Avaliação dos resultados
Quando olhamos para as empresas de tecnologia, por apresentarem um modelo de negócio inovador e de crescimento exponencial, gostamos de observar dois grandes pilares no curto e médio prazo: crescimento e engajamento da base de clientes e adoção dos novos produtos e serviços. Para o longo prazo, gostamos de enxergar o que chamamos de “virada de chave”, em que a empresa consegue rentabilizar a base de clientes e passar a gerar cada vez mais lucro. A visão do CEO da Méliuz, Israel, é a mesma. No próprio documento de resultados divulgado, o CEO afirmou o compromisso com o crescimento do time, mantendo a cultura da inovação e sempre buscando engajar e gerar valor para o cliente
O que acontece com Méliuz é justamente essa percepção dos grandes pilares. Apresentou crescimento de 87% a/a em contas abertas, com usuários ativos alcançando 8,8 milhões (265% a/a). No seu pilar de serviços “Shopping”, o GMV alcançou R$1,1bi (128% a/a) e superou nossas estimativas de R$970mi para o 2T. Os novos serviços desse pilar, que ajudam a engajar a base de usuários, como o Méliuz Nota Fiscal e Gift Cards e Recarga de Celular, também tiveram uma performance positiva. As ofertas ativas usando a Nota Fiscal aumentaram em 9x desde o lançamento do produto, enquanto a média de compra de gift cards e recargas saiu de 2,1 para 3,7 e 1.5 para 2,3, respectivamente.
Apontamos também o crescimento dos serviços financeiros, com recorde de cartões solicitados batendo 1.5 milhões no semestre (em linha com nossas estimativas). O TPV (Volume Total de Pagamentos) superou nossas estimativas, alcançando R$763mi (nossa estimativa era de R$728mi).
A receita líquida da Méliuz fechou o trimestre em R$54,5mi, sendo 8 milhões da parte internacional (operação Picodi) e 47 milhões do marketplace Brasil. Nossas estimativas para o trimestre beiravam a casa dos R$52mi de receita líquida para a companhia.
Mas e o aumento das despesas, isso preocupa?
Essa é uma pergunta que todo mundo faz e a resposta é: depende! O aumento das despesas no curto prazo deve vir acompanhado de uma justificativa plausível para ser considerada “normal”. As despesas operacionais foram de R$62,5mi no 2T21 (no semestre anterior, as despesas totalizaram R$47,4mi).
Apesar de superiores às nossas expectativas, o crescimento da base de usuários ativos, do GMV (volume bruto de mercadorias) e das linhas de produto, também foram superiores às estimativas feitas internamente. Portanto, não vemos esse aumento como ruim e ressaltamos o que gostamos de olhar no curto prazo: aumento da base de clientes, aumento do engajamento e utilização dos produtos e serviços. O EBITDA ajustado, desconsiderando efeitos extraordinários, ficou negativo, em R$2,4mi dado esse aumento de despesas mencionado acima. O prejuízo no período ficou em R$4,6mi.
Novidades para 2022!
Já era esperado que a Méliuz continuasse a apresentar novos produtos e serviços ao longo dos anos, mas conseguimos um spoiler do que acontecerá no início do próximo ano: lançamento do novo App Méliuz, já englobando toda a parte dos serviços financeiros dentro do app, tornando a experiência de compras do usuário e cliente Méliuz (lembrando, são mais de 8 milhões de usuários ativos) ainda mais completa. Além disso, teremos o lançamento do novo Cartão Méliuz – dessa vez com features como cartão digital, cartão de crédito e débito, bem como o pré-pago.
Nossa tese é que isso não para por aí. Enquanto a cultura de inovação permanecer, nossa tese de investimento em Méliuz continua a mesma: uma boa empresa de tecnologia, com uma ótima gestão de empreendedores, buscando inovar cada vez mais.
O que podemos esperar das taxas de crescimento para os próximos anos?
No início da nossa cobertura, estávamos no auge do crescimento do e-commerce. Com os efeitos de lockdown pelo país e pelo mundo, as empresas se viram necessitadas a se digitalizar e seus clientes passaram a consumir mais online. Felizmente, Méliuz foi positivamente impactada por isso e conseguiu escalar seu modelo de negócio. O crescimento foi robusto, mas deve dar uma desacelerada ao longo dos próximos anos. Não seria possível manter a mesma taxa de crescimento para o pós pandemia.
Em contrapartida, acreditamos que os novos serviços e a criação de um ecossistema mais robusto para auxiliar o cliente na sua jornada de shopping e engajá-lo, como, por exemplo, a maior gama de serviços financeiros, manterá os níveis de clientes ativos cada vez mais alto, dado o maior engajamento e retenção.
Novo preço-alvo
Considerando os pontos acima, reajustamos nosso preço-alvo. No início da cobertura tínhamos R$55,00 de preço-alvo, nosso novo preço está em R$72,00. Esse preço apresenta um upside de cerca de 50%, com base no preço de Méliuz hoje (16/08/2021).
Pontos positivos
- Aumento no número de contas abertas e usuários ativos (mostra a capacidade da empresa em atrair e reter usuários)
- Crescimento do GMV e TPV, mostrando o aumento nas duas principais linhas da Méliuz: marketplace e serviços financeiros
- Contratação de time, direcionando esforços para tecnologia.
- Boa avaliação dos funcionários – sabemos que a mão de obra é fator importante para esse tipo de empresa. Uma boa avaliação dos funcionários mitiga o risco de concorrentes contratarem a mão de obra da Méliuz.
Pontos negativos
- Apesar de não nos preocupar no curto e médio prazo, entendemos que um prejuízo pode assustar parte dos investidores do mercado. A Méliuz reportou prejuízo após trimestres anteriores de lucro.
- Acompanharemos de perto a evolução do crescimento das despesas. O ponto de atenção é que as despesas não cresçam fora do controle, por isso devemos ficar atentos.