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Publicado em 02 de Agosto às 22:21:07

Os Melhores e piores investimentos de julho em renda variável

melhores e piores investimentos de julho

Bitcoin (+22,5%)

Após 3 meses de ressaca, o bitcoin voltou ao topo do ranking de ativos que mais valorizaram no mês. Em julho, a criptomoeda subiu 22,5% ante o real, mais de US$ 39.500 por unidade. Uma das razões foi a divulgação de resultado da Tesla, em que a companhia mostrou que ainda possui seu investimento na cripto. Vale ressaltar que dentre os motivos para a queda de quase 40% em maio estava o medo de que a Tesla pudesse ter desinvestido do bitcoin. Outro combustível para a valorização no último mês foi o boato de que a Amazon pudesse estar interessada em adotar criptomoedas como meio de pagamento, o que foi posteriormente desmentido pela empresa.

No longo prazo, também existem gatilhos que podem explicar a alta. Após a represália chinesa à mineração, o gasto energético da atividade, estimado pela Universidade de Cambridge, caiu quase 40%, mitigando o discurso do excessivo impacto ambiental do bitcoin. Além disso, a concentração da mineração, que antes era de cerca de 54% na China, reduziu para 46%, o que aumenta a segurança da rede por desconcentrar a atividade responsável por validar as transações. Ademais, o aumento de restrições à exchanges fez com que algumas reduzissem o grau de alavancagem permitida, o que diminui a volatilidade do ativo, auxiliando a tese de que o bitcoin possa ser adotado como reserva de valor.

Ouro (+8,19%)

A performance do ouro chegou a surpreender o mercado dado que durante os últimos meses o metal não vinha desempenhando uma performance tão oscilante e com desempenho discreto. Um mês atrás, em junho, o ouro fechou com desvalorização de 11,08%  O desempenho também é negativo no ano, com queda acumulada de 6,65%.

No entanto, também nos últimos meses, os dados de produção industrial nos EUA (PMI) mostraram que o país seguiu crescendo, porém com crescimento abaixo das expectativas do mercado. A Inflação, devido a uma série de eventos que vem impactando toda a cadeia produtiva, veio acima do que era projetado para o período. Com isso, o mercado vem esperando uma posição mais defensiva por parte do FED para manter as taxas de juros reais positivas, o que de fato ainda não aconteceu. O FED optou por não subir as taxa de juros nominais americanas e isso fez com que as taxas de juros reais nos EUA acentuassem suas quedas no mês de julho, até atingirem níveis negativos, os mais baixos desde fevereiro de 2021.

Os chamados ativos livres de risco, tanto o US Treasury Bond 10 Anos, quanto os papéis indexados a inflação (US GT10 anos) uma vez que se tornam pouco atrativos (com níveis negativos) passam a gerar um movimento de migração por parte dos investidores para outros ativos considerados como reserva de valor, no caso, o ouro. Em suma, quem estava descontente com a performance desses títulos de renda fixa, passam a alocar dinheiro para o ouro, como forma de proteção ao patrimônio.

Dólar (+4,74%)

Após ter rompido o nível de R$ 4,90/US$ 1,00 dólar no final de junho, vindo de níveis próximos a R$ 6,00 nos meses anteriores, a taxa de câmbio no mês de julho mostrou volatilidade, com variação no intervalo entre R$ 5,100 e R$ 5,260 por dólar e fechou o mês em R$ 5,121/US$ 1,00.

Esta volatilidade decorre de dois fatores, um externo e outro interno, que dominaram o cenário ao longo do mês de julho, e deverão continuar a afetar o câmbio nos próximos meses. No cenário internacional, o comportamento da taxa de inflação nos Estados Unidos foi o fator determinante. O índice de preços dos gastos com consumo (PCE), o principal indicador da taxa de inflação no país, mostrou aceleração, com variação de 0,5% no mês de junho. O núcleo do índice, que exclui preços de energia e alimentos, variou 0,4% no mês. Em doze meses o índice atingiu 4,0% e o núcleo 3,5%, bem acima da meta para a inflação do Fed (o banco central americano) que é de 2,0% ao ano.

A questão é o que está gerando esta aceleração inflacionária. Alguns diretores e o Presidente do Fed têm adotado publicamente a posição de que esta aceleração se deve a fatores temporários, decorrentes da interrupção de cadeias produtivas, falta de insumos, resultado da paralisação da atividade durante a pandemia, enfim, a fatores do lado da oferta, que serão resolvidos normalmente quando a atividade se normalizar.

Entretanto, outros diretores avaliam que a aceleração se deve a fatores relacionados ao excesso de demanda, como falta de trabalhadores para determinadas ocupações, pressão sobre salários, uma consequência dos elevados níveis de liquidez injetados no mercado financeiro pelas compras de ativos financeiros pelo Fed e pelas taxas de juros excessivamente baixas, próximas a zero. Se este for o cenário correto, a discussão sobre a redução dos estímulos monetários, com diminuição da compra de ativos financeiros no mercado, deveria ser iniciada o mais rápido possível, antecipando o processo de normalização da política monetária, para evitar perda de controle sobre as expectativas para a inflação.

Fundos Imobiliários (+2,51)

O otimismo causado pela remoção dos fundos imobiliários da proposta de reforma tributária tomou conta do mercado no último mês, com o IFIX fechando em alta de 2,51%. Outra notícia positiva foi o avanço da vacinação no país, com possível redução das medidas restritivas, contribuindo para o aumento do horário de funcionamento do comércio e para volta iminente das pessoas aos escritórios.

Apesar das notícias positivas, o IPCA-15 de julho foi o mais alto da série histórica desde 2004, pressionado principalmente pelo segmento de serviços, com isso espera-se que o Copom adote um tom mais duro de combate à inflação na próxima reunião, onde esperamos aumente de 1p.p. na Selic, podendo deixar em aberto um novo aumento de mesma magnitude na próxima reunião, pressionando ainda mais os preços dos FIIs.

Ibovespa (-3,94%)

Em julho, o principal índice do mercado brasileiro, Ibovespa, fechou em baixa de -3,94% aos 121.801, que representa uma queda de quase 5 mil pontos. Do lado negativo, contribuíram para a queda do índice o fraco desempenho das ações da Petrobras, Vale, B3, Americanas e Via Varejo. Houve contribuição positiva por parte das ações da JBS, Weg, Itaú, BR Distribuidora e Cosan.

Em suma, o Ibovespa foi impactado sob a ótica internacional pelos eventos na China: desaceleração econômica, problemas no mercado de crédito e aumento da intervenção regulatória em alguns setores. Nos EUA, a temporada de balanços, apesar de no geral ser positiva, tem sinalizado ao mercado que poderemos conviver com mais inflação e menos crescimento neste próximo semestre. Internamente, o índice acabou sendo penalizado por ruídos políticos sobre o teto dos gastos, andamento da agenda de reformas e a expectativa de uma elevação da taxa de juros maior do que a prevista anteriormente.

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