Bitcoin (+8,3%)
O bitcoin fechou o mês de fevereiro subindo 12,2% em dólar e 8,3% em reais. Até o dia 23/fev a cripto acumulava baixa (BTC/USD) de 3,7% no mês influenciada pelas expectativas de: (i) retirada de estímulos econômicos no mundo, com destaque para a elevação das taxas de juros americanas, e; (ii) pela eventual regulação de criptomoedas, cuja discussão vem se estendendo principalmente nos EUA. A elevação das taxas de juros aumenta a atratividade de ativos menos arriscados, reduzindo demanda por ações e criptomoedas, por exemplo.
No dia 24/fev o mercado teve uma reviravolta com a invasão da Rússia à Ucrânia. Em primeiro lugar, as criptos são descentralizadas, impossibilitando que sanções, congelamento de recursos ou até a quebra de bancos ameacem os recursos de cidadãos. Em segundo lugar, com sanções à Rússia, uma das formas adotada pelo país para fazer transferências internacionais podem ser as criptomoedas.
Com um cenário geopolítico que em tese passou a justificar mais a alocação de criptomoedas, o bitcoin valorizou (BTC/USD) 15,9% entre o dia do início do conflito e o fechamento mensal. Com incertezas trazidos pelo conflito geopolítico nos países envolvidos, os volumes negociados dos pares bitcoin e rublo russo e bitcoin e AUH (moeda ucraniana) superaram em mais de 4x a média dos 10 dias anteriores no dia 24/fev.
Apesar do cenário desfavorável para criptos com a alta de juros e retirada de estímulos econômicos em 2022, as incertezas geopolíticas globais podem favorecer uma maior demanda por cripto. Por ser mais conhecido e líquido, o bitcoin pode ser uma das moedas mais beneficiadas.
Ouro (+6,22%)
Com o medo instaurado no mundo, o ouro voltou a ter seu papel de destaque entre os principais ativos no mundo com os investidores buscando proteção. O metal iniciou fevereiro sendo negociado à 1797 dólares e fechou o mês à 1909 dólares, alta de mais de 6% frente ao fechamento do último dia de janeiro.
Os preços do ouro já vinham subindo em 2022 à medida que os temores de inflação começaram a aumentar em todo o mundo. No mês fevereiro, a medida que as forças armadas russas começaram a cercar a Ucrânia, o metal foi se apreciando. Considerado reserva de valor, o metal costuma ser demandado por sua liquidez e escassez em momentos de crise.
Como já dissemos outras vezes, nos momentos em que as perspectivas de crescimento são incertas, os riscos uma inflação mais duradoura e mais alta, aumenta o apetite dos investidores por proteção e o ouro se valoriza. Há muita pressão sobre os preços da comodities, por conta de reflexos do conflito. Os impactos mais diretos estão relacionados aos custos de energia e de grãos em decorrência da redução da oferta global.
Mesmo com o aumento da incerteza e da desaceleração econômica global, por conta do conflito entre Rússia e a Ucrânia, o FED deve seguir com uma postura mais conservadora em 2022 mantendo os aumentos juros previstos pelo mercado. Embora esteja diante de uma inflação não transitória, a economia americana tem se mostrado resiliente. Vale destacar que um cenário com o fim do conflito, persistência da inflação e resiliência da economia americana, abre espaço para um ajuste mais agressivo na subida do juros, o que seria terrível para performance do ouro.
Ibovespa (+0,89%)
Ibovespa apresentou resiliência frente a volatilidade global, e podemos encarar isso como um fator positivo para a nossa bolsa. A continuidade da entrada de investidores estrangeiro na busca por empresas continua mas, além disso, destacamos o bom desempenho de ações consideradas mais conservadores como as do setor elétrico e boas pagadores de dividendos. Assim, acreditamos que preço ainda está fazendo a diferença nas escolhas dos investidores, porém, ainda com tom de cautela e parcimônia.
A temporada de balanço trouxe resultados que em sua maioria surpreenderam as expectativas do mercado. Vemos esse movimento como importante para trazer mais racionalização a precificação dos ativos globais. Sobre o contexto macroeconômico, ainda estamos vivendo um período de preços inflacionários e baixo crescimento econômico. A boa notícia por enquanto sobre isso é que não houve impacto significativo nos ativos, nos indicando que o pior poderia já ter ficado para trás.
Nossa única dúvida fica sobre a questão fiscal, pois ainda não entendemos como isso poderia afetar na precificação dos ativos, ou o que o governo estaria disposto a fazer em um ano eleitoral. Pacotes de bondade e de renúncias fiscais estão sendo discutidos e entendemos que o seu efeito de curto prazo poderia ser positivo, mas com consequências negativas à frente.
Ifix (-1,29%)
No mês de fevereiro o Ifix fechou em queda de -1,29%, impactado pela abertura da curva de juros e pela aversão ao risco devido ao aumento das tensões globais. Dessa forma, atualizamos nosso cenário para o próximo trimestre de 2022, sem vislumbrar gatilhos de valorização devido a: i. incerteza política, ii. juros ainda em ciclo de alta e iii. aumento da aversão ao risco.
O fundo com melhor desempenho no mês de fevereiro foi o Vinci Instrumentos Financeiros (VIFI11), fundo de recebíveis imobiliários da Vinci Partner, com alta de 6,4%. O pior desempenho do mês ficou com o fundo de galpões logísticos da Zargos GGRC11 com queda de -8,9%
Dólar (-2,72%)
Ao longo do mês de fevereiro o real apresentou forte valorização em relação ao dólar, seguindo a trajetória do ativo desde o início de 2022. Até o dia 24 de fevereiro, a valorização da moeda brasileira chegou a atingir 5,7% no mês. Com o aumento das incertezas após o início da guerra no leste europeu, ocorreu uma inversão desta trajetória. Ainda assim, a moeda brasileira fechou o mês com valorização de 2,72%. Após esta primeira reação à invasão da Ucrânia pela Rússia, a moeda brasileira voltou a se valorizar após os feriados de carnaval.
Nossa avaliação é que o principais fatores que estão gerando esta valorização da moeda brasileira são os altos preços das commodities no mercado internacional, o elevado diferencial de juros entre o Brasil e seus pares emergentes e entre o Brasil e os países desenvolvidos e a redução da incerteza quanto ao desempenho fiscal do país em 2022.
Com a taxa básica de juros em 10,75% ao ano e o anúncio de aumentos desta taxa nos próximos meses, bem acima das taxas de juros de outros países, a obtenção de superávit primário no mês de janeiro e o aumento dos preços das commodities nos mercados internacionais, o Brasil se tornou um país bastante atraente ao capital financeiro internacional. Nossa avaliação é que, caso estes fatores persistam, este comportamento da moeda brasileira deverá persistir nos próximos meses.
S&P 500 (-3%)
O S&P 500 apresentou queda de 3%, enquanto o setor de energia foi o único a encerrar o mês com performance positiva (+7,09%). Em contrapartida, os setores de tecnologia e consumo discricionário apresentaram as piores performances dentre os 11 setores do índice (-4,88% e -4,07%, respectivamente), devido a maior incerteza no cenário macroeconômico.
Dessa forma, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia intensificou as tensões geopolíticas, e, consequentemente, aumentou a preocupação dos investidores em relação à oferta de commodities. Por conseguinte, os futuros de petróleo atingiram mais de US$ 100 por barril pela primeira vez desde 2014.
Assim, ações de empresas de energia solar, principalmente a SolarEdge Technologies (+31% no mês – a maior alta do S&P 500), se destacaram positivamente, dado que o conflito deixou alguns formuladores de políticas mais preocupados com a dependência de combustíveis fósseis. A mineradora Freeport-McMoran também apresentou destaque positivo (+28,6%), considerando que o ouro voltou a apresentar alta e ultrapassou patamares atingidos em 2020.
Em contrapartida, ativos do setor de tecnologia, considerados mais arriscados, apresentaram as maiores quedas. Deste modo, a Paypal (-41,2%) e a Meta (-37,4%) foram as empresas que contribuíram negativamente para a performance do S&P 500 no mês de fevereiro.