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Publicado em 04 de Outubro às 17:23:00

Melhores e piores investimentos de setembro em renda variável

Um mês para esquecer! Após 2 meses como o ativo que mais valorizou no mês, o bitcoin perdeu sua posição após apresentar uma performance negativa em setembro. O Ibovespa segue seu terceiro mês como último colocado, apresentando o pior resultado entre os ativos aqui listados. Enquanto tudo corre mal, o Dólar apresenta a única valorização positiva do mês, com um Real fraco dado os riscos fiscais e turbulência política que o país sofre atualmente.

Dólar (+5,3%)

Ao longo do mês de setembro, o comportamento do real frente ao dólar foi caracterizado por forte pressão de desvalorização. Este comportamento da taxa de câmbio foi determinado por três fatos importantes. Internamente, o risco de rompimento do teto do gasto público gerou aumento do risco fiscal e pressão sobre a taxa de câmbio. A ameaça ao teto se deu à notícia de que as despesas com o pagamento de precatórios em 2022 irão atingir R$ 89 bilhões,  o que seria R$ 40 bilhões a mais do que o esperado, e às pressões de parte do governo pela prorrogação do programa Auxílio Emergencial, mesmo que fora do teto do gasto.  A ameaça de rompimento do teto de gastos gerou forte aumento do risco fiscal e pressão sobre a taxa de câmbio.

No cenário internacional, o anúncio pelo Comitê de Política Monetária (Fomc) do banco central americano (Fed) de que deve iniciar o processo de redução das compras de ativos no mercado financeiro internacional já no mês de novembro de 2021 e a aumentar a taxa de juros no final de 2022 ou início de 2023 e a forte desaceleração da economia chinesa, combinado à eminência de falência da segunda maior incorporadora imobiliária do país (Evergrande), o que poderia gerar uma crise de crédito na segunda maior economia do mundo,  geraram volatilidade e valorização do dólar nos mercados financeiros internacionais.

Diante deste cenário, o real desvalorizou 5% em relação ao dólar no mês de setembro.

Fundos Imobiliários (-1,24%)

Os fundos imobiliários continuam apanhando, com a inflação persistente e expectativa de juros cada vez mais elevados ao final do ano o IFIX fechou em queda de -1,24. Com a Selic cada vez maior, os investidores que migraram para fundos imobiliários buscando rentabilidade superior à renda fixa tem feito o movimento inverso, e retornam a renda fixa.

No IFIX, os segmentos mais impactados foram os segmentos de escritórios e shoppings. Os mesmos segmentos que já haviam sido impactados pela pandemia e que começam a mostrar sinais de recuperação nos últimos meses, com destaque para as novas locações de lajes, que tem revertido a tendência de aumento de vacância e as vendas em shoppings, que têm estado muito próximas ao mesmo período do ano de 2019.

Ouro (-3,23%)

Um mês de ressaca para quem investe em ouro. Saindo da faixa dos 1818 dólares no começo do mês, para um fechamento na casa dos 1750, uma queda de mais de 3%. Com a inflação batendo na porta dos principais mercados globais, as incertezas em relação à redução de estímulos econômicos por parte do FED colocaram ainda mais pressão nos preços do ouro. Essa redução deve implicar em taxas de juros mais altas, elevando o custo de oportunidade do ouro, gerando um movimento pontual de migração dos investidores para os ativos livres de risco.

Embora o mês não tenha sido bom, a volatilidade ainda segue forte em meio à desaceleração do crescimento econômico, enquanto alguns investidores estão preocupados com a queda dos preços do ouro, estamos vendo muitos investidores focados no longo prazo, comprando ouro para se proteger contra a inflação e os riscos econômicos. Na mínima do mês, o ouro chegou a ficar abaixo dos 1722 dólares, já na máxima do mês, chegou a ser negociado na faixa dos 1833 dólares, uma amplitude de 6,4% em relação ao preço de fechamento.

Bitcoin (-3,71%)

O Bitcoin caiu 3,73% em setembro e o mês pode ser resumido em uma única palavra: regulação. Com a China reiterando o banimento do Bitcoin para fins de trade e mineração, a cotação passou a sofrer, tendo caído 4,27% no dia do comunicado do Banco Central da China. Além disso, se espalhou o receio de que os Estados Unidos e outros países pudessem fazer o mesmo. 

Vale a pena destacar que a China já implementou restrições às criptomoedas por diversas vezes, dentre elas em 2013, quando o país restringiu o uso de bitcoin por bancos, e em 2017, com o congelamento de contas de exchanges. Desde que surgiu, o risco de regulação é inerente as criptomoedas, mas discussão vem se tornando mais recorrente com a maior utilização dessa categoria de ativo, que já totalizou uma capitalização de US$ 2,13t.

Ibovespa (-6,57%)

Ibovespa apresentou queda de -6,57% no mês de setembro. Desde a máxima do ano, em junho, o índice acumula uma queda superior a 15%. Problemas no mercado imobiliário chinês, crise energética na Europa e na China, inflação no mundo, problemas nas cadeias produtivas, e as dúvidas sobre a dívida pública nos EUA fizeram de setembro um mês bastante complicado para o investidor de ações. A lentidão no andamento das pautas econômicas no Brasil e falta de compromisso fiscal também corroboram para esse movimento.

Banco Inter (BIDI11/BIDI4), Via (VIIA3), Americanas (AMER3) e Magalu (MGLU3), pelo segundo mês seguido, foram as principais contribuições negativas no mês. Varejistas foram influenciados, mais uma vez, pelas fortes movimentações no mercado de juros no Brasil, que trouxe impacto tanto para a parte curta da curva, quando a parte longa. Além disso, a surpresa da inflação deixa o cenário ainda mais complexo. Do lado positivo, os frigoríficos (MRFG3, BEEF3, JBSS3 e BRFS3) foram as principais contribuições positivas, além da Petrorio (PRIO3) que foi impactada positivamente pela alta dos preços do petróleo nos mercados internacionais.

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