Toda história tem 2 lados
Simplesmente falando, gostamos do resultado, mas ele não veio sem seus jabutis. Reportando um aumento recorde a/a de R$ 4 bilhões no GMV (volume bruto de vendas), com 65% do valor advindo de vendas online, a Via reforça o sucesso de seu processo de reestruturação e transformação digital. Destacamos também a performance do marketplace. Iniciando o ano com 10k sellers, a companhia encerrou o semestre superando a marca dos 70k. Entretanto, ainda destacamos a piora de suas margens operacionais. Pressionado por uma forte base de comparação, bem como o fechamento de 57% de suas lojas físicas em abril, a Via apresentou uma queda de 12,6 % a/a do seu EBITDA, além da redução de 4,3 p.p na margem.
Confira um vídeo rápido sobre o balanço.
Análise do resultado
O destaque positivo certamente fica para a receita. Com o GMV reportado de R$ 11,4 bilhões, implicando em uma valorização a/a de 51%, a companhia quase dobrou o forte crescimento registrado no 1T21 (+27%). Ainda mais, 65% deste GMV foi de vendas digitais, totalizando cerca de R$ 7,5b, e mostrando ao mercado mais uma vez sua robusta transformação digital. Reforçando ainda este crescimento, observamos o ganho de market share de 8,0 p.p desde o 1T20. Destacamos também a boa performance em soluções financeiras através do banQi, banco digital da Via. Registrando um crescimento de 40% e 23% a/a no número de clientes totais e de clientes ativos, a maior oferta de soluções financeiras deverá alimentar o ecossistema Via, reduzindo o custo de transação e aumentando a recorrência, fidelização e LTV (Lifetime Value). Quando nos referimos aos jabutis, observamos a queda do EBITDA de 12,6% a/a, pressionada principalmente por uma menor alavancagem operacional devido ao fechamento das lojas físicas. Entretanto, se descontarmos os efeitos não recorrentes do 2T20, chegamos a uma margem EBITDA de 6,0%, levemente inferior à margem de 6,2% reportado neste trimestre. Por último, destacamos o EBT (Lucro antes dos impostos) de -R$ 88m. Entretanto, a companhia usufrui de incentivo de subvenção, bem como um saldo de impostos diferidos a receber, que levaram o seu lucro líquido a R$ 132m, um aumento de 103% comparado ao mesmo período em 2020.
Ovo de Ouro
Em nossa visão, o destaque do trimestre ficou para o seu marketplace. Após o destravamento do processo de onbording de sellers, aumento do sortimento, maior amplitude de categorias e a nova estratégia comercial, a Via passou de 10k vendedores no início do ano para 70k, alcançando o valor recorde de GMV de R$ 1,7 bilhão neste trimestre, uma alta de 85% a/a. Ao final de julho, eles ainda atingiram a marca de 30 milhões de SKU´s (Unidade de Manutenção de Estoque) contra os 3 milhões registrados o 2T20. Esse número deve manter o crescimento com a adição de novas categorias e aumento dos sellers registrados na plataforma, implicando ainda mais em sua receita futura.
Ovo não surge sem a galinha
Para sustentar o crescimento do marketplace, a logística é o grande propulsor da estratégia omnicanal da companhia. Entregando já em quase todos os 5568 municípios brasileiros, hoje ela já entrega em 24h em 2500 desses municípios, equivalente a 43% de todos os pedidos. A evolução das entregas em até 3h estão no pipeline para o segundo semestre, sendo que em 65 municípios já realizam a entrega no mesmo dia. Investindo cada vez mais na modalidade, eles ainda reforçam que até o final do ano vão se tornar um hub logístico, oferecendo todo o processo de fulfillment (coleta, armazenagem e entrega) para todos os clientes de sua plataforma, bem como para os sellers que efetuem a venda por outra plataforma, um importante marco em sua evolução.
Pontos Positivos
- Crescimento na receita com aumento de GMV (+51%) e receita (+49,2%) colhendo os frutos da reestruturação e transformação digital.
- Robusto crescimento no 3P (+85% a/a), influenciado pelo aumento de vendedores no marketplace.
- Aumento do NPS tanto nas operações de lojas físicas quanto no e-commerce.
- Expansão das soluções financeiras através do banQi, com o crescimento de 40% e 23% a/a no número de clientes totais e de clientes ativos, respectivamente.
- Expansão da malha logística.
Pontos Negativos
- Queda de EBITDA (12,6%) pressionada pela menor alavancagem operacional devido ao fechamento das lojas físicas.
- Operação física ainda impactada pelo prolongamento da pandemia.