Dando continuidade aos sinais de fraqueza apresentados no 3° trimestre de 2021, acreditamos que os resultados do 4° trimestre devem ser marcados por uma manutenção dos volumes mas com margens ainda pressionadas. O problema das cadeias produtivas ainda deve estar presente e, quando olhamos para questões internas, acreditamos que os impactos de uma taxa de juros mais alta (Selic) afetarão os resultados financeiros das companhias. Setores mais sensíveis aos juros devem apresentar resultados mais francos, enquanto empresas exportadoras devem ainda apresentar bons resultados e boa geração de caixa por conta dos preços ainda elevados e demanda constante.
Elétrico: Geradoras (Engie e AES Brasil por exemplo) devem ser impactadas positivamente por uma melhora na crise hídrica dado o forte volume de chuvas que atingiram todo o país, com exceção do sul. CESP deve apresentar bons resultado, com incorporação pelo Votorantim. Distribuidores ainda seguem com resultados pressionados pela situação econômica e pelo alto custo da energia no país. Esperamos que as transmissoras anunciem dividendos ao longo deste ano influenciados pelos resultados resilientes alcançados durante 2021.
Industria: Trimestre sazonalmente mais fraco, porém com manutenção em patamar elevado dos níveis de produção e dos volumes de venda, em que a demanda por produtos, serviços e logística ligados ao agronegócio se mantiveram fortes. No final do ano houve uma desaceleração impactada pela ômicron com impactos no aumento dos custos, mas sem afetar a capacidade ociosa. Assim como no 3T, margens seguem pressionadas, influenciada principalmente pelos custos de energia ainda em patamares elevados. Alavancagem do setor trouxe impacto pela alta dos juros, com a Randon sendo a mais prejudicada.
Telecom: Custos tendem a sentir um impacto da situação macroeconômica, mas ainda possibilitando ganhos de margem EBITDA frente ao trimestre passado. Setor ainda possui para 2022 pendências relacionadas ao leilão do 5G, desde o pagamento das outorgas até o cumprimento de suas obrigações. Além disso, há o caso da venda dos ativos móveis da Oi, que se encontra sob análise do Cade e que as próprias empresas esperam que o negócio tenha seu veredito entre o fim do 1T22 e o começo do 2T22. Esperamos uma menor distribuição de dividendos por conta das necessidades de investimento feitas no ano passado.
Varejo: Sem grandes impactos por conta do aumento da mobilidade social, o setor que levava com sigo as expectativas de uma melhora nas vendas do final de ano (Black Friday e Natal) sentiu a alta da Selic e as pressões inflacionárias que acabaram deixando o brasileiro mais seletivo na hora das compras. E-commerce foi capaz de manter seu nível de vendas, o que não foi visto da mesma maneira nas lojas físicas. Assim, esperamos margens sendo ainda pressionadas. Com estoques altos, deveremos ver o ritmo de compras por essas empresas em ritmo reduzido, o que poderia contribuir para um resultado menos volátil nos próximos trimestres. Varejo vestuário: ao que tudo indica, principalmente por conta dos serviços, o setor de vestuário teve uma boa performance em relação ao demais setores, principalmente com as vendas de fim de ano. Varejo farmacêutico: no geral, as farmácias também devem apresentar um bom resultado com destaque para os testes de Covid-19 que ganharam fôlego com os surtos no final do ano.
Bancos: Reprecificação das carteiras com a alta da Selic e melhora do mix devem contribuir com margem com clientes. Do lado negativo, as margens com mercado devem ser mais fracas e despesas com pessoal devem estar mais pressionadas com dissídio de bancários. O Bradesco segue sendo nosso banco preferido, tendo em vista o maior provisionamento, índice de capital e perspectiva de continuidade de recuperação da seguradora. Sem muitas surpresas, o Itaú e Santander devem continuar com bons resultados, mas com maiores provisões em função dos índices de cobertura inferiores. Banco do Brasil deve entregar um resultado acima das expectativas com continuidade da contribuição de Previ e menos provisões t/t.
Seguradoras: O segmento de seguro saúde segue pressionado por procedimentos médicos eletivos represados durante a pandemia. Em vida, esperamos que sinistralidade se recupere mais rapidamente. Já no seguro auto, esperamos que o segmento permaneça sob pressão pela elevação da tabela FIP. A SulAmérica deve ter um resultado ainda pressionado, com os sinistros de saúde podendo se estender para o 1T21 com a ômicron. Para Porto Seguro, o repasse do aumento da tabela FIP deve arrefecer a sinistralidade somente a partir de 2022 e esperamos um 4T21 ainda pressionado. No acumulado do 4T21 (outubro e novembro) o IRB já acumula R$ 200m de prejuízo e esperamos que a cauda de apólices descontinuadas mantenham o acumulado do 4T no prejuízo, possivelmente impactando os resultados de 2022 e gerando a necessidade de um novo aumento de capital. BB Seguridade deve ter um bom resultado no 4T21 com uma melhora na sinistralidade na Brasil Seg (seguros) e fechamento do descasamento de ativos e passivos na Brasil Prev (previdência) devem contribuir com o resultado. Para 2022, a elevação da Selic média de 4,39% em 2021 para 11,13% em 2022 deve contribuir com o resultado financeiro das seguradoras. Estamos mais otimistas com Porto e BB Seguridade para 2022.
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