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Publicado em 21 de Setembro às 15:24:06

Hora de ir às compras! Queda da bolsa gera oportunidade do ano. Entenda porquê

Desde junho deste ano, o principal índice do mercado de ações brasileiro, Ibovespa, passa por um movimento de correção influenciado por uma deterioração dos fatores de risco locais e externo. Porém, numa avaliação estatística, entendemos que o patamar entre 105.000 e 111.000 pontos pode apresentar uma boa oportunidade para alocação em bons ativos brasileiros.

Desafios internos

Nos últimos meses uma série de fatores contribuíram para uma reprecificação do Ibovespa, que atingiu no começo de junho os 131.000 ponto e desde então acumula uma queda de mais de 15%. De maneira resumida, esse movimento é justificado por:

Crise hídrica: impacto estaginflacionário com aumento do custo da energia elétrica e diminuição nas expectativas de crescimento.

Selic/Inflação: Por conta da inflação mais alta, o Banco Central Brasileiro (BCB) está trabalhando dentro de um processo de normalização dos juros, através da alta da Selic. A expectativa do mercado é que a Selic termine o ano entre 8% e 9%. Juros mais altos diminuem a atratividade da bolsa, pois a renda fixa paga melhores retornos ao mesmo tempo que reduz o número de novas ofertas públicas (IPO).

Crise institucional/Eleições 2022: Com a indefinição sobre a PEC dos Precatórios, Auxílio Brasil e andamento das reformas, o risco Brasil aumento muito. Essa precificação também foi absorvida pela ponta longa da curva de juros que, por sua vez, impacta no custo de capital das empresas e no preço justo (valuation) das ações.

Estados Unidos (Política Monetária)

Mais recentemente, uma nova roda de eventos trouxe uma nova precificação para o Ibovespa, que já estava sendo impactado por problemas internos, citados anteriormente.

Avaliando a situação americana, o principal driver do mercado hoje fica sobre o processo de normalização monetária (taper tantrum) nos EUA, que se traduz no inicio em 2021 ou 2022 dos estímulos monetários que estão sendo colocados desde o ano passado. Esse movimento já é esperado pelo mercado, porém, o investidor ainda precisa de sinalizações sobre como se dará a velocidade e magnitude desse processo. Atualmente, o Federal Reserve (Fed) compra cerca de US$ 120 bilhões em títulos da dívida e hipotecas.

Acreditamos que o fator de risco não virá de uma comunicação do Fed, que deverá ser bastante cauteloso na sua comunicação e estratégia para realização desse processo. Por outro lado, dados sobre inflação ou mercado de trabalho poderiam “forçar” o Fed a rever sua estratégia, sendo esse ponto o principal fator de risco que poderia promover um ajuste mais forte dos mercados.

Uma nova China?

O mercado foi bombardeado recentemente com notícias sobre a Evergrande, maior empresa do setor imobiliário chinês, e que está com sérios problemas para honrar seus compromisso financeiros. Segundo informações da própria companhia, a mesma possui hoje algo em torno de US$ 300 bilhões em dívidas, sendo considerada uma das empresas mais alavancadas do mundo.

Desde a metade de 2020, o governo Chinês vem promovendo uma série de mudanças em sua economia. Essas mudanças têm como objetivo diminuir a alavancagem e especulação existente em alguns setores, principalmente no mercado imobiliário. Essa regulação do setor visa evitar no futuro a formação de bolhas e normalizar o preço das casas no país.

Entendemos que o governo do China tem buscado, através da atuação em diversos setores, promover maior igualdade social e prosperidade para sua população. Com intervenções no setor imobiliário e educacional, o governo local quer corrigir distorções para promoção de maior acesso à sua população de necessidades básicas, como saúde, moradia e educação. Toda grande mudança tem seus impactos positivos e negativos, e o que estamos presenciando hoje e nos últimos meses pode ser o marco para uma nova China.

Em termos de estratégia de investimentos, acreditamos que toda a cadeia ligada ao setor imobiliário chinês pode passar a curto e médio prazo por uma precificação. Commodities metálicas não-preciosas, mineradoras e siderúrgicas podem passar uma transição mediante a um choque de demanda esperado pelo maior consumidor de commodities do mundo. Por outro lado, acreditamos que commodities e empresas correlacionadas com uma mudança na matriz enérgica (eólica, nuclear, solar) podem se favorecer desse novo momento.

Por fim, acreditamos que a reação recente dos mercados se dá muito mais por uma mudança estrutural em teses de investimentos do que por um risco de contágio nos mercados de crédito por conta de um default ou calote da Evergrande. Ainda existe espaço para uma deterioração e devemos ver as coisas piorarem antes de vermos uma melhora.

Em 2022, a China recebe os Jogos Olímpicos de Inverno em fevereiro, e em outubro do ano que vem, haverá o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista, quando Xi Jinping deverá ser reconduzido para um inédito terceiro mandato. Acreditamos que o governo local irá buscar por estabilidade econômica para esses dois grandes eventos.

Oportunidade no Ibovespa?

A exposição de diversos fatores de risco (internos e externos) promoveu uma correção muito forte para a nossa bolsa, que em termos valuation já precifica um ambiente de crise para o nosso país. Considerando a velocidade, a magnitude do movimento, somada ao fato de que os mercados sempre exageram, o modelo estático abaixo sugere que temos uma oportunidade de entrada em bolsa brasileira na faixa dos 105.000 à 111.000 pontos.

A justificativa para essa recomendação se baseia no fato de que nos últimos 10 anos, todas a vez que o Ibovespa ficou entre o 2 e 3 desvio padrão da sua média móvel de 6 meses, houve uma reversão da sua atual tendência, que poderia buscar uma região neutra, um ponto de equilíbrio no patamar dos 121.000 pontos. Nessa faixa de preços, acredito que teríamos um Ibovespa nem otimista e nem pessimista frente aos fatores de risco já precificados pelo mercado.

Nesse movimento de correção, empresas dos setores de construção civil, elétrico, varejo, bancos, small caps foram as mais impactadas por esse movimento. Assim, acreditamos que nesses setores estão as melhores oportunidades. Dado a dificuldade do mercado de tentar montar um cenário base para os próximos meses, empresas com boa gestão, capitalizadas (IPO/Follow On/Emissão de dívida), e com capacidade de entregar resultados resilientes nos próximos trimestres podem chamar mais a atenção do mercado neste momento.

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