxo positivo.

No caso dos investidores institucionais, a semana foi de resgate, com uma retirada de R$ 2,5 bilhões. No entanto, o saldo do mês ainda é positivo em R$ 2,6 bilhões, o que, se mantido, representará a primeira entrada líquida em 12 meses. Apesar disso, o acumulado de 2025 segue no vermelho, com uma saída de R$ 7,6 bilhões.

Os investidores pessoa física também contribuíram para a liquidez do mercado, com uma entrada de R$ 132 milhões nos últimos cinco pregões. No acumulado de abril, o saldo positivo já soma R$ 4,1 bilhões, mostrando a continuidade da presença ativa do investidor doméstico no mercado acionário.

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