Os resultados referentes ao 2º trimestre de 2023 evidenciaram que a conjuntura atual é desafiadora tanto para as empresas locais quanto para as exportadoras. No entanto, a expectativa da queda dos juros sinaliza que há um otimismo de que a situação possa apresentar melhoras no médio prazo.
Situação desafiadora com surpresas negativas
Avaliando os resultados da temporada de balanços referentes ao 2T23, voltamos a ter, em sua maioria, resultados que vieram abaixo das expectativas, com destaque para EBTIDA (50%) e Lucro Líquido (51%). Depois de um primeiro trimestre que de certa maneira foi inspirador, os resultados mais recentes refletem os desafios do cenário econômico local e internacional.
Analisando detalhadamente, vemos que o número de empresas cuja receita líquida superou as estimativas caiu de 21% no primeiro trimestre de 2023 para 20% no segundo trimestre de 2023. A proporção de empresas cujo EBITDA superou as expectativas caiu de 47% para 30% entre os dois trimestres. Similarmente, a proporção das empresas cujo lucro líquido superou as expectativas também diminuiu, de 49% para 35%.
Ao analisarmos os resultados de empresas focadas no mercado interno em comparação às exportadoras, observamos uma queda no desempenho de ambas. No entanto, as empresas com foco doméstico demonstraram certa resiliência, sugerindo que o ambiente global é mais desafiador que o nacional.
As corporações brasileiras têm sido afetadas pelo alto nível de alavancagem financeira. Contudo, diante da perspectiva de queda nas taxas de juros, este fator poderá se tornar um importante catalisador para a melhora dos resultados. Mesmo assim, o cenário permanece com perspectivas negativas e repleto de desafios.
Os resultados do 2º trimestre de 2023 mostraram um aprofundamento da desaceleração econômica quando comparados aos períodos anteriores. O Ibovespa, índice que reflete o desempenho médio das ações mais negociadas na bolsa brasileira, registrou um declínio considerável no Lucro por Ação (LPA). O LPA apresentou uma retração de 51,14% em relação ao mesmo período do ano anterior e uma queda de 23,04% comparado ao 1º trimestre de 2023.
Da mesma forma, o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) — que é um importante indicador da saúde operacional das empresas — também enfrentou declínios. Registrou uma queda de 40,84% ano a ano e de 19,56% em relação ao trimestre anterior.
Além disso, a receita, que indica a entrada bruta de valores para a empresa, não foi exceção à tendência negativa. Houve uma diminuição de 9,33% quando comparada ao 2º trimestre de 2022 e uma retração ainda mais acentuada de 23,35% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
Os dados apontam para uma performance econômica mais tímida em 2023 em comparação com períodos anteriores.
Estimativas de lucros futuros do Ibovespa revisadas para cima
Ao projetar o cenário de médio prazo, é possível antever revisões ascendentes nos lucros, sustentadas por um horizonte favorável.
Mesmo diante da perspectiva de redução nas taxas de juros, o panorama no curto prazo permanece instável. O mercado, entretanto, mantém a confiança na resiliência das empresas. Isso é observado mesmo após a divulgação de resultados desanimadores no 2º trimestre de 2023, marcado por uma queda nos lucros e um aumento na alavancagem das empresas.
Cabe destacar que, desde o começo deste ano, houve um incremento de 0,53% nas estimativas de lucros para 2023. Ainda mais expressivo é o ajuste nas projeções para os anos subsequentes: as previsões de lucros para 2024 e 2025 foram revisadas para cima, com elevações de 3,31% e 7,91%, respectivamente.