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Publicado em 12 de Agosto às 05:12:19

JBS (JBSS3): 2T21 – Firme, forte e sem freio

Recomendação Genial

A JBS quebrou recordes e mais uma vez divulgou resultados excelentes, superando as nossas expectativas, que já vinham bastante otimistas. Continuamos vendo grande potencial de valorização e, portanto, reforçamos a nossa recomendação de COMPRA. O consenso de mercado para o EBITDA era de R$ 8,9 bilhões, enquanto na Genial estávamos mais otimistas, projetando R$ 9,7 bilhões. Mesmo assim, fomos surpreendidos positivamente, pois a maior empresa de proteínas do mundo reportou um EBITDA de R$ 11,7 bilhões, atingindo um crescimento de 13,7% em comparação ao mesmo período em 2020 e superando o seu recorde em qualquer trimestre. O resultado foi puxado principalmente por uma de suas unidades de negócio situada nos EUA: a JBS USA Beef, que teve um aumento de 21,3% a/a de receita, chegando a US$ 6,7 bilhões, equivalente a R$ 35,7 bilhões. No consolidado, o frigorífico chegou à marca de R$ 85,6 bilhões de receita líquida, um recorde trimestral e aumento de 13,8% a/a.

Confira um vídeo rápido sobre o balanço.

Análise por unidade de negócio

A empresa é dividida em 5 principais unidades de negócio: JBS USA Beef, JBS USA Pork, Pilgrim´s Pride Corporation (PPC), Seara e JBS Brasil.

JBS USA Beef

Principal destaque do trimestre, aumentando seu EBITDA por 158,7% na comparação com o mesmo trimestre em 2020, para R$ 7,1 bilhões, com um avanço de 10,8 p.p. em sua margem EBITDA, atingindo 19,8%. A divisão foca na produção e comercialização de carne bovina nos EUA e por conta de um cenário extremamente benéfico no país, com alta disponibilidade de gado e uma demanda americana muito forte, a empresa conseguiu atingir esses números excepcionais. Vimos aumentos expressivos tanto em termos de volumes quanto em termos de preço médio, de 10,9% a/a e 9,0% a/a, respectivamente.

JBS USA Pork

As margens de carne suína nos EUA continuaram pressionadas nesse trimestre. A margem EBITDA ficou em 8,0%, redução de 3,7 p.p. em comparação com o 2T20. O preço do animal continua alto, em função dos custos elevados de grãos (milho e soja), que são utilizados para a produção de suínos e, consequentemente, afetam diretamente seus preços. O EBITDA da unidade foi de R$ 854 milhões, um declínio de 19,2% em relação ao 2T20. Contudo, ainda vimos um aumento nas vendas totais: sua receita aumentou em 25,6% a/a, atingindo R$ 10,7 bilhões, por conta da boa demanda por proteínas nos EUA.

Pilgrim´s Pride Corporation (PPC)

Unidade de negócio focada em frangos, processados e produtos de valor agregado nos EUA, México e Europa. Com a reabertura das operações de seus principais clientes (segmento de food service) aliada com bons volumes no varejo (principalmente nos EUA), vimos uma melhora significativa: aumento de 125,3% de EBITDA em relação ao 2T20, chegando a R$ 2,5 bilhões. Além disso, a margem EBITDA também avançou em 2,4 p.p. para 13,1%. Com as atividades voltando ao normal nos países mencionados (comer fora, encontro entre amigos, rotina escolar e de trabalho), enxergamos bom potencial para a PPC continuar progredindo no segundo semestre de 2021.

Seara

Com o lançamento de novos produtos e uma crescente demanda vindo por conta da retomada da economia, da volta do movimento nas ruas e de rotinas, a divisão conseguiu avançar sua receita líquida para R$ 8,9 bilhões, crescimento de 14,0% a/a. Contudo, a forte alta dos preços dos grãos (usado como ração para os animais que eles produzem) seguem comprometendo suas margens e custos. A Seara viu uma redução da sua margem EBITDA de 11,9% no 2T20 para 9,0% no 2T21, um declínio de 2,9 p.p.

JBS Brasil

A divisão concentrada em carne bovina no Brasil conseguiu ter um bom avanço de 23,8% de volume de vendas por conta de parcerias estratégicas com seus clientes e iniciativas de novos produtos. Sua receita líquida atingiu R$ 12,7 bilhões, 46,0% maior do que o 2T20. Todavia, o Brasil passa por um momento bastante desafiador quanto ao ciclo do gado, com baixa disponibilidade do animal e alta demanda externa, além de um clima desfavorável durante o trimestre (muito frio e geadas). Isso afeta diretamente os preços do boi gordo, que continuam firme acima dos R$ 300/arroba (número muito elevado quando comparado com o histórico), o que afetou negativamente o EBITDA da divisão, que viu uma redução de 63,4% em relação ao 2T20, totalizando R$ 439,4 milhões. Esperamos que esse cenário deva se prevalecer pelo menos até o final do ano.

Pontos positivos

  • Boa exposição ao mercado asiático (48,5% da receita total de exportações), que vem sendo um dos principais drivers para o consumo de carne global;
  • Distribuição de dividendos de R$ 2,5 bilhões (equivalente a R$ 1,02 por ação) a ser pago no dia 24 de agosto de 2021;
  • Forte posição de caixa (R$ 3,2 bilhões de fluxo de caixa livre) e alavancagem baixa (1,6x dívida líquida/EBITDA) traz espaço para mais investimentos (aquisições, dividendos, recompra de ações, etc.);
  • Diversificação: a empresa mais uma vez provou que não depende de nenhuma operação específica para entregar resultados excelentes – mesmo com um cenário adverso no Brasil, suas operações em outros países e em outros produtos mais do que compensam por isso.

Pontos negativos

  • Operações no Brasil e em proteína suína e de frango ainda sofrem com custos elevados;
  • Problemas nos portos e com contêiners no Brasil impediram maior receita de exportação;
  • Uma das plantas nos EUA sofreu um ataque cibernético de hackers russos durante o trimestre, parando sua operação por 2 dias. O impacto foi mínimo, porém isso nos mostra a exposição ao risco geopolítico por ter operações globais.

O que esperar daqui para frente

Pensamos que a JBS deve continuar se aproveitando de um cenário positivo nos EUA para obter ótimos resultados. Além disso, a situação financeira favorável da empresa abre oportunidades de geração de caixa para acionistas através da distribuição de dividendos e recompra de ações.

Além disso, também tem espaço para investimentos em crescimento orgânico e em mais aquisições. Até agora, em 2021, a JBS comprou:

  • Rivalea, maior empresa de produção de suínos na Austrália, por US$ 165 milhões (R$ 681 milhões);
  • Huon Aquaculture, outra australiana, focada na produção de salmão, por US$ 403 milhões (R$ 2,1 blhões);
  • Vivera, uma das maiores empresas de produtos a base de plantas da Europa, por € 341 milhões, equivalente a R$ 2,1 bilhões.

Essas aquisições reforçam a estratégia de crescimento via M&A da empresa, expandindo seu portfólio e diversificando suas fontes de receita em termos de produtos e em mercados diferentes. Gostamos das perspectivas futuras da empresa, que continuam mostrando seu comprometimento de geração de valor aos acionistas e crescimento orgânico e inorgânico.

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