Ibovespa (+6,06%)
Em março, Ibovespa subiu 6,06%, com fechamento aos 119.999 pontos. Com a alta, o índice encerrou o 1º trimestre do ano acumulando uma valorização de 15,47%. Nosso índice foi favorecido pela melhor dinâmica internacional na expectativa de uma resolução para o conflito entre Rússia e Ucrânia. Outro fator importante foi a sinalização de que a Selic terminal para 2022 ficaria muito próxima de 12,75% ao ano, o que possibilitou uma forte recuperação das ações ligadas à economia local, principalmente dos setores que possuem uma correlação inversa com a curva longa de juros, construção civil, varejo, small caps e elétricas. O fluxo de investidor estrangeiro seguiu forte com entrada de R$ 21,3 bilhões no mês.
S&P 500 (+3,71%)
O S&P 500 apresentou alta de 3,71% no mês de março, com 9 dos 11 setores apresentando alta. Os setores de serviços de telecomunicações e financeiro foram os únicos que apresentaram queda (-0,66% e -0,52%, respectivamente).
A Nielsen Holdings apresentou a maior alta do mês (+56,9%) após rumores de que um grupo de investidores de private equity adquirirá a empresa por US$ 16 bilhões. Além disso, o mês foi marcado pela volatilidade do preço do petróleo, que atingiu o maior valor desde 2008 (130/barril) após os EUA considerarem um embargo ao petróleo russo. Consequentemente, empresas do setor como a Occidental Petroleum (+30%) e a Baker Hughes (+23,9%) também apresentaram as maiores altas do S&P 500 ao longo do mês.
Em contrapartida, a indústria de semicondutores apresentou performance negativa no mês devido às preocupações acerca do fornecimento. Assim, empresas como a Advanced Micro Devices (-11,4%), Micron Technology (-12,3%) e Qualcomm (-10,8%) apresentaram as piores performances do mês.
Ouro (+1,5%)
Com o contexto geopolítico com a guerra na Ucrânia, a procura pelo ouro continuou a ter seu papel de destaque entre os principais ativos no mundo, atraindo diversos investidores que buscam evitar exposição a ativos de risco e adentrar no mundo do ouro. O metal começou o mês de março negociado a $1908,99 e terminou em $1937,44 (+1,5%), um ligeiro aumento no mês.
Os preços do ouro já estavam em caminhada de ascensão em 2022 à medida que os temores de inflação começaram a aumentar em todo o mundo, impactado pelo aumento dos preços das commodities, sobretudo minério de ferro e petróleo. No mês de março, no entanto, o preço do ouro sofreu oscilações terminando com uma leve alta. Considerado como uma reserva de valor, o metal costuma ser demandado por sua liquidez e escassez em momentos de crise, atrativo em épocas de grandes incertezas.
Em momentos como este, a busca por proteção se torna cada vez mais evidente, levando muitos investidores a procurarem refúgio em ativos como o ouro justamente pela sua característica de reserva de valor. Com a pressão global e os níveis inflacionários, o contexto internacional ainda não dá sinais de melhora nos números, e ainda com a questão energética pressionando cada vez mais, vem se demandando medidas mais fortes de organizações como a da OPEP do governo norte-americano para tentar conter a crise energética.
Mesmo com a não resolução da guerra na Ucrânia, a perspectiva de aumento de juros nas próximas sessões do FED se torna cada vez mais aflorada, tendo em vista a inflação norte-americana, que demanda respostas mais robustas a fim de conter seu avanço. Com isso, um cenário com o fim do conflito, persistência da inflação e aumento dos juros, trariam consequências negativas para o ouro.
Ifix (1,42%)
O Ifix terminou o mês de março em alta de 1,42%, reduzindo as perdas e encerrando o trimestre com performance de -0,87%. Parte do movimento de alta, pode ser justificado pela expectativa do mercado de que a política monetária contracionista, iniciada pelo Banco Central em março de 2021, irá chegar ao fim. Outro fator que influencia o mercado de fundos imobiliários é a possível resolução do conflito entre a Rússia e Ucrânia, trazendo maior otimismo aos investidores.
Bitcoin (2,12%)
Em março o Bitcoin valorizou 5,4% em dólar, mas caiu 2,12% em real. A queda em real foi resultado da grande apreciação do real, com o câmbio saindo de R$ 5,27 para R$ 4,8 no mês. A alta do bitcoin foi explicada pela procura por proteção de investidores mediante a guerra na Ucrânia.
Por ser descentralizado, é difícil que governos restrinjam a negociação e transferências de criptomoedas. O conflito na Ucrânia gera incertezas nas regiões envolvidas, levando investidores a comprar cripto para proteger o patrimônio. As criptomoedas também podem ser utilizadas pela Rússia para driblar sansões do ocidente, impulsionando a demanda.
Olhando para frente, os principais riscos para a cotação do bitcoin são: (i) a elevação da curva de juros americana, que pode reduzir a atratividade de ativos de risco, e (ii) aprovação de medidas regulatórias que imponham empecilhos para a negociação de criptomoedas. Do lado positivo, o conflito geopolítico pode continuar impulsionando a demanda e contribuindo para a valorização do bitcoin e demais criptos.
Dólar (-7,6%)
A tendência à valorização do real frente ao dólar, que teve início do final de 2021, acelerou fortemente no mês de março. Nos meses de janeiro e fevereiro, o real se valorizou 6,77% frente ao dólar. No mês de março, a valorização atingiu 8%. Com isto, a valorização nos três primeiros meses do ano atingiu 15,1%. Além do elevado diferencial de juros entre o Brasil e seus pares emergentes e entre o Brasil e os países desenvolvidos, este comportamento do real frente ao dólar no mês de março está diretamente relacionado aos efeitos da guerra no leste europeu sobre os mercados de commodities.
Com a invasão da Ucrânia pela Rússia e a reação dos países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, tentando isolar a Rússia do comércio internacional de bens e de moedas, ocorreu uma brusca exclusão de dois importantes exportadores de commodities do mercado internacional destes bens. Com isto, produtos como petróleo, gás natural, milho, trigo, fertilizantes, metais, aço, entre muitos outros, tiveram uma redução de oferta nos mercados internacionais, com consequente aumento de seus preços. Como o Brasil é um grande produtor e exportador de commodities, este aumento dos preços dos produtos exportados pelo país gerou melhora nos termos de troca e na conta-corrente do balanço de pagamentos, aumento do fluxo de recursos financeiros e aceleração da valorização cambial.
Nossa expectativa é que esta redução de oferta deverá permanecer ainda por alguns meses, o que deverá manter a trajetória de valorização. A questão é com que intensidade e por quanto tempo.