Considerando o atual cenário mundial do setor de proteína, estimamos que a JBS (JBSS3) e a Marfrig (MRFG3) serão os destaques positivos do 2T21. Os frigoríficos possuem operações focadas no mercado americano (que vive um ótimo momento) e boa exposição e capacidade de exportação para a China, essas características devem contribuir para um excelente resultado trimestral. Para a Minerva (BEEF3), esperamos um aumento em sua receita por conta do seu foco em exportações e diversificação geográfica na América Latina, porém seus altos custos de produção devem impactar sua rentabilidade. Já a BRF (BRFS3) continua sofrendo com a alta pressão de custos e situação financeira adversa. Apesar de uma leve melhora no lado da demanda pelos produtos da empresa, suas margens no trimestre devem continuar pressionadas.
Momento do Setor de Proteínas
A dinâmica de consumo de proteína animal no mundo continua bastante positiva, com a demanda sendo puxada principalmente pela China e pelos EUA. Além disso, o mercado americano também apresenta uma alta disponibilidade de animais, apresentando uma continuação do cenário favorável para quem tem operações no país, que já vinha mostrando forte recuperação desde o segundo semestre de 2020. Acreditamos que essa tendência deve se prevalecer até pelo menos o 1T22 e que o ritmo de consumo chinês só tende a aumentar.
No Brasil, o cenário ainda é desafiador. O preço do gado continua firme acima dos R$ 300/arroba, devido à baixa oferta do animal no país e alta demanda de mercados internacionais (principalmente a Ásia). A falta de boi afeta diretamente o preço da carne bovina, que também continua em forte alta, evidentemente diminuindo a demanda dos brasileiros pelo produto, que ainda não viram a nossa economia recuperar a níveis pré-pandêmicos e, portanto, continuam com um problema de renda.
Expectativa de Resultados
Marfrig (MRFG3): O atual cenário é extremamente favorável para a Marfrig. Seus números sofrerão um leve comprometimento por conta da sua operação no Brasil, dado o cenário mais adverso no país. Contudo, seu principal foco é no mercado americano (historicamente soma cerca de 65% de sua receita total), tanto em produção quanto em vendas. Com a oferta de gado e demanda por carne em alta nos EUA, veremos um crescimento de receita e lucro para a empresa, além de melhorias em suas margens. Acreditamos que a empresa reportará o melhor segundo trimestre de sua história.
JBS (JBSS3): Sem novidades. Mais uma vez a maior empresa de proteínas do mundo deve reportar resultados fortes. Sua diversificação regional e de produtos (operações no mundo inteiro em carne bovina, suína e de frango) permite a JBS dar mais foco onde o ciclo está positivo. Na nossa visão, os principais destaques virão das suas unidades de negócio nos EUA: a Pilgrim´s Pride Corporation (PPC) e a JBS USA Beef, focadas em frango e carne bovina, respectivamente, e contam por 63% de sua receita total. O resultado será parcialmente afetado pelas suas unidades de negócio no Brasil (Seara e JBS Brasil), que devem ver um número resiliente de vendas, porém com rentabilidade mais pressionada.
Minerva (BEEF3): Acreditamos ver crescimento da receita. A Minerva será beneficiada por ter cerca de 70% de sua receita vindo de exportações, com uma demanda externa muito forte e o real (BRL) ainda bastante desvalorizado frente ao dólar (USD). Além disso, a empresa tem operações relevantes no Paraguai, onde o ciclo do gado está em um momento bom. Entretanto, metade de sua produção vem do Brasil, onde o gado está muito caro, o que pressionará as suas margens e o lucro.
BRF (BRFS3): O frigorífico ainda vive um cenário bastante desafiador. Nos últimos meses, observamos uma leve melhoria no cenário para a BRF: com as reaberturas de economias mundiais e a volta do movimento nas ruas, o setor de food service está gradualmente voltando ao normal. Com isso, vemos um leve avanço em termos de vendas, porém, os custos da empresa estão muito altos, com o preço dos grãos (principalmente milho e soja) em máximas históricas e foram ainda mais afetados pelo clima desfavorável no Brasil (muito frio e geadas). A empresa já vinha de um momento difícil e deve continuar vendo suas margens serem pressionadas, conclusivamente afetando seu lucro.